Cabinda - Com tal discurso, José Eduardo dos Santos parece ter sentenciado a vitória do seu partido em Cabinda. Mas a questão que se coloca é, quem irá gerir o dinheiro anunciado? Aldina da Lomba está bem perto de conseguir tal proeza. Pelo menos tem meio caminho andado. Tudo depende do Chefe do Executivo (JES) a confirmar-se nos próximos dias e das razões objectivas ou subjectivas que irão presidir os interesses em jogo. Os interesses são de natureza política, militar e social.

Fonte: Club-k.net

Afinal muito do tecido social ficou algo comprometido em Cabinda por falta de tal dinheiro que dependia inteiramente da gestão autónoma das autoridades locais. E não é menos linear adivinhar que o êxito da visita do Presidente da República ajuda a antever que Aldina da Lomba irá mesmo ser a próxima gestora do invejável dinheiro que faz com que qualquer angolano capaz sinta vontade de governar a província de Cabinda. 10% das receitas fiscais do petróleo são muito dinheiro à disposição de um governador.

A oposição promete estatuto especial aos cabindas, o que se limita em discurso eleitoralista ao passo que o Presidente do MPLA e da República foi mais realista ao anunciar o retorno de algo que já havia dado.

Bem, talvez, o estatuto especial de que a oposição fala seja algo mais do que aquele negociado com FCD. É normal pois que os membros deste Forum sempre demonstraram uma letargia impressionante no que diz respeito a algumas reivindicações políticas que até lhes deixaria bem na fotografia. Estes é que foram bem ultrapassados pelo discurso do Presidente José Eduardo na Província de Cabinda. O 10% ao invés de ser trunfo do FCD passou para órbita do MPLA. Como político experiente, o Presidente da República nem mesmo falou de alguns inconvenientes como o do Memorando de Entendimento do Namibe, e fez muito bem para não diminuir a boa imagem do MPLA em Cabinda.

O Presidente José Eduardo dos Santos alavancou mesmo a figura do MPLA em Cabinda deixando-o numa condição algo confortável numa província onde a disputa eleitoral e encarada com muita racionalidade, prova o facto do Secretário-geral Dino Matross ter ainda ficado no terreno para assegurar a conquista alcançado pelo seu líder na sua triunfante visita. O regresso à Cabinda do Presidente da República anula certa visibilidade da UNITA, CASA-CE e do PRS já que outras formações políticas em jogo pouco ou quase nada fazem no enclave angolano.  

Com faro de estadista, o candidato do MPLA anunciou para o gáudio do povo de Cabinda o regresso da gestão autónoma dos 10% das receitas do petróleo em falta durante o curto espaço de tempo que Mawete João Baptista lá esteve sendo que ainda assim conseguiu deixar uma Faculdade de Medicina. Tudo indica que se tivesse tal dinheiro em mão muitas mais coisas seriam inauguradas.  

Neste momento, em Cabinda, o M tem 3 e a oposição dividida entre a UNITA e CASA-CE tem 2 divididos entre si. Vamos a ver como será até o dia 31. Qual será a tendência MPLA manterá os quatros conseguidos no pleito passado ou dará chapa cem como apregoava a no dia de maior acto de massa desde que se conheça a actual campanha política eleitoral no círculo de Cabinda.

José Eduardo dos Santos revelou-se muito atento ao que se escreve à nível do jornalismo digita ou da imprensa em geral, e foi com base nisso que respondeu de forma simpática a questão reclamada pelos baiombi, os que acolheram os guerrilheiros nas florestas do Maiombe, contando Sanda Massala e outros pontos. Afinal a população do Maiombe vem reclamando apenas um pouco mais de oportunidade, atenção e destaque para se fazer jus a historicidade dos factos e circunstantes dos anos em que os irmãos cambuntas estiveram no Maiombe.

O Presidente da República fez referência em Cabinda a aquela épica coluna que saiu do Maiombe para Cabinda onde se implantou para em definitivo fazer a administração que hoje governa a todos os angolanos. Estão cobertos de razão os filhos do Maiombe quando revisitam os factos do passado não muito longínquo. A resposta agradou o povo do Maiombe, aguardando a penas que o partido amigo siga mesmo o assunto no que se refere o tratamento dos quadros e antigos combatentes daquela zona. A zona é de facto bastante fértil em cérebros. É preciso que se injecte mais baiombi’s quer pela via da tecnocracia como pela via da militância sem que para tal isso seja rotulado de tribalismo.

Não se deve continuar a pagar pela factura e recalques dos radicais que alegam o facto do  MPLA ter sido guardado no Maiombe ou ter entrado em Cabinda quando são os radicais de sempre que se beneficiam dos proventos do MPLA só porque se anteciparam nas oportunidades?

