Luanda - O resultado dos exames psicológicos de Teresa Pitinho, declarante no processo do caso Quim Ribeiro, deu negativo. Na última sessão, a suposta proprietária dos mais de três milhões de dólares afirmou não estar boa da cabeça, facto que obrigou o tribunal a suspender a última audiência.


*Isabel João
Fonte: NJ


Fontes do Novo Jornal, que não quiseram identificar-se, disseram que Teresa Pitinho nunca teve problemas mentais e que ela mentiu em tribunal. “Ela não sabe como justificar a proveniência dos mais de três milhões de dólares que, segundo o seu marido, Fernando Gomes Monteiro, são dela. Acho que a única saída que ela encontrou foi dizer em tribunal que não estava bem da cabeça”, explicou a fonte, acrescentando que é “muito grave” o que a declarante fez.


Teresa Pitinho disse, na última audiência, que não estava bem da cabeça por causa das pancadas que apanhou dos polícias do Comando da Divisão de Viana, município que era chefiado por Augusto Viana. “Senhor juiz, a minha cabeça já não bate bem, desde o dia 14 de Agosto de 2009”, afirmou em tribunal.


A declarante é a peça mais importante na descoberta da prova material do dinheiro em jogo neste processo e que, presumivelmente, foi a causa das mortes ocorridas no dia 21 de Outubro de 2010 e cujos valores, segundo Augusto Viana, estão com Quim Ribeiro, que se encontra na cadeia, há mais de um ano.


Um jurista ouvido pelo NJ disse que, a confirmar-se o resultado dos exames, os depoimentos de Teresa Pitinho ficarão sem qualquer credibilidade. “Vamos esperar agora o que o tribunal vai dizer, porque terá que explicar onde é que ela encontrou os valores. Se ela não souber justificar como conseguiu acumular os usd 3.700.000,00 pode ir para a cadeia”.


É de lembrar que, até o dia 17 de Maio, o Supremo Tribunal Militar já ouviu mais de 70 declarantes em 37 sessões, mas ainda não encontrou a prova material, ou seja onde e com quem estão os supostos três milhões e 700 mil dólares que alegadamente foram encontrados na residência de Fernando Gomes Monteiro e que, segundo Augusto Viana, estarão com o ex-comandante de Luanda, Quim Ribeiro.


Nas sessões anteriores, o que se foi ouvido dos declarantes destrói a versão que era alimentada publicamente, quer nas conferências de imprensa promovidas pela Procuradoria-Geral, na altura em que o processo estava ainda em fase de segredo de justiça, quer pelo teor da própria acusação, movida pelo Ministério Público contra os réus e retomada pelo acórdão-pronuncia que foi lida na primeira sessão, realizada a 10 de Fevereiro do ano em curso.


O julgamento tem como principal arguido o ex-comandante de Luanda da Polícia Nacional, Quim Ribeiro. Outros 20 réus também respondem pelo crime de violência contra inferior e superior hierárquico.