Luanda - Foram várias as incongruências registadas durante o processo de preparação e durante as eleições gerais de 2012, e os grafes do processo viciado foram abertamente denunciadas assim que sucediam por parte dos partidos políticos da oposição e da sociedade civil angolana. Fraudulentamente, o Ministério da Administração e do Território (MAT), a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) e o Tribunal Constitucional (TC) conseguiram fazer o seu trabalho com grandes êxitos conforme as ordens do seu patrão, o regime de JES/MPLA.

Fonte: Club-k.net

Pedrowski Teca Num total de 220 (de)putados para a Assembleia Nacional (6.124.669 total de votos), em resultados claramente pre-determinados, o MPLA afixou-se o número de 175 dos (de)putados (4.135.503 votos – 71.84%), e o resto dos partidos políticos da oposição foram atribuidos um total de 45 (de)putados:

A UNITA foi atribuída 32 (de)putados (1.074.565 votos – 18,66%), a CASA-CE foi concedida 8 (de)putados (345.589 votos – 6.00%), o PRS recebeu um donativo de 3 (de)putados (98.233 votos – 1.70%), e a FNLA foi dada por misericórdia uns míseros 2 (de)putados (65.163 votos – 1.13%).

Nunca antes em Angola, a juventude esteve por trás e depositou tamanha confiança nos partidos políticos da oposição como desta vez, particularmente nos casos do partido UNITA e a coligação CASA-CE, principalmente nas grandes cidades angolanas.

A confiança depositada foi maioritariamente por cede de uma milagrosa mudança e estas formações políticas souberam fazer a sua parte política durante a campanha eleitoral, prometendo a exigência de eleições justas e nunca abdicar na aceitação dos resultados fraudulentos.

Com os vícios registados durante o processo de preparação das eleições de 31 de Agosto de 2012 realizadas por uma máquina fraudulenta do regime, auxiliado por potenciais mundiais como a Rússia, a China e a Espanha, estava mais do que claro de que os resultados seriam catastroficamente fraudulentas.

Houve até quem implorou que os partidos da oposição séria, nomeadamente a UNITA, a CASA-CE e o PRS, boicotassem ou não participassem das eleições mas com uma justificação de que a batalha seria perdida de primeira se houve uma “auto-exclusão” porque o regime havia criado outros partidos e coligações como a FNLA, ND, PAPOD, FUMA e CPO para brincarem de oposição e ocuparem o lugar dos opositores se esses por um milagre decidissem auto-excluir-se, participaram das eleições que antes declararam fraudulentas.

O povo Angolano, principalmente a juventude, mais uma vez depositou a confiança nestes três partidos da oposição, e chegando o dia do voto, claramente o povo votou para a mudança e o seu voto foi abertamente roubado.

Num clima de grande tensão e frustração, a esperança por uma justiça eleitoral e a defesa da Soberania do Povo Angolano foi mantida pelas promessas de não aceitação e da contestação ou impugnação das eleições. Um gesto que foi publicamente anunciado pelos partidos políticos da oposição.

Onde foi que o discurso mudou?

Enquanto o regime JES/MPLA/MAT/CNE/TC levava o seu tempo para divulgar os resultados finais, oscilando a vitória fraudulenta esmagadora do MPLA entre 71 a 74%, para medir a pulsação do povo em como irá digerir a fraude, a oposição manteu-se muda e continuava a acalmar o povo dizendo que estava naquele momento a reunir provas de fraude e a fazer uma contagem paralela das actas sínteses em sua posse. Apresentaram as provas de fraude mas não apresentaram os resultados da sua contagem paralela! Porque? Sentiu-se o efeito resultante dos Delegados de Listas excluídos?

Após a finalização da “lenga lenga” da divulgação de resultados eleitorais pela CNE, as formações políticas: UNITA, a CASA-CE e o PRS apresentaram as suas reclamações à CNE e esta as considerou carentes de seriedade e o processo foi levado ao Tribunal Constitucional. Durante este processo legal de contestação dos resultados das eleições, o líder da UNITA, Isaías Samakuva, anunciou que a UNITA vai assumir os seus (?) lugares nas instituições do estado.

Os menos atentos não entenderam mas em palavras miúdas, Isaías Samakuva disse que a UNITA vai aceitar os 32 assentos parlamentares que a poucos dias a própria UNITA disse que eram fraudulentas e que não representavam a vontade do povo. O líder da CASA-CE, Abel Chivukukuvu, segundo a media, disse que vai tomar posse e posteriormente “abdicar-se-á” do seu cargo de (de)putado para dedicar-se a organização da CASA-CE.

