Alemanha  - Foi dado o sinal de partida para as eleições e quase todos os parceiros do jogo político em Angola, Tanto partidos da oposição como sociedade civil, personalidades políticas independentes e lideres iniciaram a corrida.


Fonte: Club-k.net


A questão não se coloca só, na oposição. É também um problema de definição da massa critica da nossa sociedade, entre eles, muitas das conhecidas figuras de opinião política independente e vários jovens da nova vaga da critica política.

Trata-se assim de uma resposta coletiva dos setores críticos da sociedade angolana que arrasta os cidadãos para um processo decisório na vida de todos nós os próximos anos.

Quem aceita participar num jogo, seja ele qual for, principalmente, quando sério e de alta responsabilidade, deve saber quais as regras e formas de controlo (arbitragem) do jogo.

Deve também saber e confirmar se estão criadas as condições de cumprimento cabal das mesmas.
O que nós assistimos é que a chamada “oposição séria” “oposição verdadeira”, “oposição credível” etc. e os sectores mais esclarecidos dos cidadãos, embora tenham uma rica experiencia histórica de eleições fraudulentas; o conhecimento das principais formas de manobra para destorcer os resultados do voto, não foi capaz de colocar em cima da mesa, de forma definitiva e clara, as condições, sin qua non, para participar nestas eleições.

A oposição no seu discurso, ao mesmo tempo que, foi colocando questões justas, como a transparência do processo, o cumprimento da constituição, auditoria ao FICRE e ao software, a verdade eleitoral e outras coisas parecidas, não foi capaz de apresentar os limites do legal e politicamente aceitável e os pontos que representariam a completa rotura.

Mais importante do que tudo isto, deveria saber limitar no tempo o cumprimento das condições básicas para um processo transparente, justo e verificável.

O resultado desta indefinição foi a aceitação por parte de todos os partidos e da opinião crítica, da participação nas eleições, sacrificando seriamente as condicionantes supremas desta participação.

Para colmatar a incoerência da sua posição, foram surgindo mecanismo compensadores desviando a questão para “A melhor forma de controlar da fraude”.

Várias propostas têm sido apresentadas, algumas delas publicamente enquanto que outras, foram tomadas como secretas, sendo esta justificação, um dos maiores absurdos que se constatou na história política desta “oposição verdadeira”.

O que é facto é que os pontos mais relevantes no próprio controlo da fraude, que foram sendo colocados, como o Registo eleitoral, auditorias ao FICRE, os cadernos Eleitorais e tempos de publicação, o ressurgimento do INDRA, entre outros, ficaram protelados para outro plano, ainda não conhecido.

Assim começa uma campanha eleitoral com tudo o que já se sabia: - não haverá transparência, os cadernos eleitorais podem aparecer em fase em que não haverá controlo, não haverá auditoria da FICRE, a INDRA vai controlar o processo, o MAT foi o fator de decisão.

Posto isto é momento para perguntar: onde ficaram as principais reivindicações da oposição.

Para onde caminha a oposição?

Estão nas eleições para depois apresentarem as suas contestações?

A quem irão apresentar as ImpugnaçõeS ?

O que tem imperado neste processo político por parte de todos os atores da oposição é mais a paixão em vez da razão, é mais a conveniência e por vezes o oportunismo em vez da evidencia jurídico-legal e política.

Na verdade esta história de participar nas eleições a qualquer preço tem a sua origem no seio da chamada “oposição verdadeira ou séria ou credível” .

Alguns dos partidos desta oposição, assumiram-se como partidos eleitoralistas desde o início, colocando-se contra atitudes tomadas por aqueles que, por natureza, seriam parceiros.

Este posicionamento, embora hoje esquecido, teve o seu impacto, sobre os parceiros/concorrentes tendo criado, provavelmente, turbulências nas linhas de decisão, o que favoreceu o MPLA e seu presidente.

Agora aqui estamos, num labirinto que pode ser interpretado como o resultado de uma posição de Masoquismo coletivo.

Só o futuro dirá.

Paulo Mulemba - Analista político do portal ( www.ponto-final.net )