Excelências,
Senhoras e Senhores,
Irmãs e Irmãos,

Passaram-se 52 anos desde que um imenso grupo de indígenas foi barbaramente massacrado a tiro e a bomba napalm, em Malanji, mais precisamente na Baixa de Kassanji.

Quem largou as bombas na Baixa de Cassanji é conhecido, já morreu e ao que parece, era tido como um nacionalista. Quem atirou contra a população, com carabinas, tem o rosto do exército colonial português.

Feitas as contas, compreende-se, embora dificilmente, a relutância das actuais autoridades angolanas em conferir a grandeza e a nobreza que o 4 de janeiro de 1961 requer, durante o qual pereceram milhares de angolanos.

Dá a impressão que os actos de resistência heróica, embora grandiosos, que se tenham produzido no mato (entenda-se por interior do país) são minimizados, senão ignorados, em contraste com os sururus da capital que são ampliados, temperados e por que não, enfeitados, nos quais os mais linguarudos, embora na altura estivessem na rectaguarda, se autopromovem a super heróis, em detrimento dos que realmente estiveram na linha da frente, que nunca têm um nome, uma citação.

Ainda bem que em todas essas balbúrdias, há sempre testemunhas serenas e que acompanham quase tudo...

Se persistirmos em contar a história do nosso país aos nossos netos por essa bitola, não tardará muito que confundamos alhos com bugalhos. Isso, seria um desastre para as gerações vindouras. É por isso que insistimos que a História de Angola seja contada com isenção intelectual, rigor científico e probidade moral  mas nunca por extrapolações.

Para melhor informação, anexamos a Declaração da Comissão Política Permanente, relativa à efeméride.

Como sempre, agradecemos a paciência e a amizade de terem lido a nossa informação e aproveitamos a oportunidade para gritarmos, com toda a força dos nossos pulmões: FELIZ ANO NOVO!

Cordialmente,
Nsemo André KUDIZEMBA, Director do Gabinete do Presidente da FNLA

DECLARAÇÃO

A independência de um Povo passa, necessariamente, pelo processo de libertação, que pode ser pacífico ou violento, disso dependendo o nível dos interlocutores envolvidos ou a sua cultura.

Angola e os Angolanos, não constituindo excepção, experimentaram ambas as opções, tendo prevalecido a da violência, por evidente prepotência do colonizador, que ainda hoje lhe vale, a título de retorsão, o estado em que se encontra, por ter ousado levantar a mão contra aquele que se considerava superior.

Passado mais de meio século da época em que milhares dos nossos irmãos foram trucidados pela ira colonial, gerada pela reivindicação pacífica dos autóctones de mais humanização no tratamento a que estavam sujeitos, a Frente Nacional de Libertação de Angola questiona o Estado Angolano sobre a situação dos sobreviventes e dos descendentes das vítimas da odiosa agressão, posto que, pelo que se sabe, aquela população continua votada ao ostracismo, a exemplo das outras populações que, de armas na mão, conquistaram o supremo estatuto na Nação: a Independência Nacional.

A Frente Nacional de Libertação de Angola, FNLA, dedica uma piedosa recordação ao Comandante Mariano e ao Soba Teka dia Kinda, bem como aos milhares de heróis desconhecidos tombados no Campo da Honra, pela sua bravura e espírito de total entrega à causa da Pátria.

Bem-hajam os heróis de 4 de Janeiro de 1961.

Luanda, aos 3 de Janeiro de 2011.

A DIRECÇÃO