Luanda – Eu confesso que sou um leitor assíduo do jornal de Angola, edição online. Farto-me de rir. Acho-o uma comédia brejeira muito continuada. Eu gosto de rir não só com a comédia inteligente mas também com muitas manifestações de ignorância e de pobreza de espírito, como é o caso do Jornal de Angola.

Fonte: Club-k.net

O Rio Beiro teima em tentar levantar voo num avião a vapor que, pelos vistos, também foi uma das muito célebres invenções (ou reconstruções do período colonial) do José Eduardo dos Santos. 

Esse avião a vapor é o Jornal de Angola, onde o Bolha coloca-se nos bicos dos pés a falar muito alto e com um palavreado disparatado para chamar a atenção das pessoas. As pessoas riem-se às gargalhadas porque os disparates  são tantos e têm uma dimensão muito caricata e exagerada, com uma periodicidade diária.

Há já algumas semanas que o Rio Beiro não se cansa de afirmar que Portugal tem receio ou manifestações de xenofobia em relação ao que ele designa por Fantasma Angolano. Já é tempo de alguém com um mínimo de cultura geral desmascarar esse equívoco.

Se bem conheço os portugueses, como conheço angolanos e outros povos, das minhas relações pessoais e profissionais diárias, em diversidade abrangente e construtiva, em Portugal ninguém receia o Fantasma Angolano, ninguém tem medo nem manifesta xenofobia em relação ao director do Jornal de Angola, o Rio Beiro. 

O que acontece em Portugal, como em muitos países civilizados, é que o controle social critica negativamente os protagonistas dos dramas corrupção económica, responsáveis por muitas injustiças sociais. 

O Bolha que esteja descansado porque em Portugal não existe nenhuma paranóia em relação a si ou ao diário angolano, propriedade do José Eduardo dos Santos e sipaiado pelo Rio Beiro. Quando muito, os portugueses poderão sentir alguma consternação e um pouco de nojo pela maneira como o Rio Beiro faz jornalismo de uma forma tão parasitária.

Qualquer pessoa com o mínimo de formação em gestão de recursos sociais e económicos apercebe-se de que em Angola existe uma fuga de capitais para países estrangeiros, por parte dos diGerentes do Reigime e herdeiros, de forma a garantir um futuro seguro.  Os diGerentes ainda têm na memória o processo de descolonização que conduziu à independência e os dramas e dificuldades que os Retornados atravessaram. Esses diGeentes não querem passar por uma situação semelhante, “se as coisas derem para o torto”.

A ambiguidade que o Fantasma Angolano, o Rio Beiro, tenta defender é, no mínimo, caricata.  Angola contrai empréstimos para investimentos internos. Os diGerentes desviam uma boa parte desses empréstimos e das receitas dos recursos nacionais para investimentos no estrangeiro, de uma maneira descarada, sem vergonha. 

A dúvida que se coloca é a seguinte: se há tanto onde investir em Angola, porque é que esses angolanos, perdão, mercenários da Républicana-Monarquia, fazem os seus investimentos em outros países? Será que a Economia angolana não dá assim tantas garantias de sucesso empresarial? Nós também já ouvimos falar da “aldeia global” e também estudámos um pouco sobre Economia Internacional...

Não faz qualquer sentido investir no estrangeiro, de acordo com a lógica da filosofia do Bolha, em países que ele afirma estarem em decadência devido à bolha dos mercados financeiros geridos a partir de Nova Iorque. 

Se Angola está a construir as maiores e melhores cidades mundiais do Caramba, perdão, do Kilamba, e as estradas mais seguras do mundo no Kuando-Kubango e a Economia está a ter ganhos de escala que conduzirão a acréscimos infinitos nos lucros dos empresários, porque é que o Rei-Presidente e os Generais, directamente ou através dos herdeiros, estão a investir nos países em “eutrofização”?

Não tenho a certeza absoluta da razão que os leva a proceder dessa maneira mas isso aparenta ser “gato escondido com o rabo de fora”, a lavagem do kumbu fora das fronteiras, a qualquer preço, a kapiango de pipas e pipas de massa dos cofres do Estado.

Uma nota final em relação às anedotas brejeiras, com enormes paranóias, vulgarmente designadas por crónicas do Rio Beiro, também conhecidas por PaLarvas do Director, prende-se com a comunicação social portuguesa. A comunicação social escrita de Portugal está em decadência, de acordo com o Bolha.

Essa “decadência” está a acontecer em todos os países mais modernos e desenvolvidos do globo.  O jornal de Angola não, não está em decadência, está em grande crescimento, de acordo com o arauto do José Eduardo dos Santos. Esse “crescimento” é uma prova de parolismo, de atrasadismo, de estagnação ou de retrocesso.

Nos países mais modernos e desenvolvidos as publicações online estão a “canibalizar” as publicações em papel. Um dos exemplos mais marcantes é o do New York Times. Se o pasquim oficial diário do governo angolano está numa fase de aumento no número de exemplares publicados isso significa que a sociedade angolana não está a acompanhar a evolução actual dos órgãos de informação escrita em todo o mundo, significa que esse jornal está como a competência e transparência do governo angolano, na cauda das estatísticas mundiais, coerente e honestamente elaboradas, sem a manipulação do Reigime do Zedu. Ainda não chegou ao jornal de Angola a informação de que o último Prémio Pulitzer em jornalismo foi atribuído a um órgão de informação online?

Será que o Rio Beiro vai brevemente escrever uma crónica a informar que o microscópico número de utilizadores da Internet em Angola (quando há electricidade) é o número mais elevado de pessoas a usarem esses serviços em todo mundo e que o José Eduardo dos Santos foi o inventor da electricidade, da Internet e dos jornais online? Talvez, porque o Rio Beiro é capaz de tudo e não se coíbe em publicar anedotas disparatadas, de uma maneira continuada, hiperbólica e bajuladora.

O Rio Beiro, repetidíssimas  vezes, manchando a ética do jornalismo, tem ideias muito macabras para tentar defender os “chupacabras” do cabritismo.