Luanda - A Convergência Ampla para a Salvação de Angola (Casa-CE), a nova coligação de Abel Chivukuvuku, em disputa nas eleições em Angola, informou que pode não reconhecer resultados gerais no país, em postos de votação onde não teve delegados. Em declaração à imprensa, sem direito a perguntas, na noite deste sábado em Luanda, Chivukuvuku disse que, "por má-fé ou de forma propositada", não foi permitido a sua coligação ter delegados em todas as assembleias eleitorais do país, embora tivesse "capacidade humana" para isso.


Fonte: Lusa


A Casa-CE disse que vai conferir os dados oficiais com a suas atas, "especialmente em Luanda", e "em tempo útil" fará uma declaração final. A coligação segue com menos de 5% de votos, na terceira posição, a larga distância do MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola) e também da Unita (União Nacional para a Independência Total de Angola), nos resultados provisórios divulgados hoje pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), com mais de dois terços dos votos contados.


Em Angola, o voto é em cédulas e a apuração ocorre nos locais de votação. Os eleitores vão às urnas para escolher 220 deputados. No país, a eleição para presidente da República ocorre de forma indireta e é definida pelos parlamentares.


A eleição de ontem é a segunda realizada em Angola, desde o fim da guerra civil no país, em 2002. Ela ocorre quatro anos depois da eleição parlamentar de 2008, que já contou com a participação do principal partido de oposição do país, a Unita.


No poder há mais de três décadas, o atual presidente José Eduardo dos Santos é o número 1 da lista de seu partido, o MPLA, na tentativa de obter mais um mandato. Para especialistas, o MPLA deve ficar com a maioria das cadeiras no Parlamento, o que garantirá a Santos mais um mandato de cinco anos.


A Unita, segunda maior força política de Angola, tem protestado contra a parcialidade das eleições, mas se mantém na disputa. Durante 27 anos, a divergência entre os dois grupos provocou uma guerra civil que devastou o país. Cerca de 500 mil angolanos morreram. Um acordo de paz só foi possível após a morte de Jonas Savimbi, líder da Unita, ocorrida em 2002, em confronto com forças do governo.


"Servem aos objetivos"


Hoje, o porta-voz do partido MPLA, Rui Falcão, disse que os resultados das eleições gerais em Angola "servem aos objetivos" do MPLA e garantem a estabilidade e o desenvolvimento do país.


O MPLA obteve 81% nas eleições legislativas de 2008 e os dados preliminares deste pleito, divulgados às 17h30 (horário local), atribuem-lhe cerca de 75%. Sobre a Casa-CE, Falcão disse que "não há atores novos nestas eleições. Há é um novo ator coletivo. A Casa-CE é constituída por militantes expulsos de outros partidos ou provenientes de outras formações entretanto extintas".


"É uma manta de retalhos. Desempenhou nestas eleições o mesmo papel que o do PRS (Partido de Renovação Social) nas eleições de 1992", acrescentou. Quanto à Unita, que poderá aumentar dos 10% alcançados em 2008 para 17%, Rui Falcão disse que até prefere que o líder desse partido continue em suas funções. "O que eu quero mesmo é que Isaías Samakuva continue líder da Unita por muito mais tempo", concluiu.