A apreciação foi expressa hoje, em Luanda, pelo director executivo desta organização de defesa dos direitos humanos, Francisco Tunga Alberto, durante a apresentação do relatório sobre as eleições legislativas de 5 de Setembro.

Apesar de ter sido registado um elevado grau de civismo por parte da população nas urnas, Tunga Alberto entende que as eleições decorreram num clima tranquilo mas com bastantes atropelos aos princípios consagrados na lei.

«Viu-se o partido no poder confundido com o governo. Os outros partidos não tinham capacidade de oferecer bens e ilustrar coisas que não fizeram durante o tempo de governação. É aquilo que já habituaram a dizer que o governo é nosso pai, quando é seu direito. Um povo que se mantem numa extrema pobreza e ilustra-lhe com bens, distribuição de carros, distribuição de somas em dinheiro (.....) campanhas eleitoralista em que o presidente perdia-se do cargo partidário», disse.

À semelhança de outros observadores nacionais e internacionais, o Conselho de Coordenação dos Direitos Humanos não deixou de apontar a parcialidade dos órgãos estatais de comunicação social favorável ao partido maioritário.

Aquela organização recomendou também que as organizações ligadas à formação de uma consciência política deixem de passar-se como afectas à sociedade civil para não confundirem as atribuições e fazer com que se respeite a Lei das Associações.

A questão da exclusão de alguns actores da sociedade civil pela CNE na observação do processo também vem sublinhada no documento, considerando-o um atropelo à Lei Eleitoral, tendo recomendado que em próximos pleitos não se voltem a registar.

O relatório recomenda ainda a responsabilização criminal dos actores políticos que durante o processo apresentaram documentação falsa, sendo este um crime punido por lei.
 
Fonte: VOA