Luanda  - O nosso “ainda” Ministro das Relações Exteriores (“ainda” porque nas hostes do MPLA pondera-se ou diga-se mesmo tem já um “felizardo” para o seu lugar depois das eleições previstas para Setembro próximo), parece mesmo estar decidido em mostrar que:


Fonte: Club-k.net


a) ao longo dos 18 anos como vice-Ministro (1992-2010) acumulou uma sede de poder tão grande que,


b)  agora Ministro há cerca de 2 anos, gostaria de recuperar a oportunidade de dar seu show na arena internacional, oportunidade ofuscada ao longo dos últimos 18 anos.


Que Chicoti sempre viu seus superiores heráquicos no MIREX, com relevância a Venâncio da Silva Moura e João Bernardo de Miranda com os quais ele mais tempo trabalhou, como sendo incompetentes, isso não só é conhecido nos corredores de seu Ministério, mas  assim como de desabafos constantes até antes de ser elevado á chefe da diplomacia angolana.

 

Entretanto, nem mesmo os finados Paulo Teixeira Jorge, por sinal o mais veterano nas sendas da diplomacia clássica (Estado/Estado e Estado/ONU) um verdadeiro diplomata mas não devendo nada a Venâncio de Moura,  terão abusado e recorrido tanto da linguagem musculada como o vem fazendo com frequência o actual titular da pasta. É que até o cego viu e o surdo teve o privilégio ouvir, dos insultos verbais e linguagem musculada e prepotente de Chikoti nas vésperas da eleição do/da Presidente da Comissão Executiva da União Africana. Como que querendo revolucionar a diplomacia angolana e mostrar que seus antecessores supramencionados, meros e passívos diplomatas terão sido.


Entretanto, com tal postura, Chikoti vem prejudicando não só a nossa diplomacia mas também vem envergonhando os angolano, que amanhã terão de pagar a factura de seus excessos. O simples facto de termos petróleo e sermos os detentores dos tão propalados indicadores de crescimento económico, não nos atribui direito nenhum de “enxovalhar” ou espisotear nem mesmo nossos “adversários” numa contenda, no caso concreto o Gabão. Mas sobre isso ainda lá chegaremos mais adiante.


Por enquanto, continuaria com a abordagem retratando a última grande “gafe” da diplomaciá “á la Chikoti”, nomeadamente a transmissão de nosso posicionamento político no concernente á vários assuntos, no caso concreto na questão da Costa do Marfim. É que o homem deu tanta “bandeira” que tenho a certeza, deixarão marcas profundas e dificeis de reparar, caso o “paraquedista” como é chamado nas hostes diplomática do “Kremlin” angolano por não ser membro “de gema” do MPLA, não mudar sua postura nos seus pronunciamentos.

 

O Ministro, revestido do poder do petróleo, como se fóssemos os únicos detentores do tão precioso e valioso líquido no mundo,  vem mostrando falta do domínio da “elementaridade diplomática” que consiste precisamente no poder de transformar a linguagem política (efectiva) em liguagem diplomática (aparente). Porque é importante o diplomata ser dotado desta capacidade? Retomemos novamente á título de exemplo o caso do nosso posicionamento no diferendo Laurent Gbagbo/Alassane Watara. Os recados políticos vindos da Cidade Alta foram não só egocênctricos mas musculados. Jorge Chicote enquanto Ministro e chefe da dioplomacia angolana, teria a responsabilidade de transformar tais recados  explicitos em recados diplomáticos, isto é, expressos em linguagem suave. Por omitir tais principios básicos da diplomacia, Chikoti,  envergonhou-nos á todos por posicionar-se tão leviana e directamente ao lado de Gbagbo numa altura em que as “cartas” já estavam todas jogadas, isto é, a ONU e até mesmo Quai d'Orsay (Ministério françês dos Negócios Estrangeiros) com anuência expressa e directa de Nicolás Sarkozy, haviam dado anuência para a expulsão de do faudulento Gbagbo do palácio presidencial de Abidjan. 

 

Por ter sido tão descarado e desiquilibrado nosso posicionamento (aliás nada de substancial  tinhamos a ganhar ou perder com Gbabó e sua Costa do Marfim), a experimentada diplomacia da UNITA não poupou críticas ao regime de JES, fazendo-o mediante a apresentação  categórica de uma nota de  protesto. Hoje, Gbagbo está por detrás das “grades” em Den Hagen (Holanda) vendo o sol nascer quadrado como se ousa dizer, e Chikoti foi “metido” no seu devido lugar. Que vergonha!


 
Como se não bastasse tanta defraudação á nossa diplomacia, o Ministro Chikoti muito recentemente partiu para mais uma “cavalgada” desta feita tendo como “palco” Addis Abeba, sede tradicional do movimento pana-africanista. Tendo Angola tentando com todos os meios, inclusive financeiros influenciar a SADC para em bloco apoiar  á candidatura de Nkosazana Dlamini Zuma, actual ministra do Interior da República da África do Sul, mais uma vez Chikoti, cometeu erros de “palmatória” fazendo recurso daquilo que ele melhor uso sabe fazer: linguagem musculada e arrogante em todos seus pronunciamentos em prol da sucessão do gabonês Jean Ping ao cargo de Presidente da Comissão Executiva da União Africana. “ A Dra. Zuma é candidata da SADC e como tal sairá vencedora desta votação”, dizia Chikoti em seu estilo pecualiar de victória ás câmaras da TPA em Addis abeba. “. . .E se não ganhar Sr.  Ministro?”, indagava o jornalista Alves Fernandes. “não pôde haver outro resultado”, reforçava o nosso diplomata “maior”.


