Luanda -  A campanha eleitoral entrou na segunda semana e os candidatos percorrem Angola em todas as direcções para levarem a sua mensagem política e os seus programas aos eleitores. Alguns também levam calúnias e faltas de respeito, mas esse problema vai ser seguramente resolvido no dia da votação, por quem tem o poder de escolher os deputados e o próximo Presidente da República.

Fonte: Jornal de Angola


O importante a realçar neste momento é que Isaías Samakuva foi a Ndalatando e a Malange, percorrendo centenas de quilómetros de estradas asfaltas. Ficou alojado em bons hotéis onde ontem só existiam ruínas. E se tivesse precisado de assistência médica, tinha nos hospitais por onde passou excelentes profissionais da saúde à sua inteira disposição. Provavelmente alguns deles votam no seu partido.


Abel Chivukuvuku foi para o Huambo viajando numa estrada confortável que custou milhares de milhões de kwanzas. Quando passou a quilométrica ponte do rio Queve deve ter-se recordado dos seus amigos do “apartheid” que destruíram a ponte em 1975, quando as tropas sul-africanas retiravam à pressa, porque nunca imaginaram encontrar à sua espera todo um povo em armas.

Chivukuvuku falhou nessa altura e falhou também quando fez tudo para “somalizar” Angola e reduzi-la a pó. Mas desta vez ganhou. Fez mais de 600 quilómetros numa excelente estrada asfaltada, paga com o suor dos angolanos. Depois decidiu ir da cidade capital do Planalto Central para Menongue, percorrendo a excelente estrada asfaltada que liga as três províncias: Huambo, Bié e Kuando-Kubango. É uma estrada fabulosa, sem uma única curva. Tem o rumo de Angola, nos últimos dez anos.


Podia ter dado um salto ao Cuito. A estrada também é asfaltada. Aproveitava para render homenagem aos mortos naquele cemitério impressionante onde estão as vítimas dos massacres da UNITA, partido do qual na época era um dos mais altos dirigentes. Fica sempre bem pedir perdão.


Chivukuvuku foi para Menongue por estrada e viu seguramente aqueles prédios todos à entrada da capital da província. Lá no alto da avenida principal, a imponente estação do caminho-de-ferro. Naquelas terras, os angolanos escreveram a mais brilhante página da libertação de África. Foi no Kuando-Kubango, na sua antiga capital, o Cuito Cuanavale, que o “apartheid” foi destroçado. Nessa época o líder da CASA-CE estava do lado dos invasores e apoiava o regime racista de Pretória. Mas depois de 2002, esses tempos são “águas passadas”. Ficava-lhe bem render homenagem aos heróis da batalha que proporcionou ao mundo libertar-se do mais hediondo crime que alguma vez foi cometido contra a humanidade: o apartheid.


Os jornalistas nacionais e estrangeiros que andam por Angola na cobertura da campanha eleitoral têm hotéis e restaurantes. Têm um sistema de telecomunicações moderno. Podem usar o telemóvel no Dirico, em Cabinda, no Luacano, na Lucira ou no Chitado. Onde quiserem e chegarem. Não acreditem que a telefonia móvel em Angola não funciona. Podem falar da Damba para Washington, do Kisseke para Lisboa, do Luinga para Paris ou do Humbe para Londres. A Internet banda larga chega a todo o país. Os observadores internacionais estão alojados nos excelentes hotéis de Luanda e encontram o mesmo conforto em praticamente todo o país.


Há dez anos, quando chegou a paz, Luanda tinha quatro hotéis dignos desse nome e fora da capital havia mais dois ou três. Hoje é só escolher. Os preços, dizem os entendidos, são elevados.


Pode ser que com a concorrência, desçam. Porque estão em construção mais algumas dezenas de unidades em todo o país. Só foi possível organizar estas eleições porque em dez anos Angola fez o que muitos países não conseguem fazer num século. Há que reconhecer o mérito a quem o tem. Em primeiro lugar aos que governam Angola e aos que na oposição fazem andar as coisas melhor e mais depressa. Em segundo lugar, aos empresários nacionais e estrangeiros que acreditaram em nós. Mesmo não sabendo o que “isto ia dar” investiram fortunas em todos os sectores da economia. Estamos seguros que todos os angolanos, de todos os partidos, estão reconhecidos a esses empresários que tanto fizeram e fazem por Angola. Sem eles, muito provavelmente não existiam estruturas para realizarmos estas eleições.


Em último lugar, é preciso reconhecer o apoio de instituições internacionais e aqueles países amigos que nos deram a mão e nos estão a ajudar nesta caminhada rumo ao progresso e à felicidade.


Aos candidatos às eleições e a todos os que nos visitam, é legítimo fazer um pedido: imaginem Angola há dez anos, destroçada, faminta, paralisada, vertendo lágrimas de dor e de sangue. E vejam o que está feito em dez anos. Mas vejam também o que falta fazer. Vejam com muita atenção. Porque nas próximas eleições já não vão encontrar os muitos problemas que hoje ainda temos. Porque quem fez o mais difícil, vai seguramente fazer o que ainda falta.