Com muita maturidade e grande capacidade de discernimento do principal e do acessório, os angolanos mostraram uma predisposição fora do comum, para agirem em conjunto e trabalharem para o engrandecimento do seu país. Mas também aceitam desafios.

José Eduardo dos Santos disse-o claramente durante a campanha eleitoral, na cidade do Uíje. Os nossos cidadãos exprimiram-no quando foi necessário defender a Pátria, disseram-no durante o registo eleitoral (já internacionalmente reconhecido como exemplar) e voltaram a reafirmá-lo, com a participação estrondosa no acto eleitoral do passado dia 5 de Setembro.

Seria demasiada coincidência se esta atitude dos angolanos, que reconhece o que joga bem e penaliza o infractor, não fosse expressa nas urnas. Aguardemos pelos resultados, mas não nos iludamos. Durante toda a preparação do processo eleitoral, os mesmos que hoje mancham a votação foram criando problemas. Desde a preparação das condições para as eleições, a oposição do “bloco da mudança”, reunida à volta do partido do “Galo Negro”, não fez outra coisa senão lançar o descrédito, de forma antidemocrática, sobre as instituições nacionais encarregadas do processo. A acção do “bloco” não é, portanto, de agora, e estendeu-se além-fronteiras. Os efeitos estão a vir à tona, com as campanhas de descredibilização do acto eleitoral.

É, portanto, natural, que estando, desde a partida, o processo eleitoral rodeado de detractores, estes voltassem a revelar-se neste momento. Não podia ser de outro modo. Só quem soube destruir, e nunca construiu nada de jeito, pode pretender que uma operação de tão grande dimensão, como foram estas primeiras eleições depois da guerra, se desenrolassem sem problemas.

 Temos, aliás, todos de nos congratular, pelo facto de terem sido apenas questões logísticas colocar-se. Muito boa gente aventava a possibilidade de outro tipo de problemas, nomeadamente de segurança, que não vieram a verificar-se.

Depois de tanto alarido, designadamente à volta da “intolerância política”, nenhuma queixa foi apontado neste sentido. Para se conhecer Angola é preciso conhecer o sentir dos angolanos. Depois de tantos anos de guerra e sofrimento, os angolanos habituaram-se a obter os seus sucessos com muito sacrifício, não vacilando perante as dificuldades.

Apenas quem não viveu as adversidades por que passou o povo angolano, nem sabe o que isso significa, pode assustar-se com os primeiros obstáculos que surgem pela frente.Sejam quais forem os resultados das eleições, os angolanos estão de parabéns. O partido proclamado vencedor tem todas as razões para festejar. Quem ganhou foi Angola. 

Fonte: Jornal de Angola