Em declarações à Agência Lusa, Adalberto da Costa Júnior admitiu que possa ter havido "pressão" sobre Luísa Morgantini, razão pela qual disse não se ter surpreendido "por ter agido de forma a agradar ao Estado angolano" quando disse que o processo eleitoral foi transparente.

Costa Júnior, que não falava na qualidade de porta-voz mas sim na de dirigente, disse que Luísa Morgantini "fez referências a falhas graves" no processo de votação, destacando a ausência de cadernos eleitorais, que a UNITA considera "gravíssimo", para "aliviar a consciência".

O dirigente do partido do "Galo Negro" lamentou que a missão da UE tenha usado como referência para a sua avaliação "aquilo que é usual em África", bastando-lhe, "só por isso, para justificar que o processo eleitoral foi transparente em Angola".

Adalberto da Costa Júnior admitiu, porém, que concorda com a opinião de todas as missões de observação internacionais quando estas afirmaram que a participação eleitoral foi "exemplar" e com "elevado civismo e sem reparos".

"A UNITA também elogia a população angolana pela forma como se comportou nesta votação", disse. Em conferência de imprensa hoje, em Luanda, a chefe da missão de observadores da UE considerou que as legislativas em Angola foram "transparentes" e representam "um avanço para a paz e para o país".

Morgantini acrescentou que "as eleições foram um avanço para a democracia, apesar de todas as limitações de organização e também de coisas que não foram respeitadas e que estavam na lei".

No documento distribuído à comunicação social, a Missão de Observação da UE aponta, porém, várias críticas ao processo eleitoral, sendo a principal dirigida à parte processual das legislativas.

"Alguns procedimentos de votação, em especial os relativos aos cadernos eleitorais, foram aplicados de forma irregular", assinala o documento da UE.

"Problemas de organização logística afectaram a distribuição de materiais essenciais, em especial em Luanda, causando atrasos ou não permitindo a abertura de um número significativo de assembleias de voto", lê-se no relatório.

Fonte: Lusa