Londres - A repercussão em torno da agressão, contra o SG do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes, no passado dia 10 de Março, é apontada em meios conotados ao circulo presidencial como estando na base da exclusão do nome do Ministro do Interior, Sebastião Martins, para integrar o governo a saír das próximas eleições. A “decisão” é acrescida a informações desfavoráveis ao mesmo que chegaram ao conhecimento do Presidente, José Eduardo dos Santos.
Fonte: Club-k.net
JES demarca-se de praticas violentas
As mexidas terão lugar logo após ao próximo escrutínio eleitoral, (caso o MPLA ganhe), num cenário que para além da saída do titular do interior são apontados como futuros não reconduzidos aos respectivos cargos, o Ministro da Saúde (avaliado pela negativa num relatório interno), dos Desportos e o da agricultura (idem na avaliação negativa). O sector da Agricultura deverá ser entregue a Rosa Pacavira, do gabinete presidêncial. Isaac dos Anjos, o governador da Huila é ventilado como devendo ser chamado para se tornar no próximo Ministro da administração territorial, em substituição de Bornito de Sousa que pode regressar ao parlamento como Vice ou Presidente daquela instituição.
A exclusão do titular do interior, que é realçada com mais enfoque, foi marcada pela inédita indignação registrada dentro do MPLA (Mendes de Carvalho, Lopo do Nascimento, Jaques dos Santos) manifestando oposição aos métodos violentos ao qual o ministro é identificado como estando a introduzir na sociedade para penalizar jovens manifestantes.
A primeira manifestação contraria a agressão contra Vieira Lopes partiu do gabinete presidencial, na pessoa do general Manuel Vieira Dias “Kopelipa”. Logo após ter conhecimento da violência contra o político da oposição, o chefe da Casa Militar da PR, procurou esclarecimento sobre o sucedido. (ambos tem grau de parentesco)
A repercussão que as praticas de repressão tem provocado dentro do MPLA, é traduzida ainda na reclamação interna do caso de um jovem apresentado como sobrinho do ministro da Defesa, Kundy Paihama que foi molestado pela polícia em Benguela, quando passava ao lado de uma concentração de gente que assistia uma manifestação. O jovem vive no Lubango e estava a passar o final de semana na terra das acácias rubras quando foi vitima da agressão policial.
A nível internacional o caso de Vieira Lopes provocou condenação que levam aos dias de hoje, as organizações dos direitos humanos a exigirem das autoridades, a apresentação de relatório para responsabilização criminal. Em meios com conhecimento do assunto, interpretam que a concretização de uma atitude de JES, em sacrificar o seu ministro será mais para obedecer cálculos no sentido de ilibar a sua própria imagem de eventuais conotações a praticas violentas contra os cidadãos. (A direcção do BD chegou a apontar o dedo ao PR)
A crescente, tendência de associar o ministro do interior como a figura “introdutora de praticas violentas” no regime, é também sentida dentro da oposição política. A UNITA, na pessoa do seu presidente, Isaías Samakuva vai pessoalmente ao seu gabinete (às 16horas de Quarta-feira) para comunicar-lhe que deseja ver a sua manifestação, do dia 19 de Maio, sem sobressaltos (entenda-se sem a interferencia dos Kaenches) . A iniciativa da UNITA, em contactar o mesmo, foi movida pela circulação de informações segundo as quais os agentes do ministro teriam como plano infiltrar elementos vestidos com camisolas, deste partido, na manifestação, para depois causarem distúrbios, nas ruas, para serem incutidas culpas a UNITA, como suposta promotora de actos vândalos no país.
Demissão aproveitada por detratores
No seguimento do que se admite, a cerca da descontinuidade de Sebastião Martins, no executivo, esta a ser sentido, por outro lado, que o fenômeno esta a ser aproveitado por uma corrente opositora a sua ascensão política, razão pela qual se estima que ao se concretizar, o acto, seria mais pelas intrigas do que pela competência. (São-lhe reconhecidos, por parte de um outro grupo, predicados como boa preparação intelectual, cultura política e sentido de moderação.)
