Luanda - O líder da UNITA, Isaías Samakuva, anunciou hoje depois de votar que o seu partido vai impugnar as eleições angolanas devido às "muitas irregularidades" do processo eleitoral.
Fonte: Lusa
Isaías Samakuva falava à imprensa depois de ter votado, acompanhado da mulher, na mesa de voto número 2 da assembleia número 152 na Universidade Óscar Ribas, situada em Talatona, a cerca de 20 quilómetros a sul de Luanda.
"Nós vamos impugnar as eleições porque, no caso da província de Luanda, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) não entregou credenciais a mais de dois mil dos nossos delegados, o que implica que a UNITA não possa assegurar a veracidade dos resultados da votação em mais de mil mesas aqui em Luanda", explicou.
Os delegados são os representantes dos partidos que acompanham a votação.
"Ninguém me garante que o resultado que saia daí seja aquele que corresponde à vontade dos eleitores", acrescentou.
"Nós vamos impugnar e naturalmente a impugnação faz-se, mas não é efetiva até que o tribunal resolva. Então, até que os tribunais resolvam, nós vamos seguir o curso normal das coisas", frisou.
Na mesa em que Isaías Samakuva votou, por exemplo, não havia nenhum delegado do seu partido.
"Este processo está atabalhoado, viciado. Nós gostaríamos de ter este processo melhor. Depois da experiência de 1992 e 2008 estaríamos à altura de organizar melhor o processo", considerou.
O porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, que acompanhou Samakuva na votação, disse à agência Lusa que o partido está a receber "muitas denúncias de delegados sobre a não existência de cadernos eleitorais nalgumas assembleias de voto".
"A indicação que estamos a dar aos nossos delegados é que, nesses casos, não aceitem a realização da votação", frisou o porta-voz da UNITA.
Numa volta dada pela agência Lusa por assembleias de voto situadas entre o centro da capital e Talatona, verifica-se que a afluência dos eleitores está a decorrer com normalidade, sem filas e com a confirmação de que as urnas abriram à hora prevista, 07:00, sem os atrasos registados nas legislativas de 2008.
O presidente da CNE, André Silva Neto, garantiu hoje que as urnas abriram em todo o país e que o processo está a decorrer "sem incidentes".
Os 9.757.671 eleitores angolanos são hoje chamados a votar nas terceiras eleições da história do seu país para escolher a composição do parlamento e as primeiras em que o Presidente da República é escolhido por via indireta.
O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder desde a independência, em 1975, parte favorito contra oito formações políticas, propondo-se como a única força credível para desenvolver Angola, com base na obra feita nos últimos anos.