Luanda - Como já é de conhecimento geral, tanto a nível mundial como a nível internacional, as próximas eleições, a ser realizadas em conformidade com a nova Constituição da República de Angola (modelo eleitoral atípico), agendadas para 31 de Agosto de 2012, serão as primeiras do género no país (e provavelmente no mundo, mas isto é materia para outra ocasião). Perante tal facto, não podemos deixar de observar o comportamento dos principais órgãos de informação do país durante esta época crucial da nossa história. Alguns comentários sobre essa matéria seguem:

 
Fonte: Club-k.net

A motivação (e inspiração) para escrever este artigo foi, na verdade, um comentário lido no site Club-K, onde o comentador, depois de expresser a sua opinião, “postou” a «equação» “CLUB-K = TPA * -1” seguida do comentário “(pra quem entende de matemática sabe bem o q isso significa)!!!”. Recorrendo (talvez até erroneamente) às minhas parcas noções da «ciência dos números», descortinei essa expressão, o que me levou a crêr que o comentador quis dizer que a TPA e o Club-K são, de facto, a mesma coisa, mas em lados opostos da linha numérica.

 

Ora, seria redundante e talvez até supérfluo dizer que a TPA, em termos de jornalismo no contexto eleitoral em que vivemos no país, parece mais uma ferramenta de propaganda política, ou como já tivera sido [adequadamente] apelidada, um órgão de «desinformação» do Governo (para quem duvida disto basta assitir uma edição qualquer do telejornal, o principal serviço noticioso daestação). Podemos até estender essa afirmação aos outros órgãos de informação estatais, nomeadamente a RNA (numa escala similar à TPA) e o ínfame Jornal de Angola (que na minha opinião, representa o cúmulo do jornalismo e provavelmente até já deveria ser encerrado, ou no mínimo, ter mudado de administração)!

 

Em contrapartida, quanto a «equação» proposta anteriormente, acredito que seja verdadeira até certo ponto. O Club-K é, claramente, um portal de informação anti-Governo. Ou isso, ou os artigos pró-Governo ou simplesmente neutros políticamente não satisfazem o critério de selecção do referido portal. Um dos motivos pelo qual digo isso é o conteúdo de artigos na secção de opinião do portal. Na sua maioria, são anti-Governo, com alegações muitas das vezesinfundadas e altamente tendenciosas. Este artigo foi escrito no dia 21 de Junho de 2012, mas acredito que mesmo após esta data a situação permanecerá a mesma! Adicionalmente, em outras secções do referido portal, podemos encontrar títulos como “CNE em vias de contratar a mesma empresa que ajudou alterar os resultados das eleições de 2008” e mais gritantemente “BP do MPLA faz de William Tonet bode expiatório para desviar atenções da manifestação dos ex-militares”, uma notícia obtida através da Angop cujo conteúdo sofreu apenas alterações mínimas e o título original é «MPLA desmente participação de William Tonet no movimento guerrilheiro». A explanação sobre o assunto poderia até provavelmente levar algumas páginas se fossemosdissecar detalhadamente o que considero «falhas jornalisticas» deste portal, então uso essas apenas a título de ilustração, confiante que qualquer leitor apartidário, ou pelo menos íntegro, saberá reconhecer outros atropelos cometidos por este portal. Porém, não obstante as afirmações feitas acima, ainda acredito que em termos jornalísticos, o Club-K é superior aos órgãos estatais previamente mencionados neste artigo.

 

Concluindo, infelizmente durante este periodo crucial da nossa história, as informações que chegam até as pessoas mais interessadas são altamente partidarizadas, tendenciosas e invariavelmente sensacionalistas, influenciando os leitores, telespectadores e ouvintes da maneira desejada pelos autores das mesmas. Infelizmente, a prática de jornalismo independente, apartidário e efectivamente apolítico, jornalismo focado no acto de informar o cidadão, jornalismo no verdadeiro sentido da palavra, ainda não se faz sentir no nosso país, tanto por parte dos apoiantes, tanto por parte dos opositores do governo, excepto alguns esforços evidenciados por alguns semanários da nossa praça.

 

É importante salientar que um órgão de comunicação com as características descritas acima, com jornalistas capazes de analisar aspectos concernentes a todos os Angolanos da maneira apresentada no parágrafo anterior, é um requisito INDISPENSÁVEL tanto para a instauração da Democracia em Angola, como também para o desenvolvimento social, politico, económico, académico (educacional), cultural, etc… da nossa Nação. A informação verdadeira, sem agendas ocultas, é a base para a prosperidade de uma nação no contexto mundial actual, especialmente no contexto africano, que é essencial criar uma autonómia e odesenvolvimento a se alcançar deve ser auto-sustentável (tal como anteriormente, esta também é material para outra ocasião).