Factos recentes, considerados demonstrativos da política da ZANU-PF: - A decisão, tida como unilateral, de ficar num futuro Governo com as pastas das Finanças, Defesa, Interior, Governação Local e Informação. - Em 13.Out, a inesperada recondução no cargo dos anteriores vice-presidentes, a que Robert Mugabe imediatamente deu posse. - A intenção de manter Thabo Mbeki como medianeiro do processo e os propósitos associados à mesma.

A primeira manifestação da política “ilusória” do regime zimbabueano foi a investidura dos parlamentares, que se sabe ter-se destinado a criar condições legais para oficializar e garantir os salários dos membros da ZANU-PF (muitos deles já não tinhamsalário há meses e estavam a exercer pressão sobre R Mugabe). Na esteira desta primeira medida a ZANU-PF forçou um impasse nas negociações não cedendo a exigências do MDC tendo em vista controlar as pastas das Finanças (incluindo a nomeação do Governador do Banco Central), Interior, Justiça, Informação e Governação Local. Ao MDC foram propostas pastas de natureza social, tais comoEducação, Saúde, Trabalho, Agricultura (usado o argumento de que estes eram os ministérios com maiores orçamentos).

2 . No seguimento da destituição de T Mbeki como PR da África do Sul, o gabinete de R Mugabe sugeriu que fosse montada uma nova “cilada” ao MDC, a qual consistiu empropor uma consulta mútua destinada a esclarecer questões pertinentes do acordo de 15.Set relacionado com o Governo de coligação. Morgan Tsvangirai anuiu, o que o levou a ser recebido, em 10.Out, durante c 10 minutos, por R Mugabe. Estava presente Arthur Mutambara, líder da facção contestatária do MDC. A audiência não foi propriamente uma consulta nos termos previstos; destinou-se mais a obter de M Tsvangirai confirmação do convite a dirigir a T Mbeki para se manter como medianeiro.

R Mugabe quer tirar partido do facto de T Mbeki já não obrigar a SADC e a África do Sul à sua conduta ou às suas decisões referentes à mediação, com o fito de prolongar o impasse actual e de criar de M Tsvangirai a imagem de alguém pouco interessado emcriar estabilidade no país. O interesse oculto de R Mugabe em manter a mediação de T Mbeki, justificando assima sua presença em Harare, é o de impedir a SADC e mesmo a União Europeia de intervir neste processo negocial, conforme conclusão de meios conhecedores do insidedo assunto.


3 . R Mugabe tenciona queixar-se a T Mbeki de que o país está sem governo, por culpa da intransigência do MDC, o qual age protegido pelo Ocidente; é forçoso que alguns ministérios entrem imediatamente em funcionamento, enquanto decorrem as negociações. Finanças, Relações Exteriores, Defesa, Interior são a prioridade. Caso T Mbeki aceite este argumento, o próximo passo da ZANU-PF é o de evitar que o Parlamento funcione, deixando o seu Governo interino a gerir o país. Para completar este passo e porque tal não consta do acordo assinado em 15.Set, R Mugabe nomeará e dará posse a um conjunto de 10 governadores que continuarão a gestão da ZANU-PF no plano interno.

M Tsvangirai queixa-se amiúde de ameaças à sua integridade física provindas do regime. As referidas queixas são, em parte, alimentadas por informações ou rumores segundo as quais o grupo restrito que aconselha R Mugabe não excluiu um atentado contra M Tsvangirai, como meio destinado a enfraquecer/marginalizar o MDC.

Fonte: África Monitor