Luanda – Os instrutores da escola de polícia do Kapolo II, em Luanda, que participaram no último curso de promoção a oficiais, realizado pelo Comando Geral da Polícia Nacional, dizem estar a ser vítimas de burla por não terem recebido os seus ordenados reajustados desde Março último. Apesar de terem sido promovidos em Fevereiro, por ocasião de mais um aniversário da corporação, após concluírem com êxito o curso de capacitação que contou com a presença de cerca de oitocentas pessoas, provenientes de diversas partes do país, nenhum deles beneficiou de reajuste salarial.

Fonte: O País

Eles dizem que depois de terem tornado público o acto, por intermédio de um dos órgãos de comunicação social, os dirigentes do Comando Geral da Polícia Nacional (CGPN) convocaram uma reunião com o director da escola e o asseguraram que a situação seria resolvida na sua totalidade, mas não é o que está a acontecer.

De acordo com um dos queixosos, que pediu para não ser identificado, por estar a infringir o regulamento interno da corporação por denunciar publicamente este caso, um dos responsáveis da secção de finanças do CGPN informou-os que receberão parte dos valores que lhes são devidos deste mês.

“Disseram-nos que o salário de Novembro virá com o suposto retroactivo de três meses. Gostaríamos de saber por que motivo ser-nos-á entregue apenas este valor, se existia uma verba cabimentada não só para o curso como também para a nossa promoção?”, questionou o nosso interlocutor.

Acrescentando, de seguida, que “tanto o curso como a promoção do efectivo é do conhecimento dos ministérios do Interior e das Finanças, por isso não se justifica que as coisas estejam a caminhar deste jeito e nenhum dos responsáveis destas instituições venha publicamente ou internamente justificar o acto”.

Os instrutores suspeitam que alguém ter-se-á apoderado do dinheiro destinado ao pagamento dos seus honorários, por considerarem que o Estado tem possibilidade de cumprir com os encargos financeiros por si assumidos, em benefício dos cidadãos.

Eles contam ainda que durante as eleições foram escalados para reforçar os efectivos que estiveram de prevenção nas diversas unidades policiais de Luanda e que exerceram determinadas funções compatíveis com as patentes de oficiais e não como agentes. “Nós trabalhamos e por isso exigimos que sejamos recompensados como estabelece a lei, porque não tem graça nenhuma ostentarmos este título e assumirmos certas responsabilidades e recebermos um salário de agente”, desabafou.

Os nossos interlocutores dizem ainda que para além dos cerca de oitocentos recém-formados, há um outro grupo de efectivos que foram promovidos há um ano e que a sua situação só foi parcialmente resolvida agora.

Dizem ainda que os seus colegas que foram promovidos de agentes de terceira para agentes de segunda ou de primeira, receberam no mês transacto o retroactivo e dizem estar satisfeitos por nunca terem recebido tanto dinheiro assim de uma só vez.

A escola de Polícia do Kapolo2 é uma das unidades de ensino do Comando Geral que se dedica a formação de quadros para as mais variadas áreas desta instituição pública. Por sua vez, o porta-voz do Comando Geral da Polícia Nacional, Carmo Neto, apelou aos efectivos a usarem todos os meios disponibilizados internamente para resolverem este tipo de problemas.