Benguela -  A presente publicação, suponho que seja pertinente no actual momento em que já se fez uma rotação de 335 graus sobre o calendário escolar, e sobre tudo numa altura em que se procura por um debate nacional alargado e horizontal sobre educação, nele estão cristalizadas os meus pontos de vista como cidadão versus político, "política em sentido mas real do termo", como professor e como pesquisador  em ciências da educação, e resume um trabalho por mim desenvolvido ao longo do presente ano académico, quem tem a designação de: "Relatório das acções pedagógicas na escola S. Paulo-Chongoroi", e seguidamente traz uma perspectiva de inovação curricular, o trabalho inicial visou identificar o tipo curricular que se desenvolve na referida escola, e obviamente os resultados encontrados objectivamente permitem, sem querer homogeinizar a sociedade angolana, por raciocinio de analogia alargar o debate e quiça universalizar os argumentos.


Fonte: Club-k.net

Pela complexidade do problema não há dúvidas de que estamos perante um efeito cuja cadeia causal é um desáfio interessante e inquitante para um envolvido no assunto, porém, por motivações metodológicas o presente artigo perpassa efemeramente sobre as constatações e aferições feitas sobre a variável motivação, e participação dos alunos no processo de ensino-aprendizagem-o caso do S. Paulo mundjombwe, facto que se resume tecnicamente na fraca motivação para os estudos, bem como planteia nesta decorrencia a devida visão inovadora, um olhar particular do processo de ensino aprendigagem que tem como pano de fundo os valores e os processos culturais efectivos no contexto local (Mundjombwe) e universal (Angola).

 

A minha abordagem gira em torno do sistema de crenças dos alunos como fruto de uma relação genética e social destes com a comunidade de procedencia, ora, sem quaisquer preocupação em maximizar ou minimizar o grau axiológico dos conteudos culturais da referida comunidade, aliás, sou daqueles intelectuais que acredita que, no substancial, desde tenra história, os valores morais são relacionais e relativamenteos mesmos. O decálogo é testemunha disso.


A ética tem uma inscrição socio-histórica, do mesmo modo que a arte, a religião ou a ciencia. (Morin, Prigogine et ol, 1996). Assim, considero ser pertinente discorrer sobre as continuidades e rupturas, tanto ao nível das práticas como das representações, o que pressupõem um enquadramento ou revisão curricular e não como uma exigencia transcendental da razão prática.


Hoje, quem falou da educação e não expressou as palavras modernidade, pós-modernidade e nem se quer citou as organizações internacionais como FMI, BM, OCDE, UNESCO, pouco ou nada disse sobre educação, até parece que a globalização moderna criou um conceito novo e absoluto de educação, no meu sistema parto do polo negactivo desses tais conceitos e demostro que a modernidade em si não é uma estrutura fantástica.


Sou apologista da emergencia de organizações internaconais, simplismente na perspetiva de uma educação comparada, pois algumas delas se debruçam sobre a educação, na condição de consultores e finaciadores, ao mesmo tempo desafio, e acho que é urgente que se tenha claro o perigo que representam essas propostas financeiras e científicas pré-elaboradas por essas instituições. Não sabemos realmente os objectivos latentes destes pela Africa, também não concordo com receitas, medidas financeiras elaboradas de fora para dentro, devia ser o contrário, alias, educação como processo, e é sempre um processo nunca um acto, não se faz com dinheiro e orçamentos espectaculares, que os cubanos digam, na mesma medida em que as propostas científicas devem partir de um nível particular para encontrar o universal. Ora, não se trata de minímizar os trabalhos estabelecidos globalmente senão mesmo ser um exemplo de pensamento crítico.


No meu sistema o conceito cultura é estruturante, desde já coloco-me  dialogicamente no terreno de Edgar Morin para dizer que cultura em seu sentido antropológico fornece conhecimentos, valores, símbolos práticos que orientam e guiam a vida humana, quero simultaneamente lembrar de forma fugaz, algo muito importante que estruturou e constitui ponto de interrogação da minha parte numa das conferências regidas pelo Ph.D Aguero na U.K.B-ISCED-Benguela, a questão era: Português ou Umbundo para promover a identidade cultural?


Mesmo estando em início de carreira, a minha experiencia profissional, académica e a lógica natural da coisa permite-me entender definitivamente que a fortaleza da educação em valores deve ser assumida na língua segundo as respectivas línguas regionais dominantes, sob pena de continuar a violentar simbolicamente a cultura deste povo, e de promover um ensino enciclopédico, de dependencia, de fraca participação e desmotivada.


Os professores lamentam-se, frequentemente da incapacidade para cobrir todos os conteúdos incluidos no programa, outros reclamando pela monodocencia, pressupondo assim um quadro acentuado de sentimentos de frustração. Portanto, está claro que uma outra estratégia com relação a formação continua do pessoal docente é necessária. Infelizmente o panorama dá-nos uma informação triste: " A educação em Angola, quase que perfeito no seu plano teórico, é acritico, apolítico e portanto sem garantias para homem "e o homem todo". A necessidade de desenvolvermos uma educação, uma alfabetização em sentido freriano é pra já, pois só as capacidades de pensamento crítico sobrevivem ao teste do tempo, enquanto os factos mudam face a cada nova descoberta. Por isso, mas do que situações para memorizarem factos estranhos, os alunos, seguramente necessitam de oportunidades para manifestarem, usarem e desenvolverem o seu potencial de pensamento crítico no contexto da cultura de procedencia.     
 
Para concluir, quero resumir e estruturar a inovação à que proponho face a situação problemática, confirmando o método clássico de alfabetização de Paulo Freire, na perspectiva das seguintes regras básicas do pensamento pós-moderno: contextualização e temporalização. Portanto, considero que os conteúdos culturais, verbalizadas na línguas regionais dominates encerram uma tradição, um arquétipo ou inconsciente colectivo grande, ideias, formas de pensar, sentir, princípios, valores inquestionável.Para citar alguns exemplos: O respeito pelos mais velho, o bom senso, o sentido de partilha na comunidade, o sentido ecológico e de carinho e bom tratamento aos gados e outros animais, é algo que é assimilado prematuramente atravéz de adágios nas línguas regionais, das cerimónias de iniciação, pelo que, seguramente a tradução e efectivação desses elementos pela escola apelam à um pensamento crítico, e a uma conscientização do global.


 A estratégia didática à que proponho começa pela promoção institucional deste zeitguest (ambiente intelectual, cultural e político), passando pelo assumir de uma postura pragmática, da parte do professor, tal como tenho dito nas minhas comunicações (formal e ou informal) sobre o assunto, a este recai a maior responsabilidade de equacionar e restruturar as suas práticas face aos conteúdos culturas que os alunos trazem das suas famílias.


 João Catchindele Ngumbe______ Unikatyavala-Bwila-Benguela