Luanda -  Em 1975, Luanda mergulhou numa onda de terror. Os esquadrões da morte dos colonos foram desmantelados mas logo a seguir surgiram outros ainda mais violentos que matavam pessoas indefesas, torturavam, agrediam indiscriminadamente. Eram as “Brigadas da Juventude Revolucionária” (BJR). Levaram o luto e a dor a milhares de famílias luandenses.


Fonte: Jornal de Angola

Gatos com rabos de fora

Um tal “Movimento Revolucionário Estudantil” convocou uma manifestação para o mercado de São Paulo, em Luanda. Cuidado com as imitações revolucionárias! A visibilidade mediática que a RTP, Lusa, Voz da América, France Press e outros Media estrangeiros dão a este novo grupo, justifica-se pelos danos que os seus membros podem causar à sociedade, ao mesmo nível das BJR.


Não vejo qualquer diferença entre o espírito sanguinário que animava os membros dos esquadrões da morte de 1975 e os “revolucionários” que convocam uma manifestação ilegal, ao sábado de manhã, para o mercado de São Paulo. Se as autoridades andassem distraídas, bastava um pequeno incidente para acontecer ali uma tragédia. É que no lugar escolhido para a concentração dos “revolucionários” no sábado de manhã estavam milhares de vendedores e os seus clientes. Aquela zona da cidade e até ao Sambizanga é habitada por uma esmagadora maioria de apoiantes e militantes do MPLA. Estamos em pré-campanha eleitoral e é natural que alguém queira extremar posições. Se os “revolucionários” conseguissem os seus intentos, seria o caos. É isso que querem?


Os delegados da RTP em Luanda percebem onde quero chegar. Manipular meia dúzia de irresponsáveis para irem protestar contra o Presidente José Eduardo dos Santos, no seu bairro, no meio da sua gente, é um verdadeiro crime. Quem o fez ficou de longe a ver os resultados. A RTP arranjou um tal Isaac Manuel para o senhor Catarro não dar a cara. A Voz da América serviu-se de Coque Mukuta. “Embebidos” nas forças “revolucionárias” acabaram por ser detidos. Mais para protegê-los do que outra coisa.

Catarro sabe que em Angola os jornalistas não têm títulos profissionais. Basta uma empresa contratar alguém nessa condição e passa logo a fazer parte da classe. Mas isso não quer dizer que conheça as regras, os preceitos éticos e deontológicos, saiba o que é o dever de cuidado. Ao atirá-lo para a fogueira, ele quer mesmo que o moço seja detido, para depois ter notícia.

Todos os outros usam o mesmo método. “Contratam” uns pobres diabos que se comportam como manifestantes e depois ficam com uma boa notícia para dar, quando não havia notícia nenhuma. Se a RTP e a Lusa estão em Angola para isto, o melhor é fecharem a loja e mudarem de ramo, até porque os angolanos têm acesso a muitos canais, não precisam da RTP para nada e muito menos que atirem contra nós, uns pobres diabos que nem sequer têm nível de agentes provocadores.

Outra coisa bem diferente é a presença entre os “revolucionários” de Nfuka Muzemba, líder da juventude da UNITA. Ele fez a Isaías Samakuva o mesmo frete que Coque Mukuta e Isaac Manuel fizeram à Voz da América e à RTP. Ou a presença de Rosa Mendes, chefe da juventude do Partido Popular que nem sequer conseguiu ir a eleições. Ou do “politólogo " que ficou todo o santo sábado aos comandos do “Club K” lançando pedidos lancinantes para que os angolanos façam “bloco”.


Os pobres diabos que foram para o mercado de São Paulo brincar com o fogo, estavam ao serviço da UNITA, do Bloco Democrático, do Partido Popular e da RTP. Velhas alianças e lobbies e mais um festival de irresponsabilidade. Por aqui se vê quem quer a paz e reconciliação e quem quer ver o circo arder.