Enquanto se contesta os resultados das eleições, é incorrecto que a oposição decida assumir os cargos na Assembleia Nacional porque os tais cargos, como todos sabemos, são resultantes de eleições fraudulentas, onde o voto do povo foi roubado e os 45 cadeiras de (de)putados atribuidas à oposição apenas são actualmente posições insignificantes na política e democracia angolana em termos de impacto legislativo.

Se tivéssemos uma ditadura assumida, o regime iria eliminar por completo a oposição mas como estamos numa ditadura comuflada em democracia, as 45 cadeiras de (de)putados foram criados para fazer faixada à ditadura.

As 10 consequências e benefícios da abstenção da oposição na Assembleia Nacional

1 – Depois destas eleições gerais fraudulentas, pela primeira vez na história de Angola, o cidadão José Eduardo dos Santos (JES) será considerado um Presidente aparentemente eleito pelo povo angolano porque houve um pleito eleitoral, embora indireito, onde o povo exerceu o seu direito de voto. Portanto, este poderá ser um dos momentos mais altos da carreira política de JES e terá um impacto maior nas reclamações dos partidos políticos da oposição se boicotarem o acto de empossamento de JES e o braço legislativo do governo que adveio destas eleições fraudulentas;

2 – Se os partidos políticos da oposição credível assumirem os seus lugares na Assembleia Nacional, estarão automaticamente a aceitar que as Eleições Gerais de 31 de Agosto de 2012, foram justas, livres, independentes e democráticas e que os seus resultados são credíveis e que representam o desejo do povo angolano;

3 – Ao assumirem os lugares no Parlamento, os partidos opositores serão cúmplices do regime JES/MPLA, e serão encarados como traidores pelos milhares de seus amigos, militantes e simpatizantes que acreditaram na mudança mas que os seus votos foram roubados para a manutenção do regime despota que não se importa com povo angolano;

4 – Se os partidos da oposição assumirem os seus lugares no Parlamento, terão o dever de pedirem desculpas ao povo angolano e explicarem que as suas acusações de fraude, que tanto fizeram durante este processo que durou quase dois anos, foram infundadas e que eles estavam errados;

5 – Se os partidos opositores assumirem os lugares na Assembleia Nacional serão conotados como uma oposição de faixada que trai o seu povo e faz uma política considerando somente as suas próprias barrigas e que no momento em que se encontram tendo uma posição que os garante a sobrevivência, traiem os interesses do povo e acomodam-se nas regalias das mesmas posições parlamentares, incluindo os direitos a carros (Mercedes) luxuosos, motoristas, imunidades, salários gordos, etc.

6 – Indo ao Parlamento,  a oposição será vista como um conjunto de formações políticas que começam grandes batalhas e mesmo sem terminá-las, não exaustando as suas ferramentas legais, abdicam-se às pressões do regime e abandonam o povo.

7 – Se a oposição assumir os lugares atribuídos à ela na Assembleia Nacional, nesta altura de contestação dos resultados fraudulentos, jovens como eu, que a muito perderam a confiança nos políticos angolanos mas que este ano decidiram publicamente assumir as suas posições e declararem-se apoiantes de certos programas partidários, deixarão de apoiar tais partidos e irão declarar um voto de não confidência à esses partidos;

8 – Mas se a oposição não assumir as tais cadeiras/posições na Assembleia Nacional, as acusações que têm feito, incluindo a actual contestação das eleições, serão levadas sérias e ganharão mais a confiança e credibilidade do povo, principalmente por parte dos jovens.

9 – Negando assumir tais cargos e reconhecer os resultados que surgiram destas eleições até a exaustão dos recursos legais de contestação disponíveis, dará credibilidade da oposição angolana, tanto a nível nacional e internacional.

10 –  Finalmente, o regime JES/MPLA primeiramente foi muitíssimo estratega quando criou partidecos como a ND, PAPOD, FUMA e o CPO porque estes partidos, na ausência da oposição credível, fariam o papel dos mesmos.

Na ausência destes partidecos, a oposição séria terá um triunfo importante porque os 175 (de)putados do dito glorioso MPLA estarão na Assembleia Nacional apenas com os seus míseros 2 (de)putados da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e o mundo verá abertamente o carácter deste regime ditatorial.