Alemanha - Os resultados parciais das eleições gerais em Angola estão a repercutir por todo o mundo. Na Alemanha, especialista da Fundação Friedrich Ebert afirma que nada irá mudar.

Fonte: DW


Um novo mandato para José Eduardo dos Santos. Um resultado já esperado por muitos, mas ainda assim, bastante criticado.


Oliver Dalichau, especialista em África Ocidental e Central, da fundação alemã Friedrich Ebert, há mais de 20 anos presente em Angola,considera a permanência de José Eduardo dos Santos no poder a garantia de que não haverá mudanças.


‘Ele é o símbolo duma Angola do passado’, afirma Dalichau, para quem as reformas políticas, sociais e económicas não vão realizar-se nos próximos anos.


‘Penso que vamos constatar o mesmo nível de corrupção e da não transparência das decisões também no futuro. A política do governo não vai mudar’, diz.


Oposição sem credibilidade entre os eleitores


Os resultados parciais, depois de apurados quase 95% dos votos, mostram que o MPLA obteve cerca de 72%, enquanto a oposição não alcançou os 30%, mesmo somando os votos recebidos por todos os particos.


O cientista político alemão explica que o problema é que os representantes da oposição não são considerados credíveis e o programa político também não é considerado melhor que o do governo.


Ele diz ainda que o partido no poder era presente de forma absoluta no país durante a campanha eleitoral.


‘A oposição não tinha as mesmas possibilidades e fica agora numa situação difícil. Fazem parte do sistema político, sem ter uma portunidade de, no futuro, influenciar as decisões do Parlamento’, garante.

Abstenção, um desafio para a democracia


Especula-se que tenha havido uma grande abstenção dos eleitores nestas eleições gerais. Um sinal de que a democracia ainda tem um longo caminho pela frente no país, uma vez que, em Angola, muitas pessoas não têm contato com o mundo político.


‘O povo normal tem outros problemas, socialmente e economicamente e, às vezes, os políticos nos vários países não têm interesse de explicar o sistema ou as decisões’, garante.

Na avaliação de Oliver Dalichau, especialista em África Ocidental e Central, da fundação alemã Friedrich Ebert, a sociedade civil herda uma maior responsabilidade em Angola.


‘Nesta situação a sociedade civil deve ser um ator importante. É ela quem vai lembrar o governo de distrubuir a riqueza numa fração melhor e sobre como lutar por uma liberdade pessoal para mais democracia e mais justiça social’, conclui.