A presença do MPLA nas capas do único diário nacional foi muito mais frequente, durante o mês de campanha, do que as imagens do principal partido de oposição. Mas também a Rádio Nacional de Angola (RNA) e a Televisão Pública de Angola (TPA) têm sido alvo de críticas. A mais contundente veio da Missão de Observação da União Europeia às eleições angolanas, que acusou os media estatais de "uma cobertura da campanha geralmente tendenciosa, favorecendo o partido no poder".

Para o director de informação da TPA, Manuel da Silva, trata-se de "uma visão dos observadores" que prefere não rebater. "De qualquer forma há indicadores claros de que os tempos de antena foram iguais para todos os partidos", salienta.

A cobertura da televisão pública das iniciativas dos partidos teve a ver com "o que cada um realizava e dependia muito da sua capacidade de mobilização", diz Manuel da Silva. "Nada houve que tenhamos fabricado a favor deste ou daquele partido."

Por sua vez, o director do JA, José Ribeiro, considera "sem fundamento" as observações da Missão da UE: "Não nos revemos nas suas críticas", o jornal seguiu "uma linha profissional, isenta e imparcial", garante.

Do ponto de vista de interesse jornalístico, José Ribeiro sublinha que as actividades do MPLA foram superiores "em quantidade e qualidade" às do maior partido da oposição, UNITA, salientando que o JA aguarda desde Junho por uma entrevista que solicitou a Isaías Samakuva.

Na sua edição de ontem, o JA trazia a reprodução de uma peça da Agência Lusa sobre o relatório da missão da UE, mas omitia um parágrafo da notícia sobre as críticas dos observadores da UE aos media estatais. "A desigualdade na distribuição do tempo e espaço dedicados às actividades de campanha, assim como à difusão de programas e notícias sobre projectos de desenvolvimento e inaugurações levadas a cabo pelo Governo, deixou os restantes partidos concorrentes em situação de clara desvantagem em termos de acesso aos meios de comunicação públicos", lê-se no relatório e na notícia da Lusa.

Segundo o sociólogo Paulo Carvalho, autor de um estudo sobre o comportamento da comunicação social angolana, que está ainda a finalizar, houve um "claro exagero" do espaço concedido pelos medias estatais às iniciativas do MPLA e do Governo.

Fonte: Lusa