Benguela - Depois de o Tribunal Constitucional (TC) ter dado como improcedentes as reclamações da UNITA, PRS e da CASA-CE, relativamente às alegadas irregularidades nas eleições gerais de 31 de Agosto, tendo, no entanto, o TC reconhecido José Eduardo dos Santos e o MPLA como vencedores das eleições, em Benguela, as expectativas giram em entorno da sobrevivência ou não do general Armando da Cruz Neto no próximo governo.

Fonte: SA

Na província de Benguela

Seja lá como for, com ou sem Armando da Cruz Neto, o Semanário Angolense trás a lume, nomes de alguns directores provinciais que devem ser substituídos no próximo governo; não apenas por se encontrarem nos respectivos cargos há pouco mais de 20 anos, mas, sobretudo, para dar lugar a pessoas com ideias novas, particularmente, aquelas que nunca fizerem parte da nomenclatura, no sentido de se evitar as «danças das cadeiras». De resto, se se tiver em conta que muitos dos dirigentes benguelenses já são bisavôs, é fundamental que o próximo executivo das Acácias Rubras possa injectar «sangue» novo na governação.

Abrantes Sequesseque – É Director Provincial da Agricultura e Desenvolvimento Rural, desde os idos de 1995/96 até à data presente. Antes disso, foi funcionário sénior da Organização Não Governamental Oxfam. Actualmente acima dos cinquenta ou mesmo dos sessenta anos idade, o agrónomo Abrantes Carlos Sequesseke já devia há faz tempo, ter sido mandado para a reforma, para que pudesse, aproveitando o tempo para cuidar dos seus netos e, quiçá, dos bisnetos. A permanência de Abrantes Carlos Sequesseque ao cargo de director da Agricultura e Desenvolvimento no próximo governo, só poderia ser entendida se tivéssemos a viver num «regime comunista». Como compreender que alguém fique mais de 22 anos na mesma função, quando o país recebe todos os anos milhares de jovens formados? Só mesmo em Angola…

Pedro Garcia – Como dirigente desportivo, este homem não é um paraquedista. Afinal, não é em vão que é tratado nas lides desportivas de «capitão», devido ao seu empenho como futebolista em prol do desporto angolano, no tempo da outra senhora e no período pós independência. De 59 anos, Pedro Garcia é o director provincial da Juventude e Desportos, há pouco mais duas décadas. Ou seja, desde o governo do malogrado Paulo Teixeira Jorge.

Contactados pelo SA, grande parte dos jornalistas desportivos, em terras de Ombaka, já não se lembra do ano em que Pedro Garcia foi nomeado para o referido cargo, o mesmo acontecendo, provavelmente, arriscamos, com ele próprio. «Epá, o mais velho está aí há muito tempo!» É o que muitos dizem, quando confrontados com a questão. Entre Pedro Garcia e Carlos Martinó há uma luta renhida para preenchimento do decanato dos directores provinciais, antes ocupado pelo malogrado Domingos Batalha, antigo director provincial da Indústria. Contudo, com ou sem Armando da Cruz Neto, reconduzir essas figuras ao próximo governo, é o mesmo que dar um tiro no próprio pé.

Carlos Martinó – Em 1980, foi comissário municipal da Baia-Farta, isto é, no tempo em que João Lourenço era governador provincial de Benguela. Entre 1992 a 1993, fora nomeado director provincial das Pescas, pelo então governador Paulo Teixeira Jorge, em substituição de Arnaldo Vasconcelos, actual presidente da Cooperativa/Associação dos Pescadores. Na casa dos cinquenta e tal ou sessenta anos de idade, Martinó é dos governantes que, se estivesse inserido numa «sociedade aberta», por iniciativa própria, poria o cargo à disposição, no sentido de dar oportunidade aos mais novos. Mas, como não estamos numa «sociedade aberta», e porque se tivermos de esperar pelo pedido de demissão, teremos de aguardar sentados, só o próximo governador poderá mandar descansar o «mais-velho» Carlos Martinó Cordeiro, para que, também ele, possa ter mais tempo de cuidar dos netos e com eles passear um pouquinho pelas suas fazendas, se as tiver.

Jorge Dambi – Foi director provincial do Comercio Interno, desde 1992 até princípios de 2000. Foi, praticamente, responsável pelo Comércio Interno da província de Benguela durante 13 anos, saindo de lá por exoneração do na altura governador Dumilde Rangel, que a seguir o nomeou director provincial da Administração Pública, Emprego e Segurança Social, em substituição do malogrado Alexandrino. Acumulando a pasta do Comercio Interno com a da Administração Pública, Emprego e Segurança Social, pode-se dizer que Jorge Dambi ocupa praticamente a mesma função há pouco mais de 20 anos. Ainda assim, alguém de direito poderá querer reconduzir, mais uma vez, o mais velho Dambi ao próximo governo? Hum! Só se não existe mais quadros…

José António Valongo – Sem muita informação deste dirigente, este jornal soube apenas, que José António Valongo, foi durante longos anos chefe municipal da Agência dos Correios do Lobito, tendo sido guindado ao cargo de director dos Transportes, Correios e Telecomunicações, entre os anos de 1995/97, em substituição do malogrado Vieira Lopes.  Valongo está praticamente há 17 anos nesse cargo, isto sem contar com a sua passagem pela chefia dos correios do município do Lobito. Aqui, uma pergunta se coloca: será que já não existe mais ninguém qualificado no partido (MPLA), na referida instituição ou mesmo no país, para que José António Valongo seja substituído?

Miguel José Maiato – Foi director provincial do Urbanismo, Habitação e Ambiente, desde o ano de 1994 até Junho de 2009, ano em que foi exonerado e nomeado para ocupar a pasta de delegado provincial da justiça. Antes disso, fora comissário municipal de Benguela. De 58 anos de idade, Miguel Maiato é detentor de uma folha de serviço manchada, por «tráfico de influência e corrupção». Além disso, nos últimos tempos, instalou-se um furacão na delegação da Justiça, pelo facto de, alegadamente, Miguel Maiato estar a promover gente ao apetite da sua dieta, em detrimento dos quadros mais antigos. Na referida delegação provincial, Maiato é ainda descrito por vários funcionários daquela instituição como sendo «um governante arrogante e de estar a gabar-se de senhor todo-poderoso», pelo facto de a instituição que dirige responder directamente ao Ministério da Justiça e não junto ao governo provincial.   Em suma, no governo prestes a ser formado, com ou sem a ministra Guilhermina Prata, tem de se ter em conta a renovação e não a velhice e a velhacaria. Ou seja, é preciso criar-se uma nova geração de governantes/políticos, no sentido de se imprimir uma dinâmica na governação e mandar para a reforma, dirigentes como Miguel José Maiato.

Entretanto, o caro eleitor pode estar a pensar que os dirigentes mencionados nesta matéria deverão ser os únicos que se encontram há bastante tempo nos respectivos cargos, a nível da província de Benguela. Na verdade, o SA insere aqui, os casos mais bicudos entre os vários.