França  - Simão Carlos é o seu nome. Rapper angolano exilado em França desde 2008 devido à repressão do regime angolano contra todos aqueles que pensam diferente, que lhe são críticos e o manifestam.


Fonte : Blogue Sempre Angola  (www.sempre-angola.blogspot.com)


Com efeito, numa entrevista telefônica concedida ao blogue Sempre Angola (www.sempre-angola.blogspot.com) no dia 1 de Outubro de 2012, Simão Joaquim, mais conhecido por Simão Carlos, rapper angolano e porta-voz, na França, do famoso rapper angolano Brigadeiro 10 Pacotes, viu-se constrangido a deixar o país por causa das perseguições de que eram, ele e os amigos, alvos da parte do regime angolano. É assim que em 2008 este jovem artista exilou-se para França, país conhecido como o da defesa dos direitos humanos.


Na díaspora, Simão Carlos continua ativo na defesa dos direitos do povo angolano e na militância para uma Angola democrática, desenvolvida, solidária, unida, fraterna e sobretudo livre.


É por esta razão que ficou muito desapontado e descontente com o resultado das eleições gerais que tiveram lugar no dia 31 de Agosto de 2012 em Angola. Não pelo fato de o MPLA as ter ganho, mas sim pela falta de transparência no processo que nos levou às eleições ; pelas injustiças e a parcialidade da Comissão Nacional eleitoral (CNE), da comunicação social pública (TPA, RNA, JA, Angop) assim como do Tribunal Constitucional (TC). Em suma, pela enorme fraude eleitoral que o MPLA fez nestas eleições.


Sublinhou o comportamento antidemocrático e antipatriótico da TPA que passou horas e horas fazendo propaganda do regime do MPLA enquanto que concedia apenas cinco minutos por dia aos demais Partidos políticos. Mas isto a CNE e o Tribunal Constitucional não viram. Ou melhor, não queriam saber.


Simão Carlos é de opinião de que a Oposição angolana não devia aceitar estes resultados fabricados a partir do palácio presidencial da Cidade Alta e que não refletem a realidade das urnas.


« José Eduardo dos Santos é o responsável pela fraude eleitoral desmesurada que assistimos nestas eleições, por querer se manter a todo custo no poder. Assim sendo, a Oposição não devia aceitá-las e desencadear uma série de manifestações pacíficas de protesto. Pois, o nosso país não pode continuar a ser refém dum regime que fala da democracia mas que não acredita nela. É por esta razão que deixámos a nossa terra », salientou o artista.


« Um Presidente da República eleito de modo fraudulento como foi o caso nas eleições de Agosto último não tem legitimidade nenhuma. Para mim o senhor Eduardo dos Santos ficará na história de Angola como sendo o Presidente que governou Angola durante mais de trinta anos sem ser eleito democraticamente pelo povo angolano », afirmou perentoriamente.


O rapper criticou também o fato de o regime de Eduardo dos Santos falar sempre em reconciliação nacional e ao mesmo tempo de lembrar o passado doloroso de guerra nos seus discursos. « Não se pode reconciliar e dividir ao mesmo tempo. O regime tem que esclarecer duma vez por todas a sua posição. Quer realmente uma Angola para todos angolanos ou vai prosseguir com a sua política de exclusão e perseguição de todos aqueles que discordam com as suas práticas ? », interrogou.


À laia de contestação do regime ditatorial e fraudulento de José Eduardo dos Santos, o rapper vai lançar um disco no primeiro trimestre de 2013 no qual tece duras críticas ao Presidente da República de Angola, mas também a algumas personalidades do xadrez político angolano, por causa da sua liderança que o rapper considera de divisória e desprovida de visão clara do tipo de sociedade que quer construir em Angola. 


O artista concluiu dizendo que não tem problema nenhum contra a pessoa do cidadão José Eduardo dos Santos, mas sim contra a maneira divisória, injusta e autoritária como tem dirigido Angola. Disse que a sua luta tem como objetivo a democratização efetiva da sociedade angolana. Quer uma Angola justa e para todos ; uma Angola livre, onde ninguém será molestado por pensar diferente ou por ter dito ou escrito algo que não agrada ao poder político.


« Estamos a espera deste dia, porque tenho a íntima convicção que ele chegará mais cedo ou mais tarde », rematou.