Luanda — A última edição do Semanário Angolense foi publicada com dois dias de atraso por entre uma polémica sobre censura. Fontes do Semanário Angolense atribuem o atraso a problemas técnicos na gráfica e disseram que a edição do dia 27 de Outubro, seria distribuída esta segunda-feira, dia 29.

Fonte: VOA

Uma notícia publicada no sítio "Maka Angola" diz que a empresa Media Investe, que tutela o semanário, retirou da gráfica, na última sexta-feira, a edição de 27 de Outubro, alegadamente por incluir uma versão quase integral do discurso do presidente da UNITA, Isaías Samakuva, sobre o Estado da Nação.

Fonte do jornal contactada pela VOA desmentiu essas informações. Adiantou que a edição não saiu à rua, no sábado, por razões técnicas  e prometeu que a mesma estaria nas bancas esta segunda-feira, na qual o discurso do líder da UNITA, é tratado "com base nas normas que regem o exercício da profissão".

Mas a edição distribuída hoje, e que chegou à VOA em suporte digital é diferente da versão inicial, recebida pela mnesma via. O portal "Maka Angola" disse estar na posse de uma cópia digital do jornal censurado, “cujas páginas 8, 9 e 10 reproduzem, com tratamento gráfico, o discurso de Samakuva, de 23 de Outubro.”

A VOA constatou que havia outras duas páginas com análise e, portanto, um total de cinci dedicadas ao assunto (7, 8, 9, 10 e 11). A versão divulgada esta segunda-feira tem apenas uma página sobre Samakuva. E a versão em papel ainda não tinha chegado às mãos dos ardinas de Luanda à hora da publicação desta notícia.

Ao comentar o facto, este fim de semana, o Sindicato de Jornalistas Angolanos referiu que este tipo de “incidente”, já não constitui uma novidade no panorama da liberdade de imprensa angolana, desde que as publicações privadas angolanas foram adquiridas por empresas cujos financiadores mantém o anonimato, levantando suspeitas de proximidade com o governo do MPLA.

A associação de jornalistas lembra que o semanário “A Capital”, foi a publicação mais vezes censurada pelos seus novos proprietários, por razões claramente políticas e relacionadas com a sua discordância no tocante a determinadas matérias desfavoráveis aos interesses do actual partido no poder.