Os seus opositores terão aproveitado o ambiente para moverem-lhe uma desfavorável campanha traduzida no vazamento de informações, junto de figuras da primeira linha do regime, em que descrevem-no como estando a “monopolizar negócios da área da logística” do seu ministério (fornecimento de fardas, abastecimento para as esquadras, comunidade prisional, e etc).
A “corrente de opositores” a si, invoca que o Ministério do Interior é dos poucos sectores, onde a contratação para a área da logística é inexistente acrescentando que apenas o primeiro semestre é que os mesmos enviam cartas as empresas a pedir especificações e alguns requisitos mas nada é oficialmente publicado, comparando com as FAA, onde há concurso público (fornecimento feito por uma empresa Simportex associada ao general “Kopelipa” )
No “assessement” de reclamações, os opositores a ascensão do governante, citam-no ainda como tendo estancado os concursos públicos no seu ministério pondo em acção uma empresa de fornecimento de logística , que no tempo do falecido ministro Serra-Vandunem havia sido excluída do sistema de fornecimento do sector. A empresa de nome Kazer, ao qual o mesmo é apresentado como tendo interesses, em associação com um sócio Carlos Serralheiro, ligado do sector de transporte e logística é descrita como a fornecedora tanto do programa, bem como do plano de emergência. Alegam que a Kazer estaria a fornecer, cerca de 85% da mercadoria de logística, o que representaria por semestre, um volume orçado entre 65 a 100 milhões de dólares.
Em favor de empresas da linha da Kazer, conforme, as reclamações, terão ficado de fora outras tradicionais empresas parceiras como “Mãe Mena” ligada ao empresário Kito Dias dos Santos e uma outra de um empresário da distribuição da rede Pomobel, Raúl Mateus, com ligações a um sobrinho de JES, Catarino dos Santos.
A 19 de Janeiro, a margem de uma reunião do MPLA, um empresário Bartolomeu Dias queixou-se ao Presidente José Eduardo dos Santos de que o ministério do interior estava a dificultá-lo no pagamento de fardas encomendadas para polícia, que o mesmo forneceu ainda ao tempo do general, Roberto Leal “Ngongo”. Em resposta o líder angolano, retorquiu que “alguma coisa esta mal”.
Ainda no seguimento, do “aproveitamento” dos opositores de Sebastião Martins, surgiram informações no seio do MPLA, de que o mesmo teria sido menos eficaz ao atender ao pedido de uma empresa da área da logística ligada a José Filomeno dos Santos “Zenu”, comparando a um pedido idêntico de Dirce dos Santos, filha do Vice-PR, em sociedade com um sócio identificado por Gil.
Irregularidades no fornecimento de alimentos
Maciel Joaquim, o director da logística do ministério do interior é apresentado como pouco experimentado na área que entrou em funções desde Novembro de 2010. Há “insinuações” invocando que desde a sua entrada, as encomendas deixaram de chegar a tempo forçando-o a recorrer ao chamado plano de emergência. As irregularidades tem afectado outras estruturas do ministério precipitando desinteligências entre o mesmo e o responsável da logística da polícia Nacional, Vasco Arnaldo de Castro “Maló”, muito ligado ao Vice-PR, Fernando Dias dos Santos.
No ano passado, Vasco Arnaldo de Castro “Maló”, esteve prestes a ser afastado das funções que exerce, devido a um escândalo que precipitou exonerações a nível da Policia Nacional, no que concerne a Logística (lojas). As mexidas deveram-se a ao desvios de 400 toneladas de mercadoria ao qual foram imputadas (por uma equipa criada pelo Ministro) culpas ao responsável da logística de Viana, João Domingos que é um especialista formado na Rússia.
O assunto (caso João Domingos como ficou internamente conhecido) foi vazado para oficiais da Casa Militar com a munição de documentos que mostravam como os produtos “nem sequer entravam na logística de Viana”, e que os mesmo desapareciam a partir do Porto de Luanda, para uma empresa descrita apenas como “bem conhecida por eles ”, conforme le-se na carta dos queixosos que diziam “correr o risco de serem eliminados”.