Luanda -  A Comissão Nacional Eleitoral está a fazer um trabalho a todos os títulos notável e que deve merecer o aplauso dos angolanos. Para alguns sectores da sociedade, a forma irrepreensível como os seus membros estão a desempenhar a sua missão pode ser uma surpresa. Mas para quem olha para todo o processo eleitoral, desde o registo dos eleitores até ao presente, é apenas o culminar de um trabalho competente e honesto, que envolveu milhares de pessoas.

Fonte: Jornal de Angola

Tudo começou com os brigadistas que percorreram todo o país a registar os eleitores. Andavam eles no terreno enfrentando enormes dificuldades e a comunicação social privada dava à estampa notícias e opiniões que punham em causa a sua competência mas também a capacidade de cumprir a missão. Podiam ter baixado os braços. Podiam ter abandonado a missão.


Mas as críticas injustas serviram de “combustível” para fazerem ainda mais e melhor. Os eleitores que vão votar no dia 31 de Agosto foram registados por milhares de mulheres e homens que chegaram a todos os recantos de Angola, para que ninguém ficasse de fora. A vitória é de todos.


Dos partidos que concorrem às eleições mas também daqueles que acabaram por ficar fora da corrida. A vitória é das Igrejas que foram incansáveis no apoio ao Registo Eleitoral. A vitória também pertence em grande medida às autoridades tradicionais que conseguiram mobilizar as suas comunidades. A sociedade civil fez tudo para que os mais de nove milhões de eleitores que vão às urnas em 31 de Agosto adquirissem capacidade eleitoral. Este foi um grande desígnio nacional e só foi cumprido cabalmente porque todos deram o seu melhor para que o resultado fosse brilhante.


A Comissão Nacional Eleitoral tomou conta do processo num momento particularmente difícil. Quando o Tribunal Supremo considerou ilegal a nomeação de Susana Inglês, houve quem temesse que o processo eleitoral tivesse entrado num beco sem saída. Mas, em tempo recorde, o Conselho Superior da Magistratura Judicial escolheu, nos termos da Lei, o seu substituto: André da Silva Neto. Todos ficaram a ganhar. A vitória é de todos. Mas é justo salientar a posição construtiva do partido MPLA que fez uma declaração prévia: “aceitamos incondicionalmente quem for escolhido”. O Presidente da República, com a sua ponderação e sabedoria, também contribuiu para que a CNE continuasse o seu trabalho, com um novo presidente.


A Comissão Nacional Eleitoral está carregada de legitimidade democrática porque é uma emanação da Assembleia Nacional, a Casa da Democracia. Dela fazem parte elementos de todos os partidos com representação parlamentar. É um órgão colegial que ninguém pode pôr em causa. Mesmo que alguns políticos tenham pressa e exijam alta velocidade.


A sabedoria popular diz que as coisas bem feitas e duradouras têm que andar “malembe-malembe”. A banda larga e a velocidade da luz não são chamadas para o processo eleitoral.


Este fim-de-semana, a Comissão Nacional Eleitoral começou a afixar nas assembleias de voto os Cadernos Eleitorais. Os que viram uma conspiração na decisão de decretar uma pausa escolar, sabem agora que estavam enganados. As escolas de todos os níveis em toda a Angola vão ser assembleias de voto. Ninguém está a imaginar os Cadernos Eleitorais afixados em escolas cheias de crianças, adolescentes e jovens e ao mesmo tempo os eleitores a invadirem o espaço escolar para conferirem os seus nomes. Mais uma medida em que todos saíram a ganhar. Mais uma vitória de todos.


O líder de um partido falou grosso e alto sobre os Cadernos Eleitorais. Viu na sua não afixação uma fraude! Por vezes, é bom pôr os pés na terra e andar a uma velocidade normal. Nem todos podem ser Usain Bolt. Nem ele se move à velocidade da luz. Os Cadernos Eleitorais estão a ser afixados em todas as assembleias de voto do país.


Mais uma grande vitória de todos. Mesmo dos partidos e coligações que, por serem recentes e não terem representação parlamentar, não fazem parte da Comissão Nacional Eleitoral, ainda que alguns andem a lançar suspeitas de fraude desde o seu nascimento.


O processo eleitoral em Angola está ao nível dos mais bem organizados do mundo.Provavelmente até está uns furos acima dos melhores. Porque desde 1992 que as Comissões Nacionais Eleitorais são confrontadas com injustas e injustificadas suspeitas de fraude. Para provarem essas falsidades, têm mesmo que ser excelentes entre as melhores. Foi assim em 1992, quando Onofre Martins dos Santos comandou uma equipa abnegada e competente até ao fim do processo. Foi assim em 2008, com Caetano de Sousa, que foi obrigado a conduzir o processo ainda com as dificuldades do após guerra presentes no nosso quotidiano. É assim agora, com o conselheiro André da Silva Neto.


Ontem como hoje, o processo eleitoral atinge altos padrões de competência, transparência e fiabilidade. Era bom que os angolanos, de todos os partidos e coligações, soubessem agradecer aos membros da Comissão Nacional Eleitoral pelo excelente serviço que estão a prestar ao nosso país. E só há uma forma de fazê-lo: irem todos votar no dia 31 de Agosto.