Luanda – A aquisição do visto no consulado sul-africano tem, em teoria, a duração de cinco dias, mas a falta de transparência, no que diz respeito aos documentos para adquirir a autorização, tem criado dificuldade no acto de levantamento do passaporte, o que deixa transtornado quem está pronto a viajar.


Fonte: O País

http://www.defenceweb.co.za/images/stories/MUGSHOTS/MUGSHOTS_NEW/ngwenya4.jpgSegundo o passageiro João Francisco, os serviços consulares da África do Sul têm exigido alguns documentos que não constam dos requisitos apresentados pela instituição, como é o caso do comprovativo de pagamento do consumo de energia, água e o bilhete de identidade original, uma exigente nova introduzida nos últimos dias.


O facto podia ser invertido se o consulado optasse por verificar os documentos antes de os receber para não ficarem pendentes, argumentou o cidadão, defendendo que para melhor organização é necessária uma informação prévia. “Se eles recebem os documentos é porque estão completos, fora disso não devem aceitar. Agora concedem a entrada dos documentos e no dia do levantamento dizem que falta este ou aquele documento ou porque a reserva da viagem não condiz com o dia da viagem, isso não se faz”, protestou.


Os novos documentos solicitados pela embaixada devem provir da África do Sul, enviados por quem manda de lá a carta de chamada, período de espera que pode alterar a data programada da viagem. Segundo o interlocutor, seria louvável que após a entrada dos papéis solicitados entregassem o passaporte, mas atendendo ao procedimento da instituição, passam-se 48 horas para o cidadão obter de volta o seu passaporte.


Um outro cidadão de nome João Francisco mostrou-se indignado com a situação, pois pretende viajar para África do Sul cumprindo o seu período de férias, mas tem encontrado constrangimentos e, por isso, não tem uma boa impressão daquele serviço consular: “no país, o consulado mais ´chato é o da África do Sul. Falo deste modo porque sou uma pessoa lesada”, desabafou.


Outra pessoa afectada pela falta de esclarecimento por parte da embaixada é a cidadã Yuma dos Santos que antecipou as sua férias para tratar da sua saúde, mas vê os dias passarem sem nada resolver. Para Yuma dos Santos, este facto tem-se verificado com a tomada de posse do novo consulado que tende a implementar novas regras, que no fundo são o foco da desorganização da embaixada. “Para dar entrada dos documentos é necessário que a pessoa passe a noite defronte da embaixada”, queixou-se a cidadã.


Por seu lado, Erivaldo Rodrigues, outro candidato à obtenção de visto, refere que pela demora na saída da permissão de viagem e por uma questão de saúde que pretende tratar, deseja tão só receber o seu passaporte mesmo sem o visto. Num pequeno contacto que Erivaldo teve com o consulado, foi-lhe informado que “o sistema informático não estava funcional e que a responsável pela área não iria perder o seu tempo para procurar um passaporte”.


“Eu tenho consulta marcada e as reservas da viagem pagas e hotel também, esperando apenas o meu passaporte, questionei a senhora quem vai devolver os valores que estou a gastar com a remarcação de reserva da viagem e o pagamento antecipado do hotel”, contou Erivaldo Rodrigues, confessando que a resposta que obteve era “simplesmente indecente”.


Ângela Sebastião, uma quarta pessoa contacta, estava irritada pelo facto de não conseguir receber o seu passaporte que já se encontra há mais um de mês naquelas instalações. Segundo a cidadã, foi-lhe dito que dirigisse uma carta ao cônsul. Fê-lo mas quando ligou para a África do Sul a confirmar a reserva do hotel, nessa altura a reserva já estava cancelada. Segundo a história, foi entregue um documento à passageira que informava que a mesma deveria dar entrada de outros documentos inclusive uma outra carta de chamada e num período de 14 dias teria o seu passaporte.


Para ter a sua a sua documentação, a recepção da instituição informou a que devido ao transtorno causado pela anulação da reserva do hotel, havia necessidade de enviar uma carta dirigida ao cônsul, isso em inglês. “Eu fiz a carta e mandaram-me voltar depois de um mês”, contou. Desde 1989 que Ângela tem viajado para a África do Sul para fazer os seus negócios, agora diante das novas circunstâncias pretende trocar de destino e uma vez que possui visto de um ano para o Brasil, já só quer de volta o seu passaporte. “Eu não sou criminosa para o meu passaporte demorar este tempo, só vim levantar o meu documento e mais nada”, exclamou.

Embaixador defende-se dos protestos

Segundo o embaixador Godfrey Nhlanhla Ngwenya, há uma má informação quanto aos documentos necessários para tratar o visto. O diplomata esclarece que, para o efeito, é o comprovativo da residência acompanhada com a carta de chamada devidamente reconhecida e não o comprovativo do pagamento de água e energia.


O representante da África do Sul em Angola disse que o atraso constatado na entrega dos passaportes consiste na mudança de instalação da Maianga para Talatona, referindo que é natural que as pessoas reclamem porque elas também receberam a informação de que a embaixada estaria a trabalhar na segunda-feira passada, porque estava assim presumido, mas isso não aconteceu, por imponderáveis diversos. “Mas a partir de segunda-feira (dia 14) a instituição funcionará na sua rotina normal”, prometeu.

Existem processos legais que devem ser seguidos e não se poderia ficar mais tempo no local antigo, explicou o embaixador realçando que as intenções estão ligadas ao controlo sistemático dos computadores, referiu. Segundo o embaixador, a emissão dos vistos demora cinco dias, e os casos que dizem ter esperado um mês, são entregues nas agências de viagens que, por sua vez, não levam um único documento e tendem a acumular um maior número e, como não podem transmitir esta informação aos seus clientes, deitam a culpa do atraso à embaixada.


“O procedimento para aquisição dos vistos é o mesmo para a embaixada de Angola na África do Sul. O passageiro tem o direito de reclamar diante da embaixada caso o visto demore a sair, se os documentos estiverem todos certos”, adiantou Godfrey Ngwenya, para quem em termos de reclamação “a embaixada angolana na África do Sul não fica atrás”. “Compreende-se, vocês são jornalistas e ouvem a voz do povo, mas se olharmos para a estatística, notaremos o quanto o consulado tem feito muito para ajudar as pessoas na obtenção dos vistos”, alegou o diplomata.


Os documentos necessários para adquirir os vistos são: o formulário preenchido e assinado pelo titular, 47 dólares americanos para o pagamento da tarifa, uma cópia e a original do passaporte acompanhado da cópia do bilhete de passagem (ida e volta) extracto bancário, uma fotografia, um cartão de vacina internacional, carta de chamada assinado pela polícia nacional e uma reserva de hotel na África do Sul.