Luanda - Eduardo Magalhães, o administrador para a área de Informação da Rádio Nacional de Angola, está a criar sérios problemas ao MPLA que, há sensivelmente três anos, o condecorou com uma medalha de honra pelos seus préstimos às causas partidárias.


* Carlos Duarte
Fonte: Makaangola.org


No seu afã de mostrar serviço ao MPLA, Eduardo Magalhães decidiu, unilateralmente, afastar as locutoras Guida Paula e Bela Malaquias da apresentação dos principais jornais noticiosos das 13:00 e 20:00 horas. Essas jornalistas faziam parte do selecto grupo de apresentadores há já muitos anos e nem sequer foram oficialmente notificadas da decisão, segundo apurou o Maka Angola.


O administrador Eduardo Magalhães argumentou junto dos seus colegas que a sua decisão era exclusivamente razões de ordem profissional. Mas, fontes familiarizadas com o assunto asseguraram ao Maka Angola que o motivo de fundo tem a ver com o facto de ambas serem “provenientes” da UNITA. O termo “proveniente” é usado amiúde nas instituições do Estado para distinguir os quadros oriundos da UNITA e incorporados, na função pública ou nas Forças Armadas Angolana (FAA).

 

No caso de Bela Malaquias, a sua situação na RNA tornou-se complicada com o recente protagonismo do seu marido, o general Eugénio Manuvakola, nas fileiras da UNITA, após o congresso de Dezembro último, realizado em Viana, arredores de Luanda. O renascimento político de Eugénio Manuvakola, o homem que, em 1998, criou a UNITA Renovada, como facção ao movimento então liderado por Jonas Savimbi, tem afectado o seu lar. A jornalista e apresentadora Bela Malaquias exerce também as funções de administradora da RNA, como membro do seu Conselho de Administração. Viu-lhe serem retirados importantes pelouros como a Realização (área de coordenação dos programas não noticiosos) e outras competências, ficando somente com as Línguas Internacionais e o Canal Internacional, que emite apenas quatro horas diárias.

 

Incomodadas pela exclusão, que consideraram arbitrária e eivada de razões politicas, ambas jornalistas manifestaram o seu desabafo nos corredores da RNA, para quem as quisesse ouvir. Atribuíam as arbitraridades de Eduardo Magalhães a razões de ordem política, por serem provenientes da UNITA. As radialistas chegaram a abordar o Presidente do Conselho de Administração da RNA, Pedro Cabral, de quem Bela Malaquias foi colega de carteira no curso de Direito da Universidade Agostinho Neto. Homem de trato fino e “catador” de consensos, Pedro Cabral ordenou a reposição das vozes de Bela Malaquias e Guida Paulo nos principais serviços noticiosos do Canal A, pela competência que lhes reconhece. Durante os anos de guerra, as duas jornalistas serviram, com denodo, a rádio Voz da Resistência do Galo Negro (VORGAN).


Por sua vez, Eduardo Magalhães foi um dos mais destacados servidores do General Fernando Garcia Miala, ao tempo em que este era o todo poderoso patrão dos serviços de inteligência.