Luanda - Domingas António “Mingota”, 21 anos, foi assassinada Domingo passado na maratona da Calemba, no Largo da Tourada, por um jovem conhecido por Pai Loy, identificado como o líder dos “Alemães”, gang que, nos últimos tempos, tem aterrorizado os moradores do bairro, segundo estes.


*Sebastião Félix
Fonte: O Pais


ImageA jovem não resistiu a três golpes de faca, um no pescoço e dois no abdómen. Tudo por ter reagido ao facto de o acusado ter dado uma palmada nas nádegas da irmã mais nova da malograda, conhecida por Felícia.


Segundo as testemunhas, “Mingota” questionou o comportamento do jovem, mas este por sua vez tirou a faca de cozinha que estava pendurada na cintura e desferiu os três golpes fatais no meio da multidão.


Os presentes contaram que viram a jovem cair no chão, mas tiveram medo de travar o ímpeto do suposto assassino, que se encontrava embriagado e supostamente sob efeito de outras substâncias psicotrópicas.


Depois de esfaquear, o suposto homicida meteu-se em fuga com os membros da sua gang, alertando que quem o tentasse impedir seguiria o mesmo caminho. Foram estas as explicações que as testemunhas presta ram aos agentes da Polícia Nacional que compareceram no terreno e investigam o caso.


A jovem foi de imediato levada ao Hospital do Prenda pelas amigas que se encontravam na maratona que acontece há várias semanas no largo defronte a Tourada, na Calemba.


O irmão mais velho da malograda, Gabriel António, disse a O PAÍS que no banco de urgência da referida unidade sanitária os médicos já se tinham apercebido que a malograda havia chegado sem vida, mas pediram aos familiares e as amigas que ficassem tranquilos, porque estavam a fazer tudo para socorrê-la no bloco operatório.


Preocupado com a demora que se observava, Gabriel António insurgiuse contra os enfermeiros, porque as explicações que tinha recebido até ao momento sobre a irmã não eram convincentes. Foi então que um dos médicos chamou-o e sensibilizou-o inicialmente, confessando-lhe que a irmã menor havia chegado ao Hospital do Prenda sem vida.


Segundo as testemunhas, o suposto criminoso, Pai Loy, será responsável também por outros três homicídios que aconteceram nos últimos tempos na comuna do Cassequel, distrito da Maianga.

 

O primeiro terá sido um cidadão de origem senegalesa que foi morto a tiro, no Cassequel. Na Terra Vermelha acredita-se que tenha vitimado mortalmente outras duas pessoas.  Gabriel António confirmou a O PAÍS que o suposto criminoso já está a contas com a Polícia Nacional e espera que se faça justiça, porque ele tirou a vida da sua irmã de forma brutal.  O irmão mais velho da malograda adiantou que o mesmo foi apanhado na Terra Vermelha, nas imediações do aeroporto, em casa da tia a almoçar como se não tivesse feito nada.


A Polícia Nacional está no encalço de outros membros do grupo, que na semana passada terão violado uma jovem nas imediações do Cassequel do Buraco.


Nesta segunda-feira, a equipa de reportagem de O PAÍS deslocou-se ao Posto Policial do Cassequel, para obter mais informações. O agente em serviço disse que o Comandante ainda não se encontrava na unidade.


Maratona frustra moradores


Os moradores do Bairro da Calemba estão agastados com as constantes realizações de maratonas no largo da Tourada, pelo facto de aumentar a criminalidade na zona.  Com o surgimento deste convívio, os níveis de criminalidade aumentaram e não há policiamento no perímetro e no interior do bairro, facto que permite os “Alemães” fazerem das suas.


Segundo os moradores, esta é a segunda morte que se regista na maratona. No ano passado um jovem foi morto por um cidadão desconhecido nas redondezas deste convívio.


A organização preocupa-se mais com o lucro do que com a integridade física dos consumidores, segundo os vendedores. É a sexta edição e acontece de sexta-feira a domingo.


Moradores que pediram anonimato solicitam as autoridades da província de Luanda que ponham fim ao referido convívio, cujo término está previsto para Setembro do corrente ano. Caso isso aconteça, os moradores acreditam que outras pessoas poderão ser vítimas deste ou outros grupos que actuam naquela circunscrição.


Além dos crimes, os populares criticam também o facto de não existir balneários públicos e os clientes, vendedores e outros urinarem junto às residências.


Os jovens que vivem no bairro estão ainda impedidos de praticar basquetebol e futebol salão no largo aos sábados e domingos. Segundo eles, o desporto tem sido substituído aos fins-de-semana pelo ambiente festivo, com muita música e álcool à mistura.