O Presidente da República soube dividir o mal pelas aldeias ao elogiar alguns cabindas, maior parte, do sul e bem ao reconhecer que os homens da sua geração foram bem recebidos no Buco-Zau e Belize quer dizer no Maiombe como deixa bem escrito o insigne escritor Pepetela.

A emoção apossou-se do povo de Cabinda ao ouvir do Presidente da República dizer que «foi nas áreas libertadas que centenas de jovens de todas as províncias frequentaram os centros de instrução revolucionária e daí partiram para libertar a pátria, de Cabinda ao Cunene».

O ex-governador Mawete que também passou por Sanda Massala quis muito consagrar a área pelo que num destes dias, no calor da pré-campanha, levou todo o executivo local e jovens da província para uma partida de futebol na referida localidade citada ao longo da intervenção do PR tendo captado atenções dos habitantes dos países vizinhos ao norte da província.

Quanto a Matilde da Lomba, teve um discurso à preceito, tendo saído bem para quem teve de um lado o Presidente da República e de outro a população, mas que população das mais difíceis de convencer. No entanto saiu à feição. Ela mesma convidou o Presidente, na qualidade de ilustre presença tomar a palavra. Mangoio, Macongo e Maloango caiu bem aos ouvidos dos presentes, por isso, a par do cabeça de lista, foi muito ovacionada. Ficou a sensação de que o presidente gostou do ambiente mais ainda quando ela dizia que o povo de Cabinda iria apenas confirmar com X a vitória do nº 2 no dia 31. Com ela, o género pode triunfar em Cabinda sem que para tal se deixe de apelar a calma, amor e fraternidade o que la vem abraçando cada vez mais face ao que todos esperam já que como mulher pode imprimir mais irmandade face a condição de maternidade inerente às senhoras. Ela tem tudo para ser uma boa governadora, basta repelir aqueles que a todo o custo tendem a levar fofocas e bajulações.

É preciso continuar a vigiar-se em favor do jogo democrático na província com objectivo de que todos e beneficiem pelo trabalho feito intra e extra-partidário, defendem alguns. Dizem mais que o ganho é merecido a quem trabalha. Há-que reconhecer as competências de alguns quadros, como, por exemplo, do Macário Lembe, Vice-Governador que apesar da sua etiologia trabalha sem poupar esforços em homenagem aos bons propósitos da governação e de outros quadros até mesmo tidos como sendo da ala mawetista. No mesmo diapasão, há-que reconhecer a capacidade de trabalho do jovem Secretário do Urbanismo, Ambiente e Ordenamento do Território. Ele é humilde e bom.

Não é mau por exemplo reconhecer que uma Faculdade de Medicina tenha sido construída no do tempo do ex-governador, mesmo que as obras tenham sido monitoradas centralmente. Por outro, foi construída sem os 10%. Nesta senda, convém reconhecer também que Aldina da Lomba está a trabalhar no melhoramento das vias secundárias e terciárias ao longo do casco urbano ou peri-urbano. Ela conseguiu junta pessoas no acto de massas aquando da presença do Presidente da República no Tafe, mesmo que para tal tenha contado com o concurso de Bento Kangamba e outras personalidades. Importa reconhecer que foi uma deslocação preparada com minúcia, basta ver que dias antes também se tinha deslocado para o local o General Kopelipa cujos representantes em Cabinda se denota grande acutilância, é o caso do Comandante da Região General Eugénio, o coronel Válter, Generais Henrique Futy e companhia.   

Voltando a Cabinda, até agora, com a ida do Cabeça de lista do MPLA, em que de facto, a Matilde da Lomba se terá saído bem na fotografia, a procissão vai em 3-2, sendo que 3 estão favoráveis ao M e 2 repartidos entre CASA-SE e UNITA, sem descurar o PRS que até uns dias colocou algumas bandeiras no Bairro Lombo-lombo.

Portanto, Aldina continua a superar Jorge Congo/Lelo pela CASA-CE e Raúl Danda pela UNITA, também pudera! Para além da sua boa vontade, ela contou com o grande factor de desequilíbrio que é a deslocação do líder do MPLA à província. Ela vai dialogando muito com as demais estruturas sociais e vai deixando a mensagem de que não quer fofocas nem bajulações. É bom numa altura em que se sabe que o ex-governador volta a província para cumprir o seu dever cívico de voltar, como bom apregoador da vitória do partido em que milita e comunga os ideais. Ali seria bem que em definitivo, houvesse bom senso das partes em se saudarem porque estariam a deixar bons indicativos quanto a responsabilidades que têm como dirigentes do seu partido e ávidos de continuarem a dar o seu contributo no quadro das tarefas que lhes serão confiadas.

Por outro, mesmo sendo apartidárias, é importante dizer que as Forças Armadas em Cabinda muito fazem no que resulta numa imagem estatal seja cada vez melhor. E isto, querendo ou não ajuda a desequilibrar em favor da Matilde, é mais um factor. Os militares estão juntos das populações num claro sinal de maturidade política.