Luanda   - Luanda tem a partir de hoje um novo governador, que, por sinal, é o antigo, mas é ao mesmo tempo o mais recente. Tudo leva a crer que BB, mais tarde ou mais cedo, como tem vindo, aliás, a prometer, vai começa r a guerra contra a zunga (comércio ambulante) nas ruas/passeios de Luanda.

Fonte: facebook.com/regisil

Lamento informar-lhe que para além da alhada em que se vai meter, pois também não tem outra solução imediata, esta guerra está antecipadamente perdida para os dois lados da barricada.

A zunga está naturalmente derrotada, porque a pobreza, enquanto for ela mesma, nunca há-de ganhar nada, para além de alguns tostões e de algum tempo/oxigénio para continuar a correr e a fugir rumo ao desespero permanente.


Acho que um dos grandes equívocos do Governo (que não é de hoje nem é de ontem) é pensar que se combate com sucesso a zunga fazendo mais e mais "mercados municipais/comunais", que acabam por ser apenas estruturas físicas, já que só existe mercado quando estão presentes os vendedores e os compradores e quando estes últimos compram de facto a um nível aceitável para os primeiros.


Quando tal não acontece, o mercado desfaz-se automaticamente e as pessoas voltam à zunga, isto é, à procura dos compradores que não estavam a aparecer no tal "mercado".


BB vai insistir na solução do "acantonamento" da zunga e por isso, qualquer avanço do seu combate nas ruas de Luanda será apenas temporário.


A zunga (tal como as favelas) só tem uma solução e todos nós sabemos qual é, como resultado de um exercício simples que tem a ver com a descoberta das razões que levam as pessoas a procurarem a sua sobrevivência no comércio de rua. A conclusão é evidente.


O que é particularmente grave na cidade de Luanda é que a zunga está a aumentar a olhos vistos e de forma absolutamente exponencial a contrariar todas as outras "evidências" oficiais de que se estará a registar uma redução na taxa de pobreza/miséria.Mais grave ainda é que Luanda do ponto de vista da actividade comercial menos especializada está completamente saturada.


Já não tem necessidade de mais nada, nem de mais ninguém, por isso os novos "mercados" colocados nos bairros sub-urbanos e nas periferias estão às moscas. Pepetela num dos seus romances imaginou os prédios de Luanda a colapsarem. Eu imagino todas as ruas e passeios da capital dentro de algum tempo completamente tomados de assalto por ameaçadoras zungueiras que nos forçam a comprar um valor mínimo (consumo obrigatório), como sendo a senha válida por 24 horas, para podermos transitar a pé ou de carro até chegarmos a casa sãos e salvos...

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