Lisboa - Decorrem hoje 35 anos que aconteceu uma das páginas mais negras da história político-social de Angola.


Fonte: pululu.blogspot.com/

 
Há 35 anos ocorria, o nunca esclarecido, fratricídio do 27 de Maio entre militantes do MPLA, então MPLA-Partido dos Trabalhadores.

 
De um lado, apoiantes de Agostinho Neto, à época o presidente da então República Popular de Angola, e do então major José Eduardo dos Santos, relator do Processo movido a Nito Alves.
 

Do outro, precisamente Nito Alves - a quem se atribui a autoria da famosa carta que conteria as não menos famosas "13 Teses de Nito Alves", embora haja que as mesmas teriam sido escritas por um militante e comissário político em Cabinda de nome Pedro Santos(*) - e de outras personalidades que fomentariam o "fraccionismo", assim então foi descrito pelo apoiantes de Neto, como Zita Valles, Ademar Valles ou José Van-Dunem.
 

É certo que houveram, esses são pelo menos os diversos testemunhos, mais ou menos credíveis, imensos mortos e centenas de detidos, alguns dos quais continuam desaparecidos.

 
Oficialmente, só estão referenciados como "mortos oficiais" 7 angolanos entre apoiantes e adversários: os 4 acima citados do "fraccionismo", Saydi Mingas, Helder Neto e Eugénio Veríssimo da Costa "Nzaji".
 

Esta foi uma crise que ultrapassou a gamela do MPLA. Nela intervieram directa e indirectamente soviéticos e cubanos. Com a particularidade de, cada um, apoiar uma das facções. Segundo alguns autores e analistas terá sido aqui que começaram a esfriar as relações entre a antiga URSS e Cuba.
 

Há quem também adiante que foi aqui que Neto começou a perde a "simpatia" de Moscovo e...
 
35 anos depois ainda há famílias que gostariam de fazer o devido luto.
 

Só que as autoridades angolanas, ou melhor, as cúpulas do MPLA mantêm um absurdo mutismo sobre o 27M e as suas consequências.
 

É altura do MPLA abrir-se, de vez, à comunidade e criar, internamente ou mesmo através do Governo nacional, na linha do que fez, e muito bem, a África do Sul e, mais recentemente, o Brasil, uma Comissão de Verdade onde tudo pudesse ser transmitido à comunidade e libertar todos os fantasmas.
 

Não creio que isso viesse a criar engulhos ao partido maioritário. Pelo contrário. A transpar~encia é o melhor remédio e as famílias respirariam, finalmente, mais facilmente!
 
Enquanto isso, muitos angolanos vão continuando a olhar para o 27M e esperando...