Benguela - O meu pouco tempo de passagem cá na terra, permite-me acompanhar de bússola a situação geral do meu berço Angola. Comentários, opiniões, conversa de várias índoles algumas consideradas teimosamente “segredos de estado”. Durante algum tempo questionava-se o verdadeiro papel da sociedade civil angolana. Não nos interessa aqui o seu conceito, sua constituição. No nosso país está claramente dividida em duas alas: A de “deus” que tem como vocação é pregoar os efeitos do seu senhor e dos seus discípulos. Arrastam para as suas fileiras inocentes.


Fonte: Club-k.net



Estas vozes enaltecem a sapiência e as realizações do poder. Transformam o seu homem perfeito no único ser mortal sem máculas. Desafiando a teoria universalmente aceite que os homens são seres imperfeitos. A governação e as suas realizações são sempre uma grande maravilha! Sem nenhum erro ou pecado mesmo quando os nossos olhos não conseguem fugir. As suas actividades são financiadas “pelos dinheiros públicos”. Tornam-se facilmente instituições de utilidade pública ou pessoas privilegiadas junto do poder político. Nesta classe estão, pastores, padres, sobas…


A outra ala a do diabo é feita na sua maioria por pessoas adversas ao regime ou praticamente ao exercício “moribundo” do poder politico. Má governação, corrupção, violação dos direitos humanos, impunidade e muito adjectivos ruins são os seus pincéis para pintar a Angola. Nas suas conferências, debates, seminários, relatórios e outros o quadro do país é bué feio. As suas actividades são financiadas por estrangeiros pois o seu papel de actuação para Executivo é atentado. Como desabafou o Jurista Katumua Nicolau “essas organizações confundem-se com partidos políticos na oposição.” E disse mais “ vivo sem ânimo de frequentar os seus debates ou ouvir as suas opiniões é sempre o A ou B é gatuno, pena é que as pessoas que os assistem aplaudem efusivamente.” “Disso oiço a anos, deviam fazer a ponte entre o cidadão e o governante ” conclui o jovem senhor.


Os dados que esta ala “entrega” ao público é relevante. Pena é que o poder jurisdicional raramente leva a sério. Por outro lado muitas situações que eles criticam alguns dos seus mentores fazem a mesmíssima coisa. Exemplo típico. Dificilmente os seus fundadores largam a organização.


Essa teoria dos sinais contrários recorda-me o jogo da corda. Ganham sempre os mais fortes. Como sabemos que não existem pessoas ilimitadamente perfeitas ou ilimitadamente imperfeitas. Revelamos um défice de cidadania. Alguns que dizem exercê-la, observam apenas o lado mau. Não conseguem tossir de elogios acções do Executivo ou de personalidades mesmo quando óbvio é óbvio e é positivo. Disse uma vez o imortal Savimbi num comício no Lubango em 1992. “Coisas boas se feitas pelo  do MPLA,  devem ser pontuadas, para podermnos criticar as coisas mas”.


As críticas aos governantes ainda considerada tabus. Podem servir de exclusão dos seus actores. Abel Chivukuvuku na sua passagem a Universidade Jean Piaget pólo de Benguela disse “o governante deve saber que as criticas são para melhorar as suas atitudes e não o contrário.”


Este filme a luz e a sombra. Permitem que pessoas fiquem totalmente dependentes de financiamentos ou privilégios. Quando deveriam agir por convicção. A “coacção individual “ de fazer propaganda para cativar-se no lugar ou esperar ascensão política e regalias. A”coacção individual” de apresentar unicamente os males do poder para estrangeiros aprovarem os projectos e continuar a sobrevivência da organização.


Esse modelo de fazer as coisas a sociedade encara com normalidade. O pior é que quando essas pessoas que criticas acerrimamente ao regime basta elogiarem, dizem longo recebeu dinheiro ou foi comprado. Quando criticam são da oposição. Até em aspectos menores como no trabalho. Passam a ser adversários do chefe e da sua equipa. É totalmente reprovável. Nós os humanos não somos anjos.


Não estamos a pôr em causa as escolhas políticas de cada um. O que não é bom é transportar instituições apartidárias em cabos eleitorais ou verdadeiros partidos políticos. Como o sobado, igrejas, instituições do Estado, Ongs … Os seus membros podem ter filiação ou “afinidades” a qualquer partido político é um direito constitucional. Nunca comprometer os ideais nobres das instituições.


Pensamos que não ajudam a reconciliação nacional, a unidade e paz. Precisamos urgentes de um plano global de cidadania. Devemos ser todos cidadãos e não eleitores. Sejamos coerentes nas nossas palavras e actos. É urgente o equilíbrio.