Luanda - Em menos de dez minutos, Abel Chivukuvuku, o presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), lançou no terreno das ambições políticas todos os dados da mais jovem formação política criada no país, abrindo assim a campanha eleitoral, em que, segundo ele, marcará decisivamente a viragem no modelo de governação, na forma como a coisa pública está a ser gerida pelo actual partido no poder, na perspectiva única de tornar iminente aquilo que ele prevê no dia 31 de Agosto próximo: o desastre eleitoral do seu principal adversário,o MPLA e o seu cabeça de lista; José Eduardo dos Santos.


Fonte: Figuras&Negocios

Abel Chivukuvuku segue a mesma linha discursiva desde que fundou a Casa: o sentido crítico continua cada vez mais acentuado e na sua intervenção sobre a abertura da campanha eleitoral da sua coligação, fez questão de denunciar algumas jogadas pouco simpáticas delineadas pelo partido no poder, como o facto deste estar a utilizar “ilegal e abusivamente, e sem nenhum pudor, todos os recursos do Estado, recursos esses que são de todos os angolanos, incluindo a vergonhosa manipulação dos órgãos de comunicação social públicos, particularmente a TPA”, conforme salientou.

Para si, “os mais altos dignitários do regime publicamente apelidados de corruptos, assumiram agora ao mais alto nível, que, afinal, também são os principais corruptores e promotores da corrupção em Angola”.

“Na falta de credibilidade moral e ausência de uma visão positiva sobre a Angola a construir, tentam desesperadamente corromper as mentes das forças vivas da Nação. Será que quem assim se comporta merece o voto consciente do cidadão? Será que quem reconhece perante os factos que é corrupto e não nega perante as evidências que é corruptor, merece continuar a governar o nosso País? Este é o momento das grandes opções e cada cidadão deve julgar todos estes factos, na hora do voto”, disse.

Abel Chivukuvuku mostrou-se optimista quanto ao resultado nas eleições gerais de Agosto e , para não variar, reafirmou o “compromisso solene” de tudo fazer para que a “mudança positiva, ordeira e responsável há tanto almejadas, passem de sonho a realidade palpável neste histórico ano”. E fez referências divinas, sem ´no entanto, “apedrejar” o poder e quem o exerce… “O Senhor, Pai Celestial, proveu o território de Angola, de lés a lés, com todas as riquezas imagináveis, para que os seus residentes pudessem usufruir delas e viverem realizados e com dignidade, de geração em geração.

Contrariamente a este desígnio, alguns seres humanos, ao longo dos tempos, foram tudo fazendo para que a maioria dos angolanos não beneficiasse dessa dádiva. O cidadão José Eduardo dos Santos, hoje candidato a Presidência da República, cargo que já exerce há 32 anos, sem nunca ter sido para tal eleito, faz parte dos que têm inviabilizado a realização política, social e cultural da maioria dos angolanos, reservando o acesso a essas riquezas que DEUS doou para todos, a um punhado de cidadãos, seus próximos. Assim, o que devia ser de todos, passou a ser de uns poucos”, afirmou.

Para si, volvidos cerca de 37 anos após a proclamação da independência nacional “Angola continua a ser um País potencialmente rico mas habitado por uma maioria de cidadãos pobres”. E argumentou: “apesar de toda essa riqueza potencial, ainda hoje cerca de 65% da população angolana vive na pobreza absoluta”.

“Apesar de termos uma imensidão de rios e fontes energéticas diversificadas, o actual governo é simplesmente incapaz de utilizar esses recursos e providenciar água e energia para a maioria dos cidadãos. Apesar de termos sido abençoados com solos aráveis em quase toda a extensão do território, o actual governo não tem nem vontade política, nem capacidade de estruturar, um sistema produtivo à altura de garantir a segurança alimentar nacional, refugiando-se, como já é regra, na contínua importação de alimentos. Apesar de termos fontes inesgotáveis de matéria prima para a produção de materiais de construção, os angolanos continuam a viver em condições habitacionais precárias e sem saneamento básico adequado, enquanto as ditas novas centralidades estão às moscas, porque foram concebidas como negócio para os detentores do poder”.

Para o presidente da Convergência Ampla para a Salvação de Angola, a sua formação política é “o instrumento para a verdadeira viragem que o País deve protagonizar: viragem, para uma atitude e postura credíveis de luta contra a corrupção, contra os desvios do erário público e contra o nepotismo.

Viragem para a responsabilização, a todos os níveis da vida pública nacional para o fi m da impunidade. Viragem para um futuro de efectiva reconciliação, irmandade, diversidade na unidade e solidariedade activa. Viragem para uma governação visionária, moderna, competente, humanizada e honesta, onde a qualidade de vida do cidadão angolano seja o factor de avaliação do progresso e do desenvolvimento”.

“Viragem, é a proposta que a CASA coloca perante aos angolanos, como compromisso nacional a materializar nas eleições deste ano. É a mudança que a CASA propõe para terminarmos, serena, pacífica e ordeiramente, os 32 anos de poder ininterrupto e nunca eleito. O actual Presidente da República, que respeitamos, já cumpriu o seu papel. Chegou a hora de passar o leme. Saber sair no momento apropriado, com elevação e dignidade, nunca será uma fraqueza mas sim uma virtude”, disse.

Mas reconhece que tem pela frente uma tarefa tão árdua para conquistar o poder. “Chegou a hora, meus concidadãos. Levantai-vos. Ide ao encontro dos nossos concidadãos e levai a mensagem. A mensagem sobre a mudança positiva e responsável, que temos de realizar neste ano de 2012. Chegou a hora, companheiros. Arregaçai as mangas e ide, porta a porta como temos feito, ao encontro da juventude; das mamas; das zungueiras; dos camponeses; dos funcionários públicos; dos militares; ide ao encontro dos polícias; ide ao encontro dos agentes económicos e dos empresários e levai a boa nova de um futuro de justiça, de igualdade de oportunidades, de progresso e de liberdade, apelou durante um discurso que também foi marcado pelo convite a um debate público ao cabeça de lista do MPLA, José Eduardo dos Santos. Assim, com o devido respeito e consideração, convido o candidato José Eduardo dos Santos a debatermos publicamente, abertamente, olhos nos olhos, as diferentes visões e programas que cada um de nós tem para Angola, e assim contribuirmos positivamente para o fortalecimento da nossa democracia. Apelo aos órgãos de comunicação social públicos para assumirem um papel patriótico e histórico, estruturando e organizando estes debates entre os candidatos a Presidente da República e entre os candidatos a Vice – Presidente da República. Certamente, sairia Angola a ganhar, e teríamos dado um passo exemplar para o fortalecimento da democracia angolana”, desafiou.

Entretanto, Abel Chivukuvuku desejou que a campanha eleitoral seja para todos os angolanos um momento de alegria, de festa, de debate contraditório e de argumentação competitiva. “Na qualidade de Presidente da CASA, ordeno a todos os membros, activistas e amigos da nossa CASA, a pautarem pelo estrito respeito das regras e princípios democráticos e agirem sempre, dentro dos marcos de um comportamento cívico exemplar. Tenho clara noção de que uma campanha eleitoral envolve sempre alguma tensão, alguma contrariedade e alguns dissabores. No entanto, tenho também confiança nos membros, activistas e amigos da CASA, que em quatro meses de existência, souberam demonstrar grande maturidade, sentido de estado e amor à Pátria para continuarem a surpreender positivamente o nosso País, porque somos um projecto político verdadeiramente novo e diferente”, afirmou.