Luanda -  Por mais que os cépticos teimem em aceitar, o facto é real. Angola tem-se afirmado no mundo como um país que contribuI para paz e segurança internacionais. Para que tal acontecesse foram necessários longos anos de muito trabalho interno e de diplomacia.


Fonte: JA

“JES um homem da paz que soube perdoar  adversários”

Logo que terminou o conflito, a diplomacia angolana conseguiu um feito importantíssimo que foi a eleição de Angola para membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU para o biénio 2003-2004, um feito histórico que permitiu às autoridades nacionais brilharem na arena internacional, pois que, com a presidência angolana, foram resolvidas muitas questões que dominavam a política internacional.


De lá para cá, muitos foram os países que procuraram por Angola e pelos seus conselhos para resolver as suas questões internas. Desde países da região como nações distantes da esfera geopolítica nacional. É frequente vermos um Presidente, assim que é eleito, vir a Angola colher experiência e solicitar apoio para cooperação.


A título de exemplo, podemos falar da Guiné Conacri (Alpha Conde), Guiné- Bissau (Malam Bacai Sanha), São Tomé e Príncipe (Manuel Pinto da Costa), Burundi (Pierre Nkurunzinza), Madagáscar (Andry Rajoelina), Níger (Issoufou Mahamadou), República Árabe Saharaui Democrática (Mohamed Abdelaziz), República Centro-Africana (François Bozizé) e muitos outros não menos importantes, sem falar dos primeiros-ministros e dos enviados especiais que todas as semanas escalam o palácio da Cidade Alta e sem nos esquecermos do Presidente da Comissão da União africana que solicita sempre o conselho e apoio das autoridades angolanas na resolução das crises continentais. Os exemplos supracitados são apenas de líderes de países fora da região geográfica de Angola que reconhecem o esforço que o Executivo nacional fez para dar a paz aos cidadãos nacionais e que não fecha a sua experiência a sete chaves transmitindo-a a quem deseja
prosperar.


No passado mês de Março, no âmbito do Harvard World Model of United Nations, dei uma palestra na Universidade da Columbia Britânica, em Vancouver (Canadá) sobre “A Importância do Registo Eleitoral para Eleições Livres e Justas em Angola e no Mundo”. No final, fiquei muito satisfeito quando, na troca de cartões e apresentações, um professor local aproximou-se e disse-me:


“Você vem de Angola. Eu admiro muito o vosso Presidente José Eduardo dos Santos, um homem da paz que soube perdoar os seus adversários e, com isso, construiu uma paz exemplar para vocês.


É um exemplo para África e para o mundo”. Agradeci e fiquei muito lisonjeado já que era o reconhecimento, por parte de um académico sénior, do sucesso incontestável da nossa política interna que nos permitiu alcançar a paz definitiva. Como é natural, não são só os presidentes, chefes de governo e emissários especiais africanos que procuram Angola para a resolução dos seus problemas. De Timor-Leste passando pela Argentina, Brasil, Cuba, União Europeia, Federação Russa e China, num autêntico exercício de geopolítica e geoeconomia mundial, a política externa angolana afirma-se cada vez mais e com resultados positivos a todos os níveis.


O país já se afirmou como uma potência no continente e procura sempre as melhores experiências para um sucesso cada vez mais coeso.


É nesta ordem de ideias que o Presidente da República recebeu no palácio da Cidade Alta o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. Apesar de a União Europeia estar a enfrentar uma crise sem precedentes na sua história, com a falência dos sistemas financeiros de muitos dos actuais 27 Estados membros, com a Grécia na linha da frente, após sofrer um apocalipse financeiro, outros países viveram situações de desespero, como a Irlanda, e outros ainda lutam para sair do sufoco, como Portugal, que vive dias difíceis que já levaram mesmo a ministra da Justiça portuguesa a afirmar que “o país está na bancarrota”, e países de economias fortes, como Itália e Espanha, a enfrentarem o risco de terem que pedir resgates à Troika composta pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia, aquela organização do velho continente continua a representar, no seu todo, o melhor exemplo de integração regional da história e têm muito de positivo a apresentar a Angola que também vive uma integração exemplar na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).


Certamente que poderemos aprender muito com países como a Alemanha, a maior economia da Europa, com uma indústria muito forte, ou mesmo aprender com Portugal que, apesar de viver uma crise profunda, continua a dar exemplos em áreas importantes para o volume da facturação final do Estado, como o turismo e as exportações.


Se continuarmos nesta senda do desenvolvimento, criaremos bases para que cada vez mais servirmos de exemplo para todos os países africanos, já que, ao fazermos parte do concerto das nações, podemos exportar o nosso modelo de sucesso de pacificação interna e de política externa.

*Docente universitário