Luanda -  Uma galeria de arte em Joanesburgo expôs um quadro com a figura do Presidente Jacob Zuma, numa pose copiada de um célebre cartaz de Lenine e exibindo o sexo. Ao quadro chamou “The Spear” (a lança).


Fonte: Jornal de Angola

As cicatrizes ainda vivas

Os donos da galeria, seguramente parte do “arco-íris” criado por Mandela, mas ainda saudosos do “apartheid”, apressaram-se a dizer que nunca foi sua intenção ofender o Chefe de Estado da África do Sul. Pediram desculpas e retiraram a “obra de arte”. Mas o pedido de desculpas só veio muito depois das agências e órgãos de informação mundiais terem derramado imagens do quadro nas auto-estradas da informação.


Os principais líderes da África Austral são frequentemente vítimas destes arremedos “artísticos”. E não vejo qualquer diferença entre a ofensa a Zuma e o lixo mediático que se espalha também em Angola contra a dignidade da pessoa humana. Talvez a origem seja a mesma, não sei.


Nada distingue os caluniadores sul-africanos dos caluniadores angolanos, franceses, ingleses, portugueses ou cabo-verdianos. O pior é que, aos poucos, o lixo mediático contamina tudo, numa viagem imparável por pântanos onde a ética e a deontologia se afundam no lodo do insulto e da manipulação.


A África Austral tem finalmente condições de garantir estabilidade e desenvolvimento, tão necessários ao progresso e ao bem-estar dos seus povos. Mas isso começa a ser um pesadelo para quem assim não pensa, para os que precisam cada vez mais das suas matérias-primas e precisam de instalar na região bases militares estratégicas.


Com os efeitos da corrupção e por uma crise sistémica que não tem fim, os grandes especuladores mundiais inventam agora guerras e massacres, invadem países soberanos para irem à fonte do petróleo, cada vez mais caro, e começam por servir-se dos media para insultar, denegrir e assassinar moralmente os Chefes de Estado de países que não aceitam a “nova ordem”.


José Eduardo dos Santos, Jacob Zuma e Armando Gebuza decidiram lançar para cima da mesa a discussão de uma estratégia de longo prazo que até 2050 coloque a África Austral na vanguarda do desenvolvimento económico e social.


Os restantes países da SADC aceitaram este enorme desafio na cimeira extraordinária de Luanda. Os corredores da Beira, de Maputo e do Lobito vão ter nesta estratégia um papel vital. O projecto do Okavango-Zambeze vai ser um pólo de desenvolvimento económico sem paralelo na História. Antes de 2050 a região da África Austral vai ter grandes auto-estradas a ligarem todos os países da região.


É assim na Europa e na América do Norte. Tem que ser assim também em África. Sem infra-estruturas não há crescimento económico. Não é com picadas que a região vai caminhar e crescer de maneira sustentável. A integração regional exige líderes políticos com visão. Eles aí estão, assumindo um protagonismo que África nunca teve e a região muito menos, porque estava infectada com a doença do “apartheid” e do colonialismo.


É neste quadro que surge a exposição de Joanesburgo, atingindo gravemente a honra de um Chefe de Estado. Ferindo com gravidade o bom-nome e o “self-respect” do cidadão Jacob Zuma. Como aparecem, todos os dias, insinuações malévolas e graves calúnias contra o Presidente José Eduardo dos Santos nos órgãos de comunicação social especializados em manipular e trucidar a honra alheia.


Afinal, não é nada de novo. Os mesmos que agora focam o seu ódio e dirigem as suas acções na comunicação social contra Jacob Zuma ou José Eduardo dos Santos, num passado recente chamavam analfabeto ao Presidente Inácio “Lula” da Silva ou ridicularizavam Fidel Castro e Hugo Chávez. Trataram Saddam Hussein como um bicho do buraco e mostraram ao mundo como se enforca quem ousa impedir o roubo do petróleo. Fizeram o mesmo com Muammar el Kadhafi.


Jacob Zuma e o ANC deram uma boa resposta e agiram com grande maturidade no episódio da galeria de Joannesburgo. De facto, a liberdade de expressão não é superior à dignidade humana que foi tão espezinhada na África do Sul e ainda apresenta muitas cicatrizes.