Zaire – A província do Zaire continua a ter imensas dificuldades em termo de circulação rodoviária devido as suas picadas que muitas delas desde a conquista da independência em1975 só beneficiaram de obras de desmatação. O troco de estrada-picada que vai do rio Loge ao Nzeto é o que provoca maiores embaraços aos motoristas que se aventura circular nesta picada.


Fonte: Club-k.net

Apesar de o Orçamento geral do Estado (OGE) para o exercito económico de 2012 aprovado em Dezembro de 2011, pela Assembleia Nacional, reservar 1.498.133.626,00 Kzs para a reabilitação da estrada Caxito/Nzeto/Tomboco/Mbanza Kongo, apenas o troco de Nzeto/Mbanza Kongo beneficiou de obras de asfaltagem, pelo menos até ao momento, o restante aguardando pela desminagem e outras justificações incompreensíveis.

Para a reabilitação da Estrada de Mbanza Kongo/Noqui/incluindo o acesso ao Posto fronteiriço de Luvu o OGE reservou um montante de 484.884.400,00 Kzs, mas mesmo assim passados seis meses nada de concreto foi feito ainda. A via continua a apresentar-se em condições piores de uma picada. A mesma situação acontece com a estrada de Kuimba/Mbanza Kongo mais o acesso ao Posto fronteiriço de Mbuela cuja reabilitação foi orçada em 681.600.000,00 Kzs.

Os deputados aprovaram igualmente um orçamento de 7.092.380.251,00 Kzs para a reabilitação da estrada de Caxito/Nzeto/Mbanza Kongo  Auto-estrada Caxito/Nzeto. Todas as obras acima referidas estão a cargo do Ministério de Urbanismo e Construção (Minuc).

A estrada dos petróleos que é a que vai do desvio da Casa de telha ou Kingandanguba ao Soyo parece ter sido esquecido no OGE 202 aprovado ou está incluso no orçamento reservado para a construção de uma auto-estrada. O referido troco – do desvio ao Soyo – deve ser o pior de todos em termo de intransitabilidade na província do Zaire. Como se pode facilmente notar, o Zaire continua a ser esquecido pelo Governo de Angola.

Noutros ângulos – para recordar – a província não tem uma representatividade digna nas instâncias superiores do país, pois, mesmo depois da alerta deste portal continuam ausentes os seus filhos nos cargos nomeadamente de ministro, embaixador, comandante da Policia nacional, contentando-se apenas com dois generais. Para melhor esclarecimento, eis a seguir o quadro da posição política, económica e social da Província do Zaire.

Província do Zaire continuar a ter apenas um vice-ministro, Sebastião Lukinda, do MAPESS (Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social) que é natural de Mbanza-Kongo, aldeia Lambu, e um secretário de Estado da Construção, Joanes André, natural do Soyo. Sempre os mesmos dois generais, Pedro Sebastião, natural do Nzeto e proveniente das FAPLA (MPLA), e Ntonta, natural de Mbanza-Kongo,  ex-ELNA (FNLA).

É notória uma ausência total nas instancias superiores da Policia Nacional, assim como na Diplomacia (Embaixador). O Zaire conta somente com um Governador Provincial, o actual governador. Mesmo na direcção do MPLA, o Zaire só tem Magalhães Paiva Mvunda e Pedro Sebastião no Bureau Político (BP), pode ter alguns no Comité Central (CC), mas são desconhecidos pela população.

Ninguém do Zaire é funcionário sénior na Presidência da República, no Serviço de Segurança como SINFO que poderá ter mudado de nome. No Conselho da República tem um elemento na pessoa de Garcia Wanani, natural de Lambu, comuna de Luvu e reverendo da Igreja Kimbanguista.

Os deputados à Assembleia Nacional (Parlamento) oriundos do Zaire ou pelo círculo Provincial são mudos e desconhecidos pelos “eleitores”, eles não mugem nem tugem. Como se pode facilmente concluir, a província do Zaire não é tida nem achada no Governo do MPLA.

Reitera-seque o governo local deveria ser eleito pelas autarquias, nomeadamente o Governador provincial e seus vice-governadores, assim como os administradores municipais e comunais. Na sequência da última “remodelação” do executivo, um terceiro vice-governador foi acrescentado ao estafe do Governo Provincial, a quem foi atribuída a área técnica e de infra-estruturas.

