A culpa é de todos, sem exceção
No meio de tantos espíritos malignos e furiosos, quem estará disposto a buscar soluções que recompense o esforço humano executado ao longo desses seis anos? Quando se sabe que os promovedores desse esforço ou missão que deve ser cumprida com eficiência, é na verdade o objetivo principal a ser abatido, a ser descredenciado, enfim. É o grau de sua competência na hora da execução do processo que mostrará o quão justo foram essas eleições.
O Governo, o Estado Angolano foi empurrado e pressionado por agentes externos e internos a elaborar um processo eleitoral que no mínimo precisaria de oito ou talvez de dez anos para ser preparado, desde que o barulho das armas em Angola foram silenciadas. Assim, fez-se a vontade de toda essa gente. Conseqüência, passou-se a carroça em frente dos bois. Em nossa opinião antes de se elaborar esse tipo de empreitada (eleições) deveria executar-se, usando os procedimentos mais moderno, um censo populacional, coisa que não se fez.
Moral da história, ao longo desses anos a população aumentou, e possivelmente não se teve em conta essa novo aumento ( ou carga). A sociedade angolana, o governo, o estado e até os próprios partidos de oposição não estavam preparados para organizar dito evento. Mas a cobiça pelo poder, a maldade dos agentes políticos que compõem a sociedade angolana empurrou o Estado e o Governo a executar algo que estava fora de seu alcance, pelo tempo e pelos anos do período pós-guerra em que nos encontramos.
Agora, as conseqüências são essas que todos viram aí. Não adianta dizer que a culpa e a responsabilidade é, simplesmente, do Governo e o Estado. A culpa é de todos, sem exceção, incluindo dessa maldita comunidade internacional, que se caracterizou em apoiar e respaldar todo tipo de atitude que ajudem a penalizar cada vez mais a vida do cidadão terceiro mundista. Não adianta culpar o ministro, não adianta culpar o Presidente da República, a culpa também é de quem tem cede pelo poder, e não conseguiu enxergar que entre as verdadeiras necessidades desse povo está a organização.
Como angolano que sou, posso dizer, e tenho autoridade para isso. Somos uma sociedade totalmente desorganizada, vinda da guerra, tentando sair da miséria. Uma sociedade humilhada e desprezada, e diga-se, não por aqueles que estão no poder, como nos últimos seis anos se pois em moda com denúncias que viam de onde menos deveriam vir; somos humilhados pelo jogo de interesses que existem, sempre, em exigir satisfações das nações consideradas como a periferia dessa ordem mundial imperante e de preferência com o olhar de onças famintas de alguns agentes internos.
Em vista a isso tudo, a maldade humana, a má fé, os espíritos inconformados ( e malignos) não se limitarão simplesmente em dizer que houve desorganização. Desorganização será o cafezinho com leite da pendenga, desse conflito eterno e silvestre que não termina nunca. Desse conflito de acusações e suspeitas que no passado foi motivo de violência assustadora.
Dizer que houve fraude, não será uma novidade escutarmos esse tipo de acusação. É o que se espera da turma dos aflitos; vão roncar, rugir, esbravejar do jeito mais irracional possível, com provas ou sem provas. Até parece que desordem constitui uma condição necessária e suficiente para um ato fraudulento. Mas que argumento dar a essa gente, que a pesar das falhas de ordem, não houve fraude. Se o que se esperava e desejava, para os mesmo, é esse tipo de falha, inevitável para uma sociedade como a nossa.
* Nelo de Carvalho
Fonte: WWW.a-patria.net