Lisboa  –  José Eduardo dos Santos denota nos seus contactos institucionais  um posicionamento  de indefinição  quanto  a  escolha para uma eventual sucessão presidencial  em Angola esvaziando assim  a percepção de que a exclusividade das suas opções centrariam se apenas  na figura de Manuel Domingos Vicente.

Fonte: Club-k.net

Diz que estão a preparar algumas pessoas

O  sinal mais claro do seu posicionamento de indecisão foi notado no decorrer de uma  audiência que concedeu ao embaixador  cessante da Federação Russa em Angola, Serguey Nenáchev, no passado dia 28 de Novembro  que se deslocou a palácio presidencial  para apresentar cumprimentos de fim de missão.  Durante a conversa,  de cerca de 30 minutos,   o diplomata russo  procurou  esclarecimento  sobre  o processo de sucessão presidencial  e JES   por sua vez  replicou  que “estamos a experimentar algumas pessoas”.


A percepção  com que JES deixou transparecer é que para além de Manuel Vicente  que é visto como o favorito na linha de sucessão presidencial, o líder do   MPLA, estará a contar com “uma outra pessoa”, a qual  se aponta  José Filomeno dos Santos “Zenu”,  o seu filho varão.


Nos  últimos meses, JES transferiu poderes  da  Sonangol para o Fundo Soberano que tem Zenu na sua administração.  O seu filho passou a ter maior poder econômico institucional  comparado  ao próprio Manuel Vicente e aos respectivos membros do executivo. Estes por sua vez,  se desejarem  avançar com  algum projecto de alto valor,  é Zenu através do Fundo Soberano quem  decide aprovar as verbas  após consentimento do pai.  Zenu é na pratica, um “Primeiro Ministro  não oficial” do governo de Eduardo dos Santos.


Em círculos do próprio partido que antes ignoravam a inclinação de JES pelo filho,  começou-se a ver como fiáveis  os sinais de dedicação política que o Presidente estará a presta-lo.  O Vice- Presidente Manuel Vicente, passou a ser  visto como uma distração de JES  para dar tempo para que o   filho amadureça politicamente e ao mesmo tempo para simular   que  tenciona deixar o poder (diferente aos outros lideres africanos apegos ao poder).


Há sinais de que  Vicente esta consciente deste papel.  Antes de deixar a liderança da  Sonangol, ele tencionava   dedicar-se a gestão do volume de negócios que ostenta. O seu recuou foi  no seguimento de uma intervenção  JES comunicando que   precisaria dele  para outros desafios políticos.


JES na sua forma de ser reservado, também não é claro para com Manuel Vicente, quanto a meta final,  razão pela qual quando o Vice - Presidente é abordado sobre o assunto  remete-se a  transmitir   que  é decorrente as vontades do PR.


Manuel Vicente está em melhor posição em relação a Zenu. Já esta como Vice- Presidente, o que corresponde ao papel de  sucessor constitucional e ao   mesmo tempo faz  parte do Bureau Político do MPLA, condição preliminar para se tornar cabeça de lista pelo partido no poder. 


Para um cenário de se colocar  Zenu como sucessor presidencial, JES segundo estimativas precisaria de dois mandatos presidências para prepará-lo.   A segunda hipótese seria,  ele,  colocar Manuel Vicente como  cabeça de lista  as eleições de  2017  com Zenu como seu vice,  e ele, JES  ficaria apenas na liderança do partido.  A nova constituição angolana    facilita  que o Presidente da República tenha a cima de si, o Presidente do seu partido. É o líder da força vencedora as eleições  que escolhe o cabeça de lista e faz a lista dos seus deputados a Assembléia Nacional e procede com as escolhas dos membros do executivo. 


Numa futura eleições, Zenu dos Santos avançaria como candidato presidencial mas com a desvantagem de ter o pai  psicológica e fisicamente esgotado para o seu “back up”, o que poderia também equiparar-se a um eventual  “suicídio político”  do filho.