A notícia foi recebida com cepticismo, tendo em conta que muitos governantes já desfilaram por lá, mas nenhum deles conseguiu dar luz, água, saúde e educação, em suma ninguém pensou melhorar as condições de vida das populações.

O jornal prometeu fazer o São Tomé: ver para crer! O quede tangível mudou desde a referida remodelação governamental, só os habitantes do Zaire sabem.

Fala-se em reabilitação de algumas ruelas e alguns pontecos sobre riachos, assim como a electrificação de alguns aldeões, aldeias e casotas com geradores  de potencia e durabilidade duvidosas. A província do Zaire, juntamente com a de Cabinda, é um dos pulmões económicos de Angola, pois ambos produzem o Petróleo que contribui nas principais receitas de Angola, mas a terra de Ntotela (Rei, Imperador, Sultão, Farão, como quiser) não beneficia deste hidrocarboneto.

O petróleo é produzido no litoral da província, desde a comuna de Tabi no município de Ambriz ao Soyo, mas as refinarias foram construídas, uma em Luanda (pelo colono Português) e outra está em construção no Lobito, província de Benguela. A região de Ambriz foi desmembrada do Zaire e anexada à Província do Bengo, que foi criada em homenagem ao falecido António Agostinho Neto, Presidente do MPLA- no poder - e da República Popular de Angola (RPA).

O petróleo vem do Zaire e Cabinda, em contrapartida o Instituto dos Petróleos foi construído na província do Kwanza-sul. Com o pretexto de guerra, a base logística dos Petróleos foi transferida da vila do Soyo para Luanda com a denominação de SONILS. Sem exagero, no Zaire, mesmo o petróleo iluminante provem da vizinha República Democrática do Congo (RDC) e o gás de cozinha é desconhecido das populações.

Só agora é que se fala da construção no município do Soyo de uma indústria de exploração de gás através de um projecto denominado LNG. Aqui também prefere-se ver para crer o benefício que esta poderá dar aos habitantes “zairenses”, entende-se da Província do Zaire.

A província do Zaire não tem nenhuma bomba de combustível. Os vestígios de bombas de combustíveis, assim como as novas, são permanentemente secos. O combustível é adquirido através dos comerciantes ambulantes chamados por Kadafi, em alusão ao líder da Líbia, que é um país produtor dos petróleos. Nem recauchutagem ou lojas de peças e acessórios para automóveis a Província tem.

Por outro lado, Zaire continua a carecer de prédios e hotéis. Os únicos “prédio” são nomeadamente o Palácio do Governo Provincial com dois andares, o famoso “Hotel Estrela”, que não passa de uma pousada, também com dois andares. Há uma nova estrutura hoteleira de alguns andares construído na vila do Soyo, próximo da Rotunda e de um afluente do rio Zaire.

Também, a antiga província do Kongo, baptizada por Zaire, carece de empresas nacionais; os únicos empregos existentes são, nomeadamente o MPLA, a função pública que se resume no Governo provincial e a administração local.

As populações optam pelas “empresas” privadas todas propriedades dos governantes, com raras excepções, e as multinacionais petrolíferas como a Angola LNG, Texaco (Chevron-Texaco), Total, Petromar, a base logística dos Petróleos de Kwanda (lê-se Kuandá, que significa longe, distante, em língua Kikongo), entre outras, que operam em terra (On Shore) e no mar (Off Shore) ao longo do litoral da província.

No domínio da energia e água, a província não tem redes públicas de abastecimento destes produtos indispensáveis à vida moderna. Com a excepção da vila do Noki que é abastecida com a energia eléctrica antes proveniente da barragem hidroeléctrica de Mpozo, da República Democrática do Congo (RDC) desde o tempo colonial e hoje de Inga, o resto da província está mergulhada numa escuridão infernal.

A luze a água potável são completamente desconhecidas pela população autóctone da província que recorre ao candeeiro a petróleo, esporadicamente ao gerador “Fofando” e os mais pobres a fogueira.

A educação e a saúde constituem outro quebra-cabeças para a província. Ainda existem escolas que funcionam debaixo das árvores, sem quadro, giz e livros. O corpo docente do ensino médio é constituído maioritariamente por jovens formados na RDC, os chamados Langa, com dificuldades da língua de Camões. Quadros superiores, licenciados e doutores, oriundos da província são raros. Os poucos quadros superiores existentes são hostilizados por parte dos governantes.