Brasil  - Todos têm direito de lutar pelo poder. E não é ambição ou oportunismo, é direito e obrigação diante das circunstâncias sem saída em que o poder reunido na força de um povo e na capacidade desse de dar legitimidade tornou-se um atributo individual para certas divindades.


Fonte: blogdonelodecarvalho.blogspot.com


Numa possível eleição onde Abel Chivucuvucu fosse o vitorioso, a síntese seria a troca do roto pelo rasgado. Mas ainda assim valeria a pena. A política angolana precisa sair da mesmice e da bipolaridade que aterroriza a vida dos angolanos; de um lado a UNITA, que nunca se adaptou aos novos tempos e com suas eternas promessas de vinganças; do outro os corruptos do MPLA que acreditam que o país deve girar em volta deles.

 

Tanto aqueles quanto estes tornaram a CASA em que vivemos um lar que nos dá direito a defender aquela tese no início do texto. Assim, não existe oportunismo, não existe deserção ou supostas ofensas a princípios que já ninguém defende e nem existem. E mesmo que houvesse! A política Angolana nunca se fez, mesmo, de moralidade, sempre oscilou entre traidores e assassinos de todas as espécies dispostas a nunca dividirem o poder e muito menos distribuírem riquezas. A política Angolana, como toda a moralidade em que a mesma se sustenta, sempre esteve e está nas mãos dos mentirosos.

 

Talvez com a CASA, chegou a hora de se dar ares novo a tudo que está aí e injetar sangue novo, ainda que seja por transfusão, já que de novo, o “Nosso Novo Líder” não tem nada.

É preciso entender que a Luta que se deve travar agora não é só pela simples tomada do poder de quem está na oposição. Essa deverá projetar sua visão num programa de longo prazo, em que o início deverá consistir na diminuição do poder que tem o MPLA no Parlamento e na expulsão do corrupto José Eduardo dos Santos no cargo que ocupa.

 


Eu, pessoalmente, não acredito que o MPLA perderá as próximas eleições. Mas um susto no parlamento para esse partido é possível. Quem sabe, tendo menos de 50% naquela casa fará do mesmo mais um entre todos, sem o poder que lhe proporciona tanta hegemonia, tornando o mesmo o dono de tudo o que há em nossas Terras.

 

Diminuir o poder abrangente do MPLA, ou em qualquer sentido que o mesmo tenha, constitui uma necessidade vital para a construção de uma democracia sem vícios e que acarretam sempre as suspeitas de todos os tipos nos Atos e Fatos da Administração Pública. Que no fundo-no-fundo é isso o que interessa já que governar bem é o conjunto das transparências daqueles e estes dois entes ( Atos e Fatos). É só vermos o exemplo da suposta Magistrada, Suzana Inglês, é um vício provocado por gente prepotente, arrogante e sem limite. É um vício provocado por gente que acredita e se convenceu que a democracia passa pelos pés dos mesmos, já não é pela cabeça ou até pelas mãos. Pisoteiam a mesma com o mesmo sentimento que se tem quando se mata uma barata: nojo e repugnância.

 


Mas para desbancar o MPLA no Parlamento, a CASA, como qualquer outro partido de oposição, precisam ganhar legitimidade. A legitimidade é algo que se constrói no tempo e com fatos, que não podem ser confundidos com o vandalismo, o bandidismo, a falsidade ideológica e toda gama de mentiras que nos habituaram aqueles que estão no poder.

É preciso assumir compromissos e se identificar, socialmente, com aqueles que mais problemas têm: as pessoas abandonadas, humilhadas e injustiçadas. É preciso mostrar a nação que aqueles que estão no poder têm compromisso com uma burguesia que perdeu as suas origens e que já não se identifica com o que há de mais humilde e simples que existe na nossa Angola que em tese é o pobre angolano, na pele do homem negro e da mulher negra. Mesmo quando aqueles (a burguesia), às vezes, se apresentam como o poder negro e angolano numa Angola independente.


A questão aqui é ideológica, e está longe do racismo truculento e fascista que nos habituaram os maninhos da UNITA e até da FNLA. É preciso insistir que racista é esta burguesia que está no poder, governando o país de tal forma que ajude a todo e qualquer observador a pensar, que o angolano, pela sua cor, sua origem, pelas suas tradições é um cidadão de sexta categoria, sem iniciativa e valia para construir o país que deseja: um pais de todos, próspero e unido.

 

Por que insistimos que a questão é ideológica? Porque quem rouba, quem desvia, quem corrompe, é corrompido e governa Angola da maneira que é governada, sabe perfeitamente que suas ações provocarão miséria a milhões de pessoas. E essa miséria, nada mais e nada menos, é uma das causas principais que mais atormentam uma sociedade: o racismo.

A esperança é que a CASA, com um político carismático como Abel Chivucuvucu, surja para fazer política de verdade. Há quem diz que Abel Chivucuvucu tem o nome sujo no cartório, por suas promessas terroristas no passado: “vamos somalizar Angola”. Mas quem é que neste pais –entre os grandes-, que faz política, da geração dos independentistas, os que se gabam por derrubarem o colonialismo português –e que militam nos vários partidos que aí existem-, não tem o nome sujo no cartório? Até o adorável, o queridinho da nação, o nosso guia imortal Agostinho Neto, tem crimes que o levariam, indiscutivelmente, ao banco dos réus: perguntem aos fraccionistas do 27 de Maio. Esses, todos os anos, naquela data triste, vivem reclamando seus companheiros que foram executados sumariamente sem direito a se fazer justiça. E que os sobreviventes daquela intentona foram perseguidos e torturados. E foram mesmo! Esses são um dos crimes que o MPLA não teria nunca como justificar. E com certeza poria mais da metade dos atuais membros do Bureau Político, do Comitê Central ou simplesmente do Politiburgo, se existe, no xadrez.

 

Por isso não vale por na boca do mesmo, o que ele já não pode nem dizer pela força dos fatos, muito menos fazer crer aos outros que ele não merece perdão por um discurso infeliz em que ele também foi uma das vítimas.


Que fique bem claro aqui: o importante não é o poder pelo poder, já usurpado de maneira absoluta por certas pessoas, mas a redistribuição do mesmo de maneira equânime e eqüitativa. Em que aquela se alcança com respeito às leis e ao próximo, e esta se alcança com a coercividade da própria lei na hora de se fazer justiça.


E é nessa redistribuição que está a origem do nosso maior sonho: a redistribuição das riquezas, a diminuição das desigualdades sociais, a Unidade Nacional, cantada aos quatros ventos desde o dia 11 de Novembro de 1975, mas posto em chegue até pelo mais ponderado dos cidadãos. E aí estará, também, o orgulho de sermos angolanos e não sermos descriminados na nossa própria terra.


Nelo de Carvalho
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