A medida vale para a província da capital, Luanda. O anúncio, feito pelo chefe da comissão eleitoral, Caetano de Sousa, ocorre após reclamações de líderes dos partidos de oposição, num dia de muita confusão, filas e atrasos na votação.

Isaias Samakuva, líder do principal partido de oposição em Angola, havia pedido às autoridades do país que repitam as eleições por causa do atraso generalizado.

"O sistema praticamente entrou em colapso, e temos de fazer alguma coisa para recuperar o processo, disse o líder da Unita (União Nacional pela Independência Total de Angola, ex-grupo rebelde direitista, hoje o maior partido da oposição) após uma reunião com a comissão eleitoral na capital, Luanda.

O líder da FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola), Ngola Kabangu, fez coro com as reclamações, mas disse que era "cedo" para chamar novas eleições. "Em uma palavra, o processo foi extremamente falho", disse

Atrasos e filas
Atrasos e longas filas marcaram a primeira eleição angolana em 16 anos.
Na capital, eleitores e observadores se queixavam da desorganização e da demora. Várias horas depois do previsto, muitas seções permaneciam fechadas, e algumas delas nem mesmo chegaram a abrir.

 Samakuva acusou também o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola, ex-marxista) de ter tido uma vantagem injusta em termos de acesso a dinheiro e mídia durante a campanha.

Angola espera que este pleito sirva de exemplo à África, onde vários países tiveram recentemente votações turbulentas, e comprove a recuperação do país depois de cerca de três décadas de guerra civil, até 2002. Angola se tornou o segundo maior produtor de petróleo da África, mas a maior parte da sua população ainda vive na pobreza.

"Este é um dia de esperança", disse, fazendo graça com seu nome, a enfermeira aposentada Esperança da Glória, de 65 anos, numa fila de votação perto do palácio presidencial em Luanda, reduto do MPLA.

O presidente José Eduardo dos Santos, de 66 anos e no poder desde 1979, votou pela manhã no bairro Cidade Alta da capital, onde fica o palácio presidencial.

Conheça a trajetória de José Eduardo dos Santos

A campanha foi qualificada de tranqüila pelos observadores, que no entanto denunciaram a onipresença do MPLA.

Nas últimas semanas, Santos inaugurou muitas obras em todo o país, devastado por 27 anos de Guerra Civil.

As eleições legislativas representam um teste para Santos, já que a votação presidencial está programada para 2009.

Dois terços dos 16 milhões de angolanos vivem abaixo da linha da pobreza em um país que, no entanto, é rico em diamantes e que desde abril é o maior produtor de petróleo da África, superando a Nigéria.

Fonte: Globo.com