Lisboa –  Constatações habilitadas  notam   que o  Gabinete do Presidente da UNITA, Isaías Samakuva, na sua forma de acção e composição passou a ter características que igualam a um Serviço  privado  de Inteligência. Os  seus  integrantes    são na sua maioria quadros militares  ou   civis oriundos da extinta Brigada Nacional de Defesa do Estado (Brinde), o braço de  inteligência domestica  ao tempo de Jonas Savimbi.


Fonte: Club-k.net

Líder da UNITA ludibria SINSE

A figura  com forte “background” em matéria de inteligência do  gabinete de Isaías Samakuva,  é o brigadeiro “Tony” Linhauka,  antigo chefe da secreta da UNITA que fora responsável pela estruturação da Brinde, na Jamba.  Outro  oficial  importante  é  o brigadeiro  João Baptista  Vindes, que ao tempo do conflito fazia parte da rede externa da UNITA, no Oeste Africano. O Brigadeiro Vindes  foi a figura da UNITA que em Outubro de 1997, esteve envolvido na “cover action” desencadeada pelos Serviços  de Inteligência do Togo que culminou com a detenção de um operativo do Serviço de  Inteligência Externa (SIE), Casimiro da Silva,  flagrado a  raptar  um filho  de Jonas Savimbi, Eloy Sakaita, em Lomé.


A Presidência da UNITA, acolhe  também um Gabinete de Estudos, Pesquisa e Analise  (GEPA) cujo chefe é um  coronel  desmobilizado, André  Chinjamba  que ao tempo da guerrilha esteve ligado a área de inteligência do Comando Operacional Estratégico das extintas  FALA. O GEPA, a semelhança de um serviço de inteligência, tem a missão de prever fenômenos políticos no país e dentro do partido.  Foi esta estrutura que em 2008, apresentou um extenso  estudo interno sobre   irregularidades  registradas nas eleições daquele ano. 


A nível   de informação,  o líder da UNITA,  é igualmente  assessorado  por um quadro oriundo das FALA, o Coronel  Lourenço Bento, que há 20 anos atrás foi  ferido em combate, em Mulondola.  Para além  de uma rede extensa de informantes por todo país, Samakuva, passou a apostar em  jovens  conselheiros   descritos  como “a nova geração do partido”.  Faz parte desde grupo,  Alcibiades Kopumi, ex- quadro da Brinde e  Adriano Sapiñala,  ex- integrante da infantaria motorizada da brigada “Ben Ben” que nas  véspera da morte de Jonas Savimbi, fazia parte da Inteligência Militar. Em recepções diplomáticas em Luanda é acompanhado por estes jovens. 


Internamente, a UNITA descreve  estes    quadros oriundos das suas estruturas de inteligência,  agora ligados ao gabinete presidencial como os “quadros que fazem o partido”, por serem desconhecidos mas que na  pratica operam como “eminências pardas”  do seu presidente.


Há cerca de três anos atrás a UNITA teria notado que estavam a ser alvos de penetrações internas, por parte da Segurança de Estado.  Sempre que Isaías Samakuva,  realizasse reuniões  estratégicas do partido, horas depois o MPLA, tinha acesso aos seus planos. Para contornar a situação, o responsável Maximo  da UNITA fechou-se dando lugar ao chamado “núcleo duro” que circula a sua volta. Foi com o surgimento do “núcleo duro”  que os  seus opositores internos passaram a acusar-lhe de  tomar as decisões   a nível do seu grupo restrito.


Ao mesmo tempo, o Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE), admitia nos seus relatórios de finais de    2010 que estariam a ter dificuldades em penetrar neste partido. O  SINSE, descrevia  que “Dentro da UNITA só o grupo de Samakuva sabe e dirige o jogo político” e que “ O nosso pessoal dentro da UNITA continua a ter dificuldades em obter a informação real e decifrar a logica de Samakuva e "inviabilizar" a sua acção”.


“Está confirmado que até as estruturas provinciais da UNITA que são muito vulneráveis, apenas recebem informação e orientações avulsas que são de “diversão”. A informação real, e que faz parte do jogo é recebida por intermediários “da direcção” que a aplicam encima da hora, o que tem dificultado as nossas “acções e contra-medidas”, admitia o SINSE, chefiado por Sebastião Martins.


Estratégia para desactivar fraude eleitoral


Há informações apontando que para  o corrente ano de 2012, o Presidente da UNITA,   Isaías Samakuva e a sua “Brinde” criaram   uma chamada “estratégia nacional” destinada a desmontar   cenários de fraudes que   possam acontecer  nas eleições de Setembro. 


Foram criadas a  nível   do  pais, estruturas dentro dos seus secretariados  municipais e comunais também com a valencia de um corpo de inteligência.   Faz parte desta estrutura, para alem de outras, a figura do   administrador eleitoral, o responsável  para o estudo sociológico e análise competitiva,  e um  director  provincial do centro das  telecomunicações.  A ligação  com o Presidente do partido é  feita por meios habilitados  a fim  desviar a interseção  de escutas do SINSE. No Huambo que é a província onde a UNITA tem noção de   que ganha as eleições  num “processo limpo” foram criadas  seis regiões eleitorais constituídas por municípios e respectivas direcções eleitorais de campanha: região centro-Huambo (sede), região centro-oeste (Caála e Ekunha), região oeste (Longonjo, Ukuma e Chinjenje), e etc.


Há 10 de Abril, o  líder da UNITA, recebeu de um operativo de Benguela, com o conhecimento de Alberto  Ngalanela (Secretario Provincial) um relatório  intitulado  “Irregularidades Ligadas ao  Processo Eleitoral”, ao qual davam-lhe conta  da situação sobre o registro  de actualização eleitoral no interior daquela  província com destaque a comuna de Capupa  ao qual notam  ausência de registro nas posições de Londesa, Hengue, Kandionga, Chihondo, Chambanga, Lutira Wemba.


Segundo  informações fiáveis,  é do conhecimento de  Isaías  Samakuva  que as autoridades angolanas treinaram cerca de  300 quadros dos Serviços de inteligência   para acompanhar o processo eleitoral, numa operação que envolve o chefe adjunto do SINSE, Fernando Eduardo Octavio que presentemente despacha com a Casa Militar da Presidência da República.  A  estratégia do Presidente da UNITA em contornar  a fraude eleitoral , por parte do regime  é baseada em  planos concebidos  por consultores internacionais que ajudaram a neutralizar  presságios de fraude em dois países da África do Oeste.