Numa conferência de imprensa em Joanesburgo Lekota indicou que vai liderar o movimento dissidente.

Ele disse que nas próximas semanas o partido deverá "consultar membros do Congresso Nacional Africano e pessoas fora do ANC, e tencionamos, dentro de duas a quatro semanas, convocar uma convenção nacional."

Segundo explicou tratar-se-ia de "um congresso ou algo dessa natureza, para determinar como proceder para reforçar a democracia neste país."

'Reconquistar o respeito'

Para o antigo ministro o evento serviria "para defender as instituições que temos, para que todos nós reconquistemos o respeito que começámos a construir aos olhos da população, aos olhos do povo da nossa região, e aos olhos do mundo."

Mosiuoa Lekota disse que a liderança do ANC se tinha desviado dos valores e políticas tradicionais do partido, ameaçando a democracia sul-africana e confirmou que a cisão do partido era quase inevitável.

Fundado em 1912, o Congresso Nacional Africano, durante gerações, mostrou um extraordinário grau de unidade.

Onde outros movimentos de libertação falharam, o ANC conseguiu manter-se coeso, apesar dos anos difíceis que passou no exílio durante a luta contra o apartheid.

Liderança


Embora a demissão do antigo presidente, Thabo Mbeki, tenha sido a faísca que despoletou esta rebelião as causas são mais profundas.

Numa carta aberta ao partido, o líder dos rebeldes, o antigo ministro da Defesa Mosiuoa Lekota, atacou o ANC por permitir que membros do Partido Comunista Sul-africano assumissem posições de liderança.

Ele disse abertamente: "O ANC não é o Partido Comunista e o Partido Comunista não é o ANC".

Os comunistas têm uma aliança formal com o ANC. Uma aliança que serviu a ambos durante a luta de libertação, quando os comunistas deram ajuda financeira e armamento ao ANC a partir da União Soviética.

Mas houve sempre um claro entendimento de que eram dois partidos distintos.

Lekota argumenta que a distinção se desvaneceu, com o secretário-geral do ANC, Gwede Mantashe, a ocupar também a presidência do Partido Comunista.

A indignação contra isto, em parte, explica a decisão dos dissidentes de realizarem uma conferência para considerar se deixam ou não o ANC.

A questão agora é a de saber quantos membros vão aderir ao novo movimento.

Fonte: BBC