O tiro sai pela colátra


Postos em Addis Abeba, em vez do habitual voto secreto, a organização levou a cabo um acto de votação aberto, onde cada estado mostrou ser soberano e livre de votar á quem melhor o possa representar e porque não viabilizar seus anseios.


No final da 3. Votação, conforme prevê os Estatutos da UA, nem Jean Ping e nem a cadidata sul-africana, lograram alcançar 2/3 dos 53 votos disponíveis.  “Eliminada” Nkosazana Dlamini Zuma, Jean Ping era o único em consideração num 4. Período de votação, onde 21 países optaram pela abstenção, não alcançando o candidato gabonês que foi foi Ministro em 7 diferentes Ministérios no Gabão, entre eles no Ministério dos Negócios Estrageiros e Cooperação Internacional, os célebres dois terços necessários.

 

Foi assim, que os líderes da Cimeira decidiram, ante a desilusão de Angola, cujo desejo era ver empossado uma espécie de “Presidente de Transição” que não fosse Ping, que o gabonês Jean Ping continuasse á frente da Comissão Executiva até Junho do ano em curso, altura em que haverá uma espécie de Cimeira Extraordinária de chefes de Estado e de governo para nova eleição.


Apesar de Ping não ter aprovado neste primeiro exame ou votação, não deixa de ser mais um fracasso da nossa diplomacia e continuará sê-lo caso não haja mudança de “mentalidade” operativa e interventiva na mesma.

 

O resultado espelha por um lado, que os africanos ainda não se encontraram e por outro lado,  mostra que imposições do estilo dos que vieram de Luanda, já não têm espaço no paradigma político-diplomático actual do continente. A situação do vazio efectivo de liderança na UA poderia piorar, caso Zuma faça um recúo não estratégico abrindo espaço para uma espécie de Primárias dando oportunidade para outros eventuais candidatos provenientes de outras regiões do continente ou mesmo “quebra” de compromisso dentro da SADC, que sózinha, não tem quorum para impôr seu candidato sem apoio de outros blocos, como os da África do Norte, África Ocidental e Oriental e mesmo dos Grandes Lagos.  Por conseguinte e é importante salientar, que o candidato da SADC não goza do apoio explícito de Moçambique, que gostaria de ver Chissano ou mesmo da própria Àfrica do Sul com Tambo Mbeki. Só mesmo com muita má fé e astúcia dos principais actores nos corredores da UA em Addis Abeba, poderão afastar o experiente e influente Ping, da actual Presidência da Comissão Executiva da UA, herdeira da OUA fundada em 1963 tendo Hailé Selassie, imperador etíope, como seu Presidente fundador.


É preciso ter peito para tanta “gafe”

 

Nem sequer conseguimos eleger a Dra. Zuma para Presidente da Comissão Executiva da UA já o “camarada” Chikoti fez outra “descoberta”, desta feita a LUSOFONIA.


 “O ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chicoti, prognosticou que nos próximos cinco anos o português poderá tornar-se numa língua de trabalho junto da Nações Unidas. Georges Chicoti fez tal vaticínio segunda-feira, em Lisboa, no final da VII reunião do Conselho de Ministros da CPLP, que teve lugar na nova sede da organização”. (ANGOP)


Pelo menos que fossem os portugueses a trazer tal desejo á ribalta, que até, diga-se de passagem não são dados em línguas estrangeiras. Prova disso é  solicitar ajuda a um cidadão português seja em Coimbra, Porto, Lisboa ou Algarve, utilizando o inglês para não falarmos do françês.

 

De 100, talvés um português lhe poderia ajudar. O nosso Ministro deveria pelo menos ter a humildade de consultar os relatórios dos Institutos Camões espalhados por alguns poucos países da América Central e do Sul, Estados Unidos e Canadá, para então concertar com seu colega e homólogo português e dar a este a “honra”, se assim poderei considerá-lo, ao invés de “se espalhar” e espalhar-nos á todos. Ainda sobre a lingua que Chicote pretende que venha ser língua de trabalho, nem sequer o país que o Sr. Chikoti vem representando pelo mundo fora o tem rubricado, como ousa fazer tamanho e infundado anúncio. Considero eu, termos mais que fazer á nível da política e diplomacia do que nos apoiarmos em “muletas” em si já mancas, como é o dossier da internacionalização da língua portuguesa que afinal, tem seus digníssimos defensores e representantes, pois nós somos apenas falantes e não passamos mesmo disso.


Embora tenhámos em nossa posse, a Presidência , por sinal rotativa (nada de extraordinário), da SADC, não implica que se nos outorgou o direito de viabilizar ou propôr A, B ou C para qualquer que seja o cargo nas instituíções africanas mesmo tratando-se de pessoas que não reúnam condições para o efeito, como pretendem fazer crer alguns “analistas” ou comentaristas políticos. Não queremos “Suzanas Ingleses” em instituíções africanas.


*Analista/Consultor Político