Washington – Um grupo de 33 angolanos residentes nos Estados Unidos da America subscreveu uma missiva a Secretaria de Estado, Hillary Clinton para manifestar preocupação respeitante ao clima eleitoral em Angola com realce as ameaças do partido no poder em “varrer”  adversários políticos. O Club-k.net teve acesso a missiva que pública a sua versão em Português. 


Fonte: Club-k.net

Preocupados com ameaças de “varrer” adversários

À sua  Excelentíssima Senhora
Hillary Clinton R.
Secretária de Estado
Washington D.C.
13 de agosto de 2012


Exma. Senhora Secretária de Estado


Angola, o nosso país de origem, vive hoje, um momento importante da sua história, cujo resultado vai determinar a natureza do sistema político e, a qualidade de vida sócio-econômica, das gerações futuras.


Considerando que, em 1992, a esmagadora maioria de angolanos escolheram o pluralismo político e a realização dos direitos de cidadania no contexto de um Estado democrático, sem reserva;


Considerando que, a desconfiança, a exclusão e, a falta de vontade política, resultaram num clima negativo, que levou o país de volta à guerra , após as suas primeiras eleições;


Considerando que, a continuidade das políticas de guerra justificadas pela exclusão, a marginalização do processo democrático no país, os direitos dos cidadãos seriamente ameaçada ", incentivou a propagação de abusos  da lei e um abuso assustador dos direitos humanos por parte do governo da Primeira República com o inequívoco apoio de importantes sectores da comunidade internacional;


Considerando que, durante a Segunda República os cidadãos angolanos sentiram um agravamento da sua situação sócio-econômica e uma retirada geral do processo democrático, com a aprovação da "Constituição atípica" em 2010;


Considerando que, Angola só pode superar a atual estagnação social e política, em que se encontra e, garantir a igualdade de oportunidades para todos os cidadãos, com o fortalecimento do processo democrático;


Nós, os angolanos residentes nos EUA, tomamos a liberdade de endereçar a presente Missiva, com a seguinte finalidade: declarar de forma inequívoca que, dez anos após o advento da paz, não se justifica os abusos contínuos da Lei, curiosamente praticado ao mais alto nível do escalão político, em seu próprio benefício e, de uma minoria que gravita em torno dela;


Nada justifica a opacidade de governação e nos processos de decisão referentes a questões de interesse público;


Nada justifica o recurso a violência verbal e física , actualmente vista, para impor a vontade daqueles que insistem em governar sem o pleno consentimento dos cidadãos;


Nada justifica a manipulação contínua do processo eleitoral pelo partido no poder, com a óbvia intenção de suprimir a vontade da maioria dos cidadãos;


Nada mais justifica o silêncio do cidadão, quando confrontado com violações escandalosas da lei, que possam prejudicar os seus direitos fundamentais, devidamente consagrados na "Constituição".


Nada mais justifica o silêncio cúmplice e devastador da Comunidade Internacional para o absolutismo perene e asfixiante do Presidente José Eduardo dos Santos e da subordinação da lei, para o interesse de uma minoria, que pratica o capitalismo e o saque desenfreado de recursos públicos.


Por isso, vimos por este meio expressar a nossa solidariedade incondicional com os nossos concidadãos que, em Angola, corajosamente dizem "basta" e lutam para o fortalecimento da democracia, particularmente, a realização de eleições livres, justas e transparentes, para garantirem que o vencedor das eleições, possa realmente representar, a vontade expressa da maioria dos angolanos.


Senhora Secretária de Estado, em nome da justiça e da democracia, vimos fazer um apelo urgente ao governo Americano, o de usar todos os meios diplomáticos à sua disposição, a fim de garantir que o Governo angolano seguirá a Lei da Terra em preparação, organização e condução do processo eleitoral em curso. Não faz sentido que, três semanas antes das eleições, as listas de eleitores permaneçamm inéditos e os cidadãos não tenham idéia de onde deverão depositar o seu voto.


Os partidos de oposição,concorrentes as eleições não têm acesso ao complexo sistema de contagem e tabulação de votos;


A decisão da convocação oficial do partido aos militantes para "varrer" os que se opunham ao governo e ao presidente. Finalmente, três semanas antes das eleições, o exército mobilizou um número alarmante de unidades em áreas rurais e a polícia aumentou as patrulhas, criando um clima de medo, intimidação e pressão sobre os cidadãos a votarem no partido no poder.”


Estamos convictos de que o tempo de eleições fraudulentas acabou. Como povo, os angolanos merecem a liberdade, a democracia e, um futuro melhor para os filhos dos nossos filhos.

Respeitosamente,

Angolanos Residentes nos EUA