Como é que ele então foi parar à Bolsa de valores, num pelouro mais abaixo na hierarquia do que aquele que ele ocupava nas finanças como ministro? Parece ser uma injustiça, mas a verdade é que esse tipo de desventura, ser posto de lado, é uma espécie de tradição em Angola, infligida aos fora de série ou a todos quantos se destacam por um qualquer motivo abonatório para as suas pessoas, por razões mais ou menos obscuras todas elas ligadas à noção de segurança, no pior dos casos, a segurança do Estado.

Talvez haja uma parte de verdade, talvez não, mas o que é certo é que esse pequeno retrocesso deve estar muito mais provavelmente ligado à promiscuidade de que Pedro de Morais deu provas no tratamento da dívida pública, pois a uns deu muito, em demasia, e a outros não deu nada. Além disso, pelo que transparece, permitiu uma série de situações anómalas nas alfândegas, onde o peculato é uma norma.

Nessa instituição ele tem uma filha em posição de destaque, tal como o seu director tem sobrinhos, irmãs ou a directora adjunta tem as filhas os alegados genros e por aí fora, para além de terem um chorudo salário mensal. Só com as multas, o director da alfândega pode chegar a receber em alguns meses qualquer coisa como 100 mil dólares.

E não é tudo, pois certo é que foram levantadas algumas suspeitas de negociatas realizadas debaixo da mesa, envolvendo investimentos em bancos de paraísos fiscais, sem esquecer os destinos pouco claros de dinheiros do empréstimo chinês relacionados com empreitadas do Gabinete de Reconstrução Nacional.

De recordar que nessa altura, o ministério das Finanças fez publicar um comunicado a 17 de Outubro de 2007, no qual tentava provar sem provar coisa nenhuma, que era impossível haver desvios de fundos pois tudo estava rigorosamente controlado pelos seus serviço.

É claro que tudo isso junto dá jus ao provérbio espanhol “muchos pocos hacen un mucho” e a sua futura nomeação como presidente da Bolsa de Valores de Luanda compreende-se melhor .

Fonte: Folha8