Luanda  - Considerando recursos como todos os instrumentos necessários para a realização ou o desempenho de determinadas tarefas, no sentido de atingir os objectivos traçados; tais recursos vão desde os recursos humanos aos recursos naturais, Angola dispõe felizmente de uma cadeia integrada dos mesmos, tangíveis ( recursos humanos, materiais) e intangíveis (clima) para garantir o crescimento e o desenvolvimento do país e o bem estar das populações.


Fonte: Club-k.net

 
Acontece porém que, desde a independência do país Angola não tem sabido fazer uma gestão cuidada dos seus recursos.

 
Recursos Humanos: Angola com a “fuga de cérebros” tanto “nativos” quanto “de origem”, optou pela “importação” de quadros estrangeiros nas mais variadas áreas com particular incidência ao sector da educação, e medicina, com a intenção de fazer substituição faseada pelos quadros angolanos de nível médio e superior em formação no exterior e a consequente transmissão de “know how” dos expatriados aos nacionais residentes. Se bem pensado, mal executado. Porque infelizmente os quadros regressaram e ao que parece o Estado não tinha uma base de dados dos quadros que mandou formar e não sabia onde enquadrá-los, gerando desta feita, desperdício financeiro, e conhecimento. Ainda hoje o Estado forma sem saber como e onde enquadrar os quadros.
 

Recursos Naturais: Os recursos disponíveis não são aproveitados de acordo com as necessidades do país, no que tange a cadeia de exploração dos recursos, ou seja da fonte até ao produto final (em estado bruto ou acabado) no sentido de ser consumido pelo país e pelo estrangeiro. Daí a carência e a dependência (quase total da importação).
 

Basta consultar indicadores como  a nossa balança comercial que é sempre deficitária, o índice de preço ao consumidor (IPC), o índice de desenvolvimento humano, etc, etc.  

 
É importante inverter o quadro para evitar o descalabro, porque Angola continua a ser o país potencialmente rico e com a população pobre.
 

Angola não faz o uso racional dos recursos disponíveis porque o Estado e o Governo não possuem uma política de gestão e crescimento integrado. A falta de coesão e sintonia de várias entidades envolvidas em projectos de impacto social e económico é tal que se reflecte no estado calamitoso do país. Exemplo: Não se pode falar em industrialização sem se pensar na energização, no projecto de gestão de recursos hídricos, na agricultura e na logística. Devem ser projectos co-relacionados e seguidos na mesma proporção. A construção de uma barragem, implica o fornecimento de energia eléctrica para o consumo doméstico e industrial. A indústria quer extractiva quer transformadora tem na água um bem corrente e a agricultura e a pecuária como fonte de matéria-prima precisam da água como do pão para a boca, e a energia como outro elemento imprescindível.
 

Ora ao pensar-se assim, identificam-se logo as áreas de vantagens comparativas para a “produção” de determinadas culturas de acordo com as condições naturais de cada região do país. Cerais, citrinos, tubérculos, etc, acompanhada de moageiras, indústria transformadoras de produtos agrícolas, derivados de tomate, frutas, lacticínios, etc.
 

Penso que só assim o país vai “pensar global e agir local”. Para isso precisa de congregar vontades e capacidades locais e estrangeiras para tal salto. Deixemos de organizar Canes, Mundiais de Hóqueis e outros desfiles de vaidades que não são prioritários mas que demonstram a nossa incompetência escondida na nossa arrogância.