Luanda -  A potencial expansão do Islamismo em Angola tem suscitado reações esporádicas da opinião pública nacional, vindo de diversos figuras de extractos sociais, entre acadêmicos, religiosos, intelectuais e, inclusive, crentes e fiéis de diferentes religiões.
       

Fonte: Club-k.net

Resposta ao Senhor Altino Miguel

 Tal foi assim, que neste espaço do Club-K, o senhor Altino Miguel debruçou-se sobre àquilo a que este chama de revelações “irresponsáveis e inconsequentes” daqueles que expressam as suas preucupações sobre este fenómeno religioso: as implicações culturais e sociais a assimilação e a adesão aos princípios do Islão no nosso país.


As razões as estas preucupações não são infudadas, como o autor tentou parecer, mas, estão firmes na realidade histórica  da presença e influência do Islão nas sociedades, em especial, nas africanas, em que esta crença mais do que criar união, divide e, pior ainda, corroi as sociedades, os seus hábitos, e as culturas que aquela encontra. Esta crença religiosa fala em “tolerância e irmandade” mas, na prática, vê-se a perseguição à aqueles que não acedam as práticas islâmicas; leva a imposição da lei da Sharia sobre o poder político vigente e  ocupa o espaço social e cultural dos povos em que o Islão faz morada. Em sintese, ao contrário do Cristianismo, o Islão não serve o homem; servir-se se a si mesmo em nome de Deus e com práticas religiosas bíblicas para ocupar o poder politica, e, assim, proclamar as suas vitórias em nossa da conversão de infiéis, quando na verdade, a  religião na
terra está longe de ser assim tão linear quanto o Islão faz crer.


Depois de ter lido o referido artigo, fiquei estupefacto pelas afirmações, muitas delas incoerentes, do meu compatriota Altino Miguel sobre as razões que o Islamismo deve ser aceite pela nossa sociedade. A última coisa que Angola precisa, nesta trilha de modernidade a que nossa sociedade irá inevitalmente viver, é o Islão em nossa casas, a sharia na nossa constituição, a poligamia, baseada no Islão, nas nossas famílias e as mulheres angolanas subjulgadas aos seus maridos, como se estivéssemos no séc. VII (1). A prática do Islão é um retrocesso para as sociedades que se querem modernizar e os individuos nelas que queiram forjar a sua identidade cultural à luz do progresso universal. E não é preciso irmos muito longe para descobrirmos está lógica, bastando prestar atenção as raízes do Islão e os seus efeitos nas sociedades africanas,  que partilham tradições e níveis sociais similares a nossa, para identificar os equívocos de miopia intelectual do qual o compatriota Altino Miguel apresenta.


O Iman Muhammed Shirazi (1928-2001), um dos principais proeminentes lideres e escolástico islâmico, define numa entrevista que o Islão é "tanto como religião como um sistema legal (Sharia) que preenche todas as necessidades do ser humano em todos os estágios da sua vida”, e afirma que o Islão é válido para toda a época, lugar ou nação, ou seja, em suas palavras, "a religião de toda a humanidade...em todas as épocas, lugar ou nação”, a religião “revelada por Deus para orientação e liderança da humanidade” reveladas ao profeta Muhammad (Maóme, em português) (1).


Segundo esta corrente do islamismo, no seu dia-a-dia, os mulçumanos, além de praticarem os ensinamentos do Islão, como as orações, doações aos mais necessitados, adorações, etc, orientam as suas vidas a acomodar estes ensinamentos a sociedade e as culturas em que eles estiverem inseridos. No Mártires de Kifangondo, no distrito da Maianga, em Luanda, é um dos lugares onde a presença em massa de muçulmanos é notável, e a influência destes naquela bairro chama atenção dos seus moradores. Proliferação de cantinas, comércio a céu aberto, casamento, muitos deles arranjados, entre muçulmanos e cidadãs angolanas foram as transformações ocorridas, principalmente, após a presença de muçulmanos oriundos do Oeste da Africa. Num periodo de espaço muito curto, o espaço social dos moradores do Mártires do Kifagindo foi, gradualmente preenchido pela presença de muçulmanos.


Este singular exemplo demonstra que será, e, é, irrefutável, conceber que a potencial adesão ao Islão pelos angolanos levará irremedialmente a ceder  o nosso espaço social, e até cultural, ao Islão, seja a nível pessoal e colectivo. Pese embora, a adesão a uma religião é um direito consagrado na nossa constituição, o seu exercício pode competir com as liberdades individuais de cada um de nós, uma vez que, o Islão não se coabita com as mudanças sociais. Ao contrário do Cristianismo, o Islão é uma religião hermética; fecha-se a si mesma, e, por consequencia, o homem que nela se refugia. O príncipio do Islão defende a ideia segundo o qual ele é a religião a quem Deus orientou  a “liderança da humanidade” (3). Este principio carreta consequências políticas e sociais que os angolanos poderão não prever neste momento mas, muitas países africanos, como a Nigéria e o Sudão, já têm vivido.


 Não é pelas pessoas falarem em “tolerância” que as tornam tolerantes. Por que razão os muçulmanos são tão hostis contra os cristãos nestes dois países? Por não serem fiéis e não se submeterem as leis da Sharia  e aos ensinamentos do Islão? Exemplo disso foi em 2002 uma mulher  nigeriana, que depois de acusada de adultério, foi condenada à apedrejamento;  a perseguição de católicos cristãos no Iraque ainda continua, e, na Europa, os poderes políticos locais confrontam-se com a intrasigência do Islamismo.

 

O Islão tem uma visão absoluta de Deus que propaga a ideia que as sociedades só serão felizes quando o Islão for a “religião da humanidade e de toda eternidade”. Perante esta missão, como seria o espaço social de nós que não somos aderentes do Islão? O que aconteceria se um cidadão angolano violasse um dos actos proíbidos pela lei de Sharia? O que aconteceria aos angolanos considerados infiéis - não aderentes - ao Islão?  A realidade mostra, salvo algumas excepções, que não há, na prática, discriminação ou exclusão social dos muçulmanos angolanos, como o Altino Miguel fez transparecer.


Na prática, a preucupação sobre o fenómeno da expansão do Islão em Angola é inerente ao Islamismo. Os  muçulmanos excluim-se a si mesmos, criando um panaceia de rituais que afectam a sua concepção do mundo, em que o reduzem tudo  a sua volta às leis absolutas do Islão, gerando uma visão absoluta da realidade. O meu compatriotra Altino Miguel pode descordar  com esta assepção -diria assustadora - sobre o Islão mas, a realidade histórica nas sociedades - africanas - confirma que o Islão, em nome da religião e de Deus, Allah, para a sociedade no tempo e no espaço, por que, a ligação entre Deus e o homem - o coração da religião -  é quebrada.

 

 O homem não pode chamar para si mesmo, os atributos eternos como o tempo e o salvação. Não é o homem que salva a Deus mas, sim, Deus ao homem. A religião não é um fim em si mesma mas, um meio. De repente, não de todo um espanto que os muçulmanos sentem-se distantes da cultura e da sociedade, e perante esta dualidade de ser e estar descalabram em ações hostis, uma vez que o seu mundo único, absoluto e intramutável, não é de todo linear. Ele não é mais senão um mundo complexo, misterioso e universal.