Lisboa - Entre os principais tópicos do discurso de José Eduardo dos Santos (JES) na cerimónia oficial da sua investidura presidencial, foram abordados de forma mais enfática que os demais a estabilidade política e a juventude, como estrato da sociedade com o qual é preciso estabelecer diálogo privilegiado.
Fonte: AM
De forma implícita, JES identificou-se como artífice da estabilidade política (garantiu a paz; promoveu a recuperação sócio-económica, etc.), mas sobretudo perfilou-se como garante da sua preservação – desígnio em relação ao qual considera uma aproximação à juventude representa como um contributo.
A juventude, em especial a que apresenta ligações parentais ao regime, mas que cada vez mais se assume como estando em oposição ao mesmo, constitui “um problema delicado” – conforme o fenómeno é visto nos círculos políticos. Foi esta realidade, conforme se conjectura, que inspirou a passagem do discurso de JES sobre a juventude.
As políticas repressivas do regime contra manifestações de protesto da juventude e da sociedade civil, não merecem a aquiescência de personalidades e meios internos do próprio regime. Consideraram-nas desfasadas de realidades como a própria evolução da sociedade e, por essa razão, potenciadora de efeitos negativos.
De acordo com sensibilidades internas adeptas de uma atitude mais tolerante e aberta em relação à juventude, seria contraproducente agir de maneira diferente. A juventude actual, dotada de cultura e mentalidade diversas da geração precedente, está a impor-se socialmente; é o regime que deve adaptar-se à realidade que ela representa.