Paris - Caros compatriotas angolanas e angolanos, na próxima sexta-feira, 31 de Agosto de 2012, iremos escolher os futuros Presidente e Vice-Presidente da República, assim como os deputados que irão representar-nos na Assembleia nacional (o Parlamento).


Fonte: Club-k.net

ImageÉ por esta razão que gostaria de compartilhar aqui algumas verdades que cada um de nós deve ter em mente ao ir votar.


Faz-se uma eleição para que o povo possa escolher o candidato mais apto a dirigir o país. Organiza-se a eleição presidencial apenas num sistema de tipo republicano, quer dizer numa República. Angola nosso país sendo uma República, e não uma monarquia, não foge desta regra. E é assim que iremos votar na próxima sexta-feira.


A minha mensagem aos angolanos, de Cabinda ao Cunene e do mar a Leste, é de votarmos segundo o futuro que queremos para Angola. É de votarmos para os dirigentes patriotas, que amam realmente o nosso país e que vão tudo fazer para que Angola se torne na realidade uma nação democrática e desenvolvida.


Não devemos  ter em conta outros critérios que os de bem-estar de Angola e dos angolanos. Como tenho sempre escrito e dito aos que comigo convivem, devemos pôr acima de tudo e de todos os interesses dos angolanos e de Angola no seu todo. Fazer prevalecer os interesses partidários em detrimento dos da nação é um erro crasso. Lembrem-se do general Miala que serviu com muito zelo o seu Partido e regime e em seguida acabou por ser preso depois duma intriga palaciana orquestrada pelo próprio regime que serviu.


Desde que nasci até março de 2012, nunca fui membro de nenhum Partido político angolano, com cartão de membro. Com o surgimento da coligação CASA-CE decidi juntar-me a este movimento. Mas o meu primeiro Partido político de coração é e sempre será : Angola. Cada vez que terei que escolher entre os interesses da CASA-CE e os de Angola, com certeza que escolherei sem hesitar de fazer primar os de Angola. Porque Angola é o bem que temos em comum. Ela é o laço que nos une uns aos outros. E todas as nossas ações devem ter por objetivo elevar cada vez mais Angola.  Porque dela o nosso bem-estar depende.


Meter em perigo o bem-estar comum para privilegiar os interesses do seu Partido é fazer prova de egoísmo e de estupidez. Nenhum patriota faria uma coisa semelhante.


Durante toda a campanha eleitoral, que hoje se termina, todos nós vimos com os nossos olhos quão injusta foi a conduta dos meios de comunicação sociais públicos (TPA, RNA, JA e Angop) na cobertura das campanhas eleitorais dos Partidos políticos da Oposição. A parcialidade da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), que normalmente devía ser imparcial, também é de sublinhar. Apenas os hipócritas e os fanáticos do regime poderão contrariar estas afirmações. Porque, eu, pessoalmente quase atirei para a parede o meu computador face as injustiças que testemunhei na TPA. A cobertura da campanha do MPLA ocupa cada dia que passa mais de trinta minutos, para além dos cinco minutos reservados a todos Partidos políticos ; enquanto que os demais Partidos só dispõem de cinco minutos. Apesar disto o Presidente da República e alguns ministros esperaram o período de eleições para inaugurarem dezenas de obras, confundindo assim as atividades partidárias com as governamentais. E dando deste modo a impressão de que o governo tanto fez nestes cinco anos. Isto com o intuito de enganar os menos atentos dos angolanos. Porque desde 2008, somente agora estão inaugurando obras de vulto. Tudo isto foi muito bem arquitetado pela equipa propagandística do MPLA. A tudo isto chama-se fraude eleitoral e concorrência desleal. O MPLA está a aproveitar-se dos meios públicos para fazer a sua campanha eleitoral. Ao mesmo tempo que disponibilizou uma verba muito ínfima para os restantes Partidos, para que estes não façam uma campanha eleitoral condigna.


As leis do país e sobretudo as leis eleitorais são abertamente violadas pelo Partido MPLA sem que a CNE reaja.


Face a todas estas violações das leis do país e de tantas injustiças e arrogância do regime do MPLA, como pode a Oposição ficar calada ? É por esta razão que os três Partidos verdadeiramente da Oposição (CASA-CE, PRS e a UNITA) estão criticando a atitude do Partido no poder  e a reclamar o respeito do plasmado na lei. E cada vez que a Oposição pede o respeito da lei o MPLA responde afirmando que a UNITA quer a guerra em Angola ! Caros compatriotas, pedir o respeito da lei a quem a esta a violar é querer a guerra ?
Este refrão de a UNITA querer a guerra já foi entoado nas eleições de 2008. E todos nós constatamos que volvidos quatro anos a UNITA não fez guerra nenhuma. Hoje em 2012, o MPLA retomou uma vez mais o mesmo refrão. O MPLA instrumentaliza o espetro da guerra aquando de cada eleição para assustar o povo e tirar assim dividendos políticos (para o povo votar nele). E isso é injusto e inaceitável.


Sejamos honestos e sinceros e reconheçamos o fato de que a conduta do MPLA e do seu Presidente José Eduardo dos Santos sempre se pautou pela má fé. Este Partido nunca age de boa fé. Tudo que faz é sempre com estratagemas, manobras, cálculos políticos etc.
Vou aqui citar alguns exemplos que demonstram a má fé do MPLA.


Falam em reconciliação nacional e ao mesmo tempo lembram o passado de guerra, como se eles do MPLA não tivessem uma certa responsabilidade no conflito armado que o país conheceu. Os discursos dos dirigentes do MPLA durante esta campanha eleitoral o comprovaram. Kundi Paihama, no dia 4/08/2012 em Benguela, ameaçou varrer os que tentarem lutar contra o MPLA e o seu Presidente ; no dia 31/07/2012 José Eduardo dos Santos no seu discurso de abertura da campanha eleitoral em Viana lembrou a famosa frase de « somalização de Angola » que Abel Chivukuvuku teria pronunciado em época da guerra ; dia 3/08/2012 Norberto Garcia na emissão « Angola Fala Só » da Voz da América, disse que a UNITA fez a guerra e deve pedir perdão ao povo angolano. Não sei aonde é que ele estava quando a UNITA tinha pedido perdão ao povo angolano, foi em 2004 ou 2005 se não me engano. A atitude da UNITA é de saudar porque foi um gesto elegante que o MPLA devía ter seguido por ter também responsabilidades acrescidas na guerra civil que assolou Angola.


Poderia evocar aqui as causas que estiveram na origem desta guerra civil em 1975. Mas não vou fazê-lo porque sou a favor da reconciliação e da unidade dos angolanos. Então, não adianta entrarmos no jogo dos que falam da paz mas cujos os atos e comportamentos demonstram o contrário.


A lei eleitoral diz que os votos devem ser contados em cada Assembleia de voto no final da votação, o MPLA não quer aceitar isto, ele quer que sejam transportados num outro local onde serão em seguida contados. Porque insiste tanto em não querer contar os votos no local de voto ? Sem dúvida que é com a finalidade de poder manipular os resultados. A lei eleitoral diz igualmente que se deve publicar os cadernos eleitorais com muita antecedência e que uma auditoria do ficheiro eleitoral deve ser feita. Mas a CNE (que recebe as suas ordens da Cidade Alta, como todo observador atento pode o adivinhar) começou a as publicar, deliberadamente, com muito atraso e sob a pressão da Oposição, e não fez auditoria nenhuma do ficheiro eleitoral. Segundo a lei eleitoral as atas sínteses (os resultados) devem ser assinadas por todos os fiscais dos Partidos e as cópias  destas últimas entregues a eles. Uma vez mais o MPLA nao quer acatar à lei.


O governo do MPLA não quer conceder vistos aos observadores e jornalistas estrangeiros de certos países ocidentais. Recusa também credenciar muitos fiscais de Partidos políticos da Oposição.


Em 2010, eliminou de maneira unilateral a eleição do Presidente da República sem portanto consultar o povo por via dum referendo.


O direito de manifestação, consagrado na Constituição da República, mesmo quando é exercido pacificamente pelos jovens em defesa da democracia e de liberdades individuais, é reprimido de maneira muito violenta e selvagem.
 

Dois jovens manifestantes, Alves Kamulingue e Isaías Kassule, desapareceram há já três meses, e o governo nada está fazendo para os encontrar. Em qualquer país democrático do mundo onde a vida humana é respeitada, quando alguém desaparece o governo disponibiliza todos os meios necessários para o encontrar. A indiferença do nosso governo pode ser interpretada como sendo prova de falta de competência em matéria de segurança ou porque é o próprio governo que os raptou e talvez os assassinou. Segundo os relatos que nos chegaram dos que com eles estavam. E isto é demasiado grave. Para citar apenas estes casos, porque a lista seria longa.


É por todas estas razões e muitas outras que criticamos a atitude e o comportamento do Partido MPLA e do seu Presidente. Não são críticas gratuitas.


Com efeito, quem negar que o governo do MPLA trabalhou um pouco é mentiroso. Porque olhando para o que foi o país a dez anos atrás e vendo o que é hoje, com certeza que há uma certa mudança. Tanto no aspeto geral de certas partes da cidade como em certas  outras coisas.
Sabemos todos, conforme diz a propaganda do regime que passa na TPA todos os santos dias, de que Angola não vai se reconstruir em alguns meses. Mas, fazendo o balanço dos dez anos de paz, podemos afirmar que se tivessem uma real vontade política e se não fizessem cálculos políticos e eleitoralistas, se não reservassem as obras para o momento de eleições podiam fazer muito mais do que fizeram. Por exemplo, não teriam deixado o problema de luz e água para ser resolvido apenas no período 2012-2017. Tudo isto são cálculos políticos e eleitoralistas. Por isso não avançamos como o poderiamos.


Mas a pessoa honesta que sou, reconhece todavia que algumas coisas boas foram feitas. Por exemplo a nova marginal que foi inaugurada ontem dia 28/08/2012 e do aniversário natalício do Presidente da República, é um dos exemplos de bom trabalho de feito. Mas o problema não está aí (nas obras). O problema se encontra na atitude pouco conciliadora do MPLA que exclui os demais angolanos que pensam diferente e que divide os angolanos ao mesmo tempo que faz discursos demagógicos e hipócritas sobre a paz, a reconciliação nacional, a unidade nacional, a democracia, etc.


Quero que todos angolanos saibam que o MPLA fala de todos estes princípios acima citados e de tantos outros, mas nos seus atos, nas suas ações quotidianas faz exatamente o contrário. E a isto chama-se hipocrisia em linguagem comum ou popular, e demagogia em linguagem científica ou política. E é exatamente o que muitos angolanos que querem realmente a paz e a estabilidade em Angola denunciam. Porque falar da paz e reconciliação nacional e depois lembrar o passado de guerra nos seus discursos e difundir imagens de guerra na sua campanha eleitoral não é ser pacifista. Não é querer a reconciliação. Mas é sim ser belicista. Falar da paz e ameaçar que vai varrer os que lutarem contra o MPLA e o seu Presidente não é querer a paz. Afixar enormes cartazes em toda cidade de Luanda com mensagem : « Somos milhões, e contra milhões ninguém pode lutar. Quem tentar será vencido » não é ser pacifista. Esta mensagem é ameaçadora e perigosa para a estabilidade e a paz no país. Vemos com tudo isto que quem quer e fala sempre da guerra é o MPLA.

A paz de que o MPLA tanto fala não pode ser considerada como sendo unicamente o calar das armas. A paz é mais do que isso ! Ela deve ser também social, quer dizer o apaziguamento dos espíritos e a outorga de melhores condições de vida à população. Porque quem tem fome e não tem de que comer não pode ter a paz no corãçao.
Se é verdade que algumas obras foram realizadas, ao nível social a situação das populações não evoluíu. Em alguns casos até piorou. O slogan do MPLA para as eleições de 2012 é : « Angola a crescer mais e a distribuir melhor ».
  
Será que quem é egoísta há 37 anos e que só pensa nele, nos seus filhos, familiares e amigos mais chegados, pode aprender a ser generoso e a "distribuir melhor" em apenas cinco anos ? A resposta é negativa. Não é em cinco anos que vai aprender a generosidade que não exerceu em 37 anos. Poderá, talvez, fazer alguns esforços e dar um pouquinho mais do que deu ao povo ao longo dos 37 anos de governação. Mas continuará a dar migalhas. Porque os maus hábitos de egoísmo adquiridos ao longo dos 37 anos não vão acabar em cinco anos !


Da mesma maneira que o MPLA resiste a abraçar com sinceridade o sistema democrático e a imbuir-se do seu espírito, do mesmo modo também resistirá a abandonar o egoísmo que carateriza o seu regime. Não tem convicções democráticas porque disse que a democracia lhe foi imposta. Da mesma maneira também não terá espírito de partilha. Porque não vem da sua boa vontade. Vai ser-lhe difícil partilhar. Porque o MPLA deve a sua existência à corrupção. É graças a corrupção que o MPLA continua a existir. Abandonar a corrupção vai perigar o seu regime. Assim sendo, não haverá bastante recursos para corromper os adversários e outros e para cumprir o seu papel de governante consistente a proporcionar melhores condições de vida ao povo angolano.


Por isso caros compatriotas, povo angolano, devemos refletir bem e profundamente antes de depositarmos o nosso voto na urna. Não nos deixemos enganar uma vez mais. Na sexta-feira, 31 de Agosto, que cada um de nós vote com a sua razão, vote com a sua consciência. Vote para o bem-estar dos angolanos. Vote para os candidatos patriotas. Vote para os que têm realmente a vontade e o amor de trabalhar para o desenvolvimento e a democratização efetiva de Angola. Os presentes que alguns estão recebendo vão acabar. As viaturas vão se tornar sucatas com o tempo. E depois ? O que será das vossas vidas ? Sejam lúcidos caros compatriotas, votem sem sentimentalismo, sem fanatismo, sem tribalismo, sem bajulação. Pensem no futuro do país e votem para a MUDANÇA, votem a CASA-CE, votem no Presidente Abel Epalanga Chivukuvuku, votem n°9. Para os que não se identificam com a CASA-CE votem na UNITA ou no PRS. Mas, pelo amor de Deus, para o bem-estar da nossa pátria não votem a favor do MPLA. Este Partido tem que ir na Oposição durante um certo tempo para que um outro movimento venha e trabalhe para o avanço do país. Porque o MPLA está mesmo a atrasar o desenvolvimento de Angola com as suas políticas de exclusão social e de divisão. Não tenham medo de experimentar uma nova governação. Já sabemos o que o MPLA é capaz e o que é incapaz de fazer. Agora tentemos uma governação diferente. Uma governação virada para os angolanos. Uma governação que vai ter como única preocupação melhorar a situação social dos angolanos. Uma governação patriótica. Caso esta falhar, em 2017 optaremos pelo retorno do MPLA no poder. Não o digo por partidarismo, mas sim por patriotismo. Digo-o para o bem da nossa Nação e de todos nós. Então, ousemos e salvemos à pátria. Escolhamos a mudança.