Lisboa  – O cônsul de Angola em Faro (Portugal), Mateus de Sá Miranda Neto, considerou, este domingo, que a paz em Angola, “que custou para ser alcançada, é um ganho que todos os angolanos devem saber cuidar”.
 
Fonte: Angop


No final de uma palestra sobre “os benefícios da consolidação da paz para o desenvolvimento em Angola”, organizada por aquela missão consular, Mateus de Sá Miranda considerou à Angop que “os dez anos de paz em Angola são ainda como criança e, como tal, deve ser cuidada e dedicada”.
 

Adiantou serem “bastante visíveis a todo o mundo os benefícios da paz no país”, embora “persistam ainda alguns males, como a pobreza, que, entretanto, o governo tem estado a tratar por constituir uma grande preocupação”.
 

“Angola tem condições mais que suficientes que podem ajudar a resolver o problema da fome que grassa ainda grande parte da nossa sociedade”, referiu, sugerindo uma forte aposta na agricultura.
 

Para ele, com “terras aráveis e águas detidas pelo país, nada falta para produzirmos o que precisamos para o consumo”, até porque, acrescentou, “o governo está atento aos sinais de que o mundo terá um défice de alimentos”.
 

A palestra foi orientada pela segunda secretária do Comité do MPLA em Portugal, a jornalista e socióloga Luzia Moniz, e pelo consultor Jorge Kaluquembe, que se debruçaram sobre a trajectória político-diplomática até ao alcance da paz em 2002 e os seus benefícios, respectivamente.
 

No seu pronunciamento, Luzia Moniz revelou momentos históricos vividos e as primeiras tentativas protagonizadas pelo primeiro presidente angolano, António Agostinho Neto, para se conseguir a paz em Angola.
 

Citou os contactos, antes dos “Acordos de Alvor”, de Agostinho Neto com Jomo Kenyatta, fundador da nação queniana, e “um arrojado plano de paz de Neto” constando, em 1976, encontro com Mobutu Sese Seko, presidente do então Zaíre (RD Congo), e outro com o ex-líder da Unita, Jonas Savimbi. Este último nunca realizado, “devido a morte prematura de Agostinho Neto”.
 

Kaluquembe fez um enquadramento económico de Angola, destacando ainda “a gestão humana e inteligente do presidente José Eduardo dos Santos, que soube identificar os ‘timings’ para a consolidação da paz”.
 
 
Apontou, como benefícios da paz em Angola, o combate à corrupção, com a criação da lei da probidade administrativa, visando a que “o presidente da República desencoraje os órgãos e agentes públicos que queiram fazer do erário uma fonte de enriquecimento ilícito”.
 

O debate, moderado pela jurista Fibe Cambuandy, foi assistido por membros da comunidade angolana no distrito de Faro, em representação de diversas associações, e animado culturalmente por grupos de jovens ligados e enraizados com o país.