Luanda - Foi muito clara a intenção da Ala Dura em afastar as duas mulheres pretendentes ao cargo de Presidente do ASA.


Fonte: SA

Esta aposta ainda prevalece nos dias actuais, pois, se Nadi Ferreira, abdicou da sua pretensão num hiato de tempo de alguns dias, Manuela de Oliveira resistiu. E ainda resiste, com uma heroicidade incomum.


A forte pressão do grupo, que usou de artimanhas e mentiras para lograr a rendição de Nadi Ferreira, não foi suficiente para impedir uma disputa de igual para igual na corrida eleitoral entre Domingos Sebastião e Manuela de Oliveira, uma condição que aquele candidato pretendeu evitar.


Nem mesmo a nível do patrono do clube foram sequer bem sucedidos. Aí, embateram frontalmente com a inquebrantável decisão do PCA da TAAG em defender os princípios democráticos, de que agora se devem reger as associações desportivas. Os preceitos estatutários e regulamentares do ASA foram protegidos na pessoa de Pimentel Araújo. Contudo, partamos para mais alguns inéditos, sei da ânsia dos leitores, e ainda só vamos no nº 2 desta breve série sobre o ASA.


No dia 14 de Janeiro deste ano, a Direcção Cessante do ASA escolheu como candidata à sucessão de Zeca Venâncio, a vice-presidente do ASA, Manuela de Oliveira.


Esta escolha não surgiu do acaso. Ao fazê-lo, os membros da Direcção Cessante  descobriram momentâneamente, uma solução eficaz para a gestão financeira do clube. Basearam-se na sua conduta irrepreensível e de elevada probidade e honestidade, testemunhada por episódios inenarráveis  na história do ASA. Vejamos um caso que mais admirou os sócios no clube: Certo dia, num acerto de contas sobre o valor da venda de uma das atletas do seu pelouro feminino, a então vice-presidente do ASA teria avançado um valor de compensação contratual para o ASA, que deveria entrar para os cofres do clube. O Presidente do clube, espantado com a verba proposta por Manuela de Oliveira, retorquiu dizendo-lhe que baixasse o montante, pois não acreditava na sua aceitação por parte do clube interessado. Confiante no seu valor, a vice redobrou todos os esforços no sentido de conseguir tal cedência com êxito.


Para espanto do clube, ela não só conseguiu a concordância do clube interessado, como trouxe consigo, cinco vezes mais do valor antes tido como verba de aceitação impossível. A honestidade da candidata tivera sido posta à prova e de forma algo surpreendente. Fruto da habilidade negocial da vice-presidente, a atleta rubricou o respectivo contrato num justo equilíbrio de interesses para todos. O ASA embolsou para os seus cofres uma compensação financeira quase que histórica. Mas não é aqui onde reside o inédito da questão. Acontece porém, após concretizado o feito e tendo sido utilizados os valores como mandam as regras contabilísticas, uma reserva fora então cativada à ordem da vice-presidente. Como é (mau) costume em várias organizações, uma parte dos valores negociados corre em benefício pessoal dos negociadores envolvidos na transacção. Não foi o que aconteceu com Manuela de Oliveira. Pelo contrário, os valores foram recolocados ao serviço do clube. E não era a primeira vez. Sabe-se no clube, que ela chegou mesmo a consentir sacrifícios corajosos para reduzir os atropelos na gestão financeira do clube.


A sua actitude de firmeza e acutilância financeira muito aplaudida pelos sócios do clube, já provocou algumas vítimas.


Um dos elementos da Ala que viria a sofrer a primeira «baixa» é David Mavinga, funcionário do GPL, integrante da Ala, e que perdeu direitos de sócio por não tomada de posse. Sabe-se que David Mavinga não acredita, que um contrato que lhe é atribuído como interessado por interposta pessoa, e que prevê um valor de comissões de 20% sobre o valor global dos investimentos a serem realizados nos terrenos do ASA, venha a sobreviver perante Manuela de Oliveira.


 Os lindos sonhos de alguns milhões de dólares, alegadamente para proveitos indevidos, resvalarão seguramente para o sorvedouro da imaginação. Está claro que a entrada em cena da presidente eleita pode fazer gorar esse macabro plano de  David Mavinga. Não é por acaso que David Mavinga, o principal requerente no processo judicial fortemente instigado por Augusto Silva «Alvarito», que tem posto o ASA na turbulência, não responde às acusações que lhe são atribuidas na imprensa, sendo que nada mais lhe resta senão contentar-se com a rectidão e a probidade financeira da actual Presidente do clube.


Uma segunda «vítima» dá pelo nome de Valente Silva. Sabe-se que a recusa da Presidente do ASA em garantir-lhe periodicamente bilhetes de passagem solicitados à TAAG, para si e sua família, gerou em Valente Silva um sentimento de repulsa que proporcionou a subsequente descarga de diatribes e desabonos públicos pelas antenas da Rádio, ofensivos à boa imagem e honra da Presidente eleita. O mesmo pretendeu atingir pessoalmente a Dra. Manuela de Oliveira com intervenções contundentes. Com o acesso facilitado que detém nos canais desportivos, não teve pejo em insultá-la na sua ausência, tentando provar que a mesma não tem capacidade para dirigir o clube pedindo o seu afastamento imediato. Foi a sua triste intervenção que provocou nos atletas de futebol um sentimento de descrença, pelo vazio de poder lançado sorrateiramente pelo canal de maior audiência desportiva nacional. Neste dia fatídico para o clube, em que os atletas desistiram do jogo levando uma vergonhosa falta de comparência por razões ainda por esclarecer, Valente Silva aproveitou reeditar  com veemência a ideia inicial da criação da Comissão de Gestão, há muito pretendida por Zeca Venâncio e José Filho em combinação com a Ala Dura. Veremos mais adiante, que essa intervenção se enquadra perfeitamente no plano «C» do grupo, dentro de uma estratégia combinada para preverter os resultados eleitorais no ASA, e que envolve a «ajudazinha» do tribunal.


Nem mesmo os primeiros sinais de  mudança no ASA, logo após vencidas as eleições - por 19 votos a favor de Manuela de Oliveira e apenas 3 abstenções - removeram Valente Silva da ideia do afastamento forçoso de Manuela de Oliveira: um prestigiado segundo lugar conjugado com a prática de um bom futebol (antes da providência cautelar); a elaboração de um projecto de revitalização e modernização do ASA; o pagamento de todas as dívidas com prémios de jogo; o asseguramento pontual dos salários; o arranque das primeiras obras de reabilitação na sede do clube; a reunião e reaproximação dos sócios; o combate ao parasitismo no ASA entre aqueles que não prestavam trabalho e eram remunerados; a transparência das contas, tudo isto, em apenas 2 meses de governação, para Valente Silva, nada diz. O comentador português que granjeia um elevado  prestígio nas suas análises sobre o futebol, o mesmo não acontece quando levado pelo prazer da ingerência nos assuntos associativos internos do ASA, pois debita opiniões lesivas ao interesse dos sócios e não só.


Esperançoso de vir a integrar a aludida Comissão de Gestão, não desiste da sua pretensão em ofender publicamente a presidente, criando até um conflito institucional entre o ASA e o Banco BIC, por pormenores que não adianta revelar. É esta uma parte inédita da história do ASA de que me orgulho revelar aos sócios e leitores. Veremos no próximo número o que aconteceu depois no Plano «B» engendrado pela Ala Dura. Contudo, o cerne deste capítulo do clube, como veremos, assenta na luta pela dignidade e igualdade de direitos no género, contra a discriminação sexual no desporto nacional angolano