A ausência existente entre os seres humanos é melhor explícita nos casos de ligação afectiva: pais, filhos, parentes, amigos, namorados e colegas de escola ou de trabalho. Quando convivemos com determinada pessoa, sentindo-nos bem ao seu lado, é perfeitamente compreensível que, em ausência da mesma, sofremos de saudades.
Todo indivíduo contém afeição a determinada pessoa, objecto e actividades, embora muitos não manifestem as suas simpatias sentimentais. Esta passagem serve para dizer eles possuem ligações afectivas de que se ressentem bastante, quando estão sozinhos ou fora do grupo.

Aliás, muitos de nós, por despreparo ou medo da reacção dos outros, somos incapazes de demonstrar os nossos sentimentos diante dos outros ou do grupo do qual estamos inseridos (meio circundante).  
 
I.
 
Parece-me, actualmente, que as pessoas estão mais fechadas, retraídas, com receio de expressar os seus sentimentos ou pensamentos verdadeiros. Preferem passar aos outros, aquilo que a sociedade acolhe como aceitável ou comum (materialismo, falta de altruísmo nas relações humanas e luta individual pela sobrevivência). Neste momento, falta aquilo que considero impulso para dizer a verdade. Tal como assegura, o psicoterapeuta Rollo May "o riso verdadeiro é a expressão da saúde mental, um convite para a amabilidade, uma prova autêntica da atitude de quem está de braços abertos para a vida".  
 
II.
 
A personalidade nunca é estática. Em outra palavra, pode dizer-se móvel, elástica e equilibrada. Como a própria vida que não é sintonizar um canal de televisão, obriga ao indivíduo um posicionamento constante em relação aos acontecimentos que ocorrem na sua vida.
 
 III.
 
Todo o ser humano tem a tendência de enganar os outros, pois o seu Ego está em permanente luta para elevar o próprio prestígio. Por exemplo: João ao falar por telefone com Maria, diz que a adora e não consegue viver sem a qual. No entanto, no momento em que ele proferia tal declaração de amor, estava no quarto de um hotel com Teresa. Este figurino serve para ilustrar que muitas vezes somos obrigados a dizer aquilo que os outros querem ouvir e não aquilo que é de facto.

A ausência da verdade é, neste caso, mais fácil, pois não existe o confronto visual, o que evita a transferência psíquica (transmissão de pensamento por meios que não a palavra ou gesto) e a leitura do carácter.
Em todo caso, é importante salientar que os indivíduos experimentam esta acção quase que diariamente num processo de ajustamento que requer habilidade. Ninguém é completamente normal em relação as normas e condutas sociais.
 
IV.
 
Cada momento deve ser vivido como se fosse uma nova oportunidade, sem ligações anteriores, permitindo que o indivíduo tente vivenciar as suas acções de modo unilateral sem pretensões negativas ou tensões destemperadas. Não é tarefa simples e muitas vezes falar é mais fácil que fazer. No fundo, a fonte para se conseguir o êxito nas nossas acções depende muito do ajustamento que o próprio indivíduo exerce, o que implica um dispêndio de energia física e mental.

Fonte